quarta-feira, 29 de maio de 2013

Consumo fica estagnado, e economia do país avança só 0,6% no trimestre, diz IBGE

Agropecuária foi maior destaque, com avanço de 9,7%. Indústria recuou 0,3%

Projeção do governo era de crescimento de 1% no trimestre

Renata Cabral

RIO - A economia brasileira cresceu 0,6% entre janeiro e março deste ano, em relação ao último trimestre de 2012, informou o IBGE nesta quarta-feira. Frente ao mesmo trimestre do ano passado, o avanço foi de 1,9%. Assim, no acumulado nos 12 últimos meses, a alta é de apenas 1,2%. Para se ter uma ideia, somente nesse primeiro trimestre, o governo esperava um crescimento da economia em torno de 1%, índice também apontado em cálculo do Banco Central. Já a projeção dos analistas ficava entre 0,6% e 1,1%.

O maior destaque foi a agropecuária, que avançou 9,7%, a maior alta desde o segundo trimestre de 1998, quando cresceu 13,9%. A indústria, por sua vez, recuou 0,3%. Serviços expandiram-se 0,5%. A queda da indústria foi puxada pela extrativa mineral (-2,1%). Já a indústria de transformação avançou 0,3%. O destaque entre os serviços ficou com o crescimento das atividades de administração, saúde e educação pública (0,8%), atividades imobiliárias e aluguel (0,7%), comércio (0,6%) e serviços de informação (0,3%).

A despesa de consumo das famílias e a despesa de consumo da administração pública ficaram estagnadas frente ao trimestre anterior. Em relação ao primeiro trimestre de 2012, o consumo das famílias cresceu pela 38ª vez consecutiva, apontaram os dados do IBGE, com alta de 2,1%, no entanto a taxa está em níveis inferiores às do ano passado, destacou Rebeca.

— A inflação alta tem a ver com esse cenário. Os preços aumentando são um desestímulo — destacou Rebeca de La Rocque, gerente de Contas Nacionais do IBGE.

Contribuiu para o resultado o avanço de 3,2% da massa salarial, indicou o órgão.

— Com a volta do IPI, as famílias continuam consumindo, mas num ritmo mais baixo — disse Rebeca.

A formação bruta de capital fixo (compra de máquinas e equipamentos e material de construção) avançou 3% frente ao primeiro trimestre de 2012 e 4,6% frente ao último trimestre de 2012. Já a demanda externa mostrou resultados negativos: as importações cresceram 7,4% e as exportações recuaram 5,7%.

Frente ao primeiro trimestre de 2012, também a agropecuária foi o principal destaque positivo: avançou 17% nessa base de comparação, maior taxa da série histórica do IBGE, iniciada em 1996, graças ao bom desempenho da safra de produtos, como soja (23,3%), milho (9,1%), fumo (5,7%) e arroz (5,1%), relevantes no primeiro trimestre.

— Em todas as comparações, o destaque no trimestre foi a agropecuária, mas vale lembrar que 2012 foi um ano ruim para a lavoura — comentou Rebeca.

Já a indústria recuou 1,4% frente ao primeiro trimestre de 2012 — a extrativa teve queda de 6,6%, afetada pela diminuição na extração de petróleo. Os serviços, por sua vez, expandiram-se 1,9%.

Em 2012, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) brasileiro foi de apenas 0,9%, o pior desempenho desde 2009.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de prévia do PIB, havia mostrado avanço bem maior: 1% da economia, no primeiro trimestre frente aos últimos três meses de 2012. Nesse primeiro trimestre, o governo esperava um crescimento da economia em torno de 1%, próximo à média das projeções dos analistas ouvidos pela Bloomberg, de 0,9%. Para o ano, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse na terça-feira à Comissão Mista de Orçamento que há uma expectativa de avanço de 3,5% do PIB e de 6% para investimentos, que serão “o grande motor do crescimento”, segundo a ministra.

Pesquisa feita semanalmente pelo BC com analistas do mercado, apontou piora das expectativas quanto à inflação e ao crescimento do país. Segundo o boletim Focus, a projeção dos economistas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu de 5,8% para 5,81%, e para a expansão da economia, caiu de 2,98% para 2,93% no ano.

Fonte: O Globo

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