quarta-feira, 10 de abril de 2013

Cartão de visita - Rosane de Oliveira

Nas 24 horas que passou no Rio Grande do Sul, o governador de Pernambuco respondeu incontáveis vezes à pergunta sobre se é candidato a presidente da República. A todas, afirmou que não quer antecipar o debate eleitoral, mas portou-se como candidato, vendeu a imagem de bom gestor e impressionou os empresários com suas ideias sobre gestão pública e resultados obtidos em Pernambuco em seis anos de governo, começando pela redução da criminalidade.

Tanto na Federasul quanto no Fórum da Liberdade, foi aplaudido por adotar ferramentas comuns na iniciativa privada, como a remuneração variável, vinculada ao cumprimento de metas.

Como se fosse o mantra do aliado que se prepara para fazer carreira solo, destacou em todas as manifestações os avanços obtidos nos governos de Lula e Dilma, como o aumento do emprego e a redução da miséria, ressalvando que o Brasil deve encontrar um caminho para que essas conquistas não sejam engolidas pela crise econômica que paralisa o país. Repetiu que 2011 foi pior do que 2010 e 2012 foi pior do que 2011. Ressaltou que o caminho do consumo adotado pelo governo não é suficiente para manter a economia aquecida e preservar os empregos gerados nos últimos anos. Que é preciso criar o ambiente favorável para atrair investimentos, desburocratizar e tornar a máquina pública mais eficiente.

Os empresários se mostraram particularmente entusiasmados com os relatos de Campos sobre as medidas adotadas na área da educação. O governador gabou-se de ter 1,2 mil alunos carentes fazendo intercâmbio no Exterior, citou o turno integral no Ensino Médio e creches com qualidade igual ou melhor do que as escolas infantis privadas. Contou que ao assumir descobriu que o Estado tinha 54 mil horas contratadas e não utilizadas de professores. Para evitar esse desperdício, remanejou professores para que cumprissem em outra escola as horas que sobravam na lotação original.

Para melhorar o desempenho nas escolas, Campos passou a exigir curso de qualificação em gestão escolar para os professores que quiserem concorrer a uma vaga de diretor. São 11 meses, com aulas aos sábados e domingos. E adotou a gestão por metas, com remuneração variável para as escolas que atingissem os objetivos. A instituição do 14º salário para as escolas que atingem as metas obrigou os diretores a adotarem novos métodos, com resultados positivos nas avaliações dos alunos.

Maratona de Porto Alegre

Classificada como "aventureira" pelo governador Tarso Genro, a provável candidatura de Eduardo Campos (PSB) à Presidência, garantem os dois, não foi discutida no encontro entre eles na manhã de ontem, no Piratini.

– Foi apenas uma visita de cortesia – assegurou o governador pernambucano, que emendou um compromisso em outro na passagem pela Capital.

Marcada previamente, a audiência com Tarso foi seguida de um encontro com o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, a quem o governador elogiou pela assinatura de contratos de gestão com os secretários. Depois, Fortunati e a mulher, Regina Becker, foram ao almoço na Federasul assistir à palestra dele.

À tarde, antes do compromisso derradeiro no Fórum da Liberdade, Campos recebeu da Assembleia a Medalha do Mérito Farroupilha, oferecida pelo deputado Alexandre Postal (PMDB). Adão Villaverde (PT) tentou desfazer o mal-estar criado com a ausência de petistas na festa do deputado Beto Albuquerque na véspera e destacou a importância da aliança com o PSB.

De Porto Alegre, o governador voou para São Paulo, de onde embarcaria ainda ontem para Washington.

Saudade do Pronasci

Em sua passagem por Porto Alegre, o secretário da Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, lamentou o corte no repasse de recursos do Pronasci para os Estados.

– Assim como o Rio Grande do Sul, nos ressentimos muito desses recursos. O Pronasci, criado pelo ex-ministro Tarso Genro, é o programa mais completo e abrangente de segurança pública que existe – explicou.

Beltrame ponderou que a política de segurança do Rio não sofreu maiores prejuízos porque o Estado já dispunha de programas próprios, o que diminuiu a dependência em relação ao Pronasci.

Outra praia

Beltrame desmentiu a informação ventilada pela imprensa de Pernambuco de que o governador Eduardo Campos (PSB) estaria tentando convencê-lo a concorrer ao governo do Rio para viabilizar um palanque para o socialista na próxima eleição.

– Eduardo Campos é um amigo, uma pessoa responsável por um grande avanço na segurança de Pernambuco, com inovação e ótimos resultados. Não é a minha praia (concorrer). Não tenho vocação e, no momento, tenho uma obrigação com a população do Rio – despistou.

Aliás

Ao contrário dos tucanos, que fazem terra arrasada do governo Dilma Rousseff, apesar da popularidade dela, a estratégia de Eduardo Campos é destacar os avanços e apontar o que precisa ser modificado.

Em uma das lâminas da apresentação que Eduardo Campos fez na Federasul, aparece, como se fosse casual, uma foto da senadora Ana Amélia Lemos.

Fogo amigo 1

A participação do prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PT), no Fórum da Liberdade incomodou colegas de partido.

Pelo Twitter, o secretário estadual de Habitação, Marcel Frisson, e o ex-prefeito de São Leopoldo e presidente da Famurs, Ary Vanazzi, criticaram o petista. "Jairo Jorge acha que foi criticado pela "velha esquerda" por estar no Fórum da Liberdade. Quem seria esta "velha"? A que sabe de que lado está?", questionou Frison.

Fogo amigo 2

O vereador de Porto Alegre e ex-secretário da Segurança de Canoas, Alberto Kopittke, saiu em defesa de Jairo Jorge: "Velha esquerda é aquela que foi contra a política de alianças que levou o PT a governar o Brasil".

Em entrevista à Rádio Gaúcha, o prefeito de Canoas minimizou as críticas e lembrou que o ex-presidente Lula também já participou do fórum:

– Ouvir o outro não significa abrir mão dos nossos princípios (...) Tem gente que gosta de falar forte só para dentro – ponderou.

Mirante

- Incomodados com a dificuldade em marcar uma audiência com o chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, para reivindicar aumento salarial, delegados de polícia ameaçam até paralisar as atividades. Pedem os mesmos 15%, em três anos, aprovados para juízes, promotores e defensores públicos.

- Na tentativa de ampliar suas fronteiras para além da Igreja Universal, o PRB convidou a vereadora Séfora Mota para concorrer a deputada estadual em 2014.

- Em clima de paz, Yeda Crusius almoçou ontem com a bancada do PSDB na Assembleia.

Fonte: Zero Hora (RS)

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