sexta-feira, 19 de abril de 2013

A quem interessa - Eliane Cantanhêde

O projeto que restringe o financiamento e a participação de novos partidos na TV é um claro lance da campanha eleitoral, uma guerra do governo contra as oposições.

Ponto para o governo, que conseguiu aprová-lo na Câmara, mas é também um indicador de que a candidatura Dilma não está tranquila quanto à vitória e teme a multiplicação de adversários no primeiro turno.

Com as devidas ressalvas de que a pulverização partidária é danosa e de que a vitória do projeto foi expressiva --240 a 30--, a mudança peca num ponto vital: o da oportunidade, que resvala para o oportunismo e desaba num casuísmo.

Quem ganha com o projeto são PT e PMDB --logo Dilma--, e o PSD de Kassab, que existe graças à lei atual e trabalha pela nova, na maior cara de pau, tentando dificultar uma debandada de quadros para novas siglas.

E quem perde? A oposição. Principalmente Marina Silva, que sua a camisa para criar o seu partido, a Rede Sustentabilidade, e Eduardo Campos, que tem o PSB, mas sonha com o reforço do futuro MD (Mobilização Democrática), fusão do PPS de Roberto Freire com o PMN.

O texto, pois, é claramente visto como um ataque dilmista preventivo contra as candidaturas de Marina, que teve em torno de 20 milhões de votos em 2010, e de Eduardo Campos, que se arvora "o novo" de 2014, tentando comer o mingau governista e oposicionista pelas bordas.

Quem perde também é o candidato do principal partido de oposição, Aécio Neves, do PSDB. Por quê? Porque, quanto maior o número de partidos e candidatos inscritos, maior a chance de dar segundo turno. Tudo o que Dilma quer é vencer no primeiro. Tudo o que Aécio articula neste momento é chegar ao segundo.

O ministro Gilberto Carvalho criticou "a pressa para criar partido", mas o governo também não precisa se empenhar tanto para Marina não ter uma sigla e para Campos não ampliar seus apoios.

Ou será que precisa?

Fonte: Folha de S. Paulo

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