domingo, 17 de março de 2013

Potenciais rivais de Dilma buscam apoio no meio empresarial

Aécio Neves e Eduardo Campos têm, pessoalmente ou por interlocutores, reforçado contatos com executivos

Mesmo sob queixas de 'intervencionismo' na economia, PT deve atrair a maior fatia das doações de campanha

Natuza Nery

BRASÍLIA - Desde que Dilma Rousseff foi lançada à reeleição pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seus adversários mais prováveis em 2014 intensificaram o flerte com aqueles que, além do eleitor, são fundamentais para embalar suas pretensões: os donos do PIB.

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), não tem passado uma semana sem falar com um grande executivo. Não nega pedidos de audiências em cima da hora e propagandeia seu Estado como laboratório de atração de negócios.

O assédio a ele se avolumou após as eleições municipais, quando o bom desempenho de seu PSB o credenciou a encarnar uma "terceira via" em 2014 -contra os tucanos e os seus hoje aliados do PT.

Vez ou outra, ele brinca: "Querem me transformar num capitalista". Em seguida, reacomoda-se no pragmatismo: "O capital está procurando um lugar para investir, e temos de atraí-lo".

Já o senador Aécio Neves (PSDB-MG) tem se concentrado em buscar unidade interna de seu partido. Mas, para não ficar atrás na corrida pelo PIB, usa o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como avalista junto ao setor produtivo, bancário e da construção civil. O ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) atua da mesma forma.

Dono da caneta presidencial, o PT tende a ficar com a maior fatia dos futuros financiamentos, apesar das queixas contra o que chamam de intervencionismo na economia.

Atentos a essas queixas, Aécio e Campos se esforçam em ouvir, e replicar, a lógica dos interlocutores.

Naturalmente, ninguém revela seus contatos para não os expor a retaliações. Entretanto, a Folha apurou as recentes conexões de ambos.

Campos teve uma conversa com a cúpula do banco Santander, e mantém contato regular com Jorge Gerdau, que preside a Câmara de Gestão da Presidência, e Sérgio Andrade, da Andrade Gutierrez.

Na quinta passada, o empresário Flávio Rocha, dono da rede de lojas Riachuelo, ofereceu-lhe um jantar em São Paulo para apresentá-lo aos líderes varejistas. É na capital paulista que o "socialista" mais tem desembarcado para reuniões dessa natureza.

Aécio, que governou Minas por dois mandatos, tem boa relação com Gerdau, Andrade e Luiz Nascimento, da Camargo Corrêa, e é próximo de Robson Andrade, da Confederação Nacional da Indústria.

Via caciques tucanos, tem pontes com Roberto Setubal, do Itaú, e com a cúpula do Bradesco. Setubal foi um dos banqueiros que procuraram Campos após as eleições de 2012.

"Minha velocidade não é a de quem está numa corrida de cem metros. A largada é importante, mas estou focado na chegada. Minha largada tem de ser consistente", disse Aécio a um interlocutor que observou o ritmo de Campos.

A exemplo de Gerdau e outros, Marcelo Odebrecht, da empreiteira que leva seu sobrenome, tem laços com todos os lados. Próximo a Aécio, o empresário tem se aproximado também de Campos, e celebrado diversos contratos para obras no Estado.

Fonte: Folha de S. Paulo

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