sexta-feira, 19 de abril de 2013

Capitalismo amigo - Empresa de Eike terá R$ 1 bi do BNDES

A MMX anunciou ontem, pela segunda vez no mês, a aprovação de um empréstimo do BNDES ao Porto Sudeste. O grupo espera sacar neste trimestre a primeira parcela de R$ 935 milhões. As ações da mineradora de Eike Batista fecharam em alta de 1,7% após o anúncio. A previsão era de que o porto começasse a operar no fim de 2012. 0 novo cronograma prevê dezembro.

MMX terá quase R$ 1 bi do BNDES

Crédito à mineradora de Eike Batista será usado no Porto Sudeste que, assim como outros projetos do empresário, tem obras em atraso

Mônica Ciarelli

RIO - Mergulhado em uma grave crise de credibilidade, o grupo EBX contabiliza atrasos no cronograma de vários projetos, como os Portos Sudeste e do Açu, ambos no Rio de Janeiro. A constante revisão de prazos é mais uma reclamação de investidores preocupados com os atuais rumos das empresas. Ontem, a MMX anunciou, pela segunda vez no mês, a aprovação de empréstimo ao Porto Sudeste pelo BNDES.

O grupo espera sacar ainda neste trimestre a primeira parcela do empréstimo de R$ 935 milhões. As ações da companhia subiram depois do anúncio. Em nota, a companhia ressaltou que o empréstimo representa uma etapa importante no desenvolvimento do Porto Sudeste. O anúncio beneficiou as ações da mineradora de Eike Batista, que fecharam ontem em alta de 1,7% na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa).

A meta inicial era que o porto começasse a operar no fim de 2012. Agora, o novo cronograma prevê a entrada em operação em dezembro deste ano. Questionada pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, a MMX informou que precisou revisar o início das operações do porto do Sudeste "em função de atrasos no fornecimento de alguns equipamentos importados do projeto".

Um problema semelhante vive o Porto Açu, chamado de "Roterdã dos trópicos" pelo empresário Eike Batista. A obra foi adiada em um ano e também está prevista para o fim deste ano. Responsável pelo Açu, a LLX, empresa de logística do empresário, credita o atraso a uma mudança 110 projeto, que foi ampliado para aumentar a quantidade de movimentação de carga.

"Quem frustra as expectativas consistentemente não está azarado. O problema está na gestão", afirma Ricardo Correa, analista-chefe da Ativa Corretora.

O executivo lembra que, no comando das empresas X, Eike criou uma "inflação de expectativas". Uma estratégia perigosa a ser desenvolvida por um grupo com tantos projetos a serem tirados do papel ao mesmo tempo.

Outro que culpa o modelo de gestão pelos atrasos acumulados em projetos do grupo é o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. Segundo ele, os problemas de gestão se concentram na petroleira OCX, criada para ser a principal estrela do grupo X.

A. entrada da companhia na fase comerciai, com a entrega da primeira carga de óleo produzido em Waimea, na Bacia de Campos, foi adiada várias vezes. Á previsão inicial era para o fim de 2010, mudou para setembro e outubro de 2011, depois dezembro, mas, só ocorreu mesmo em janeiro de 2012.

Na Colômbia, o cronograma também está atrasado. A estimativa inicial era perfurar o primeiro poço em 2013. Agora, a companhia trabalha com nova previsão: primeiro semestre de 2014. Segundo Pires, os atrasos são preocupantes, mas ficam em segundo plano quando se analisa a frustração dos investidores com os rumos do grupo X. "A OCX informou números muito abaixo do esperado. A companhia se endividou demais para produzir pouco petróleo", analisou.

Apesar dos percalços das empresas da holding EBX, Pires se mostrou otimista em relação ao futuro do Porto do Açu. Segundo ele, o projeto é importante para o País, por isso, aposta numa ajuda do governo para torná-lo viável "Tem investimentos que a Petrobrás pode fazer por lá que não são ruins. O pior seria deixar quebrar o projeto."

Fonte: 0 Estado de S. Paulo

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