segunda-feira, 17 de junho de 2013

Declarações do ministro foram oportunistas, diz líder do PSDB

Catia Seabra

BRASÍLIA - O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), acusa o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo de "ultrajante e constrangedor oportunismo" ao, na sua opinião, explorar "com sofreguidão eleitoral" a crise provocada pelo aumento das passagens em São Paulo.

Na quinta, Cardozo disse o governo estava "à disposição" para cooperar "no que for necessário" na contenção dos protestos. Na sexta, condenou a "extrema violência policial" em São Paulo.

Oferta de ajuda

Cardozo mostra que não sabe discernir entre a função institucional e sua sofreguidão eleitoral de candidato a governador. Seu primeiro movimento foi de colocar-se à disposição do governo diante das câmeras. Ninguém oferece ajuda pela imprensa. Se quisesse ajudar a sério, teria telefonado para o governador. (...) Por que não se colocou também à disposição do Rio Grande do Sul, do Distrito Federal e de Estados do Nordeste? A solicitude dele é seletiva (...) porque ele é candidato ao governo e o Estado tem um governador do PSDB.

Cadáver do índio

Ele (Cardozo) está politizando e partidarizando esse assunto, coisa que não fizemos nos episódios em que houve violência, legítima ou não, da Polícia Federal. Não fomos colocar no colo dele o cadáver do índio que morreu na reintegração de posse da fazenda Buriti (o terena Oziel Gabriel, morto em 30 de maio em Sidrolândia, Mato Grosso do Sul).

Decoro e recato

Cardozo se vale do cargo em benefício eleitoral. Faz isso com oportunismo evidente e constrangedor. Ministro da Justiça deve se comportar com mais circunspecção, mais recato, mais decoro. É um oportunismo ultrajante. Quando ele quer usar o chapéu de ministro, colabora de forma eficaz, como na criação da agência de atuação integrada. O mal é quando se deixa arrastar pela sofreguidão eleitoral.

Fernando Haddad

Alckmin não chamou manifestação de rua, o PSDB não saiu quebrando ônibus e atacando policiais. Não fizemos nada para desgastar Haddad. Quem se desgastou foi ele mesmo, que ficou durante muito tempo em silêncio e depois deu declarações contraditórias. Vai para lá e para cá. Quando o PT dirige o foco das manifestações contra a atuação da polícia, tenta fazer com que as pessoas esqueçam que quem deu o aumento do ônibus foi o Haddad.

Se o ministro da Justiça não procurou o governador para oferecer ajuda, seguramente se concertou com o comando do PT e combinaram uma ação para tentar transformar esse num movimento contra a ação da polícia.

Geraldo Alckmin

O que governador (Alckmin) disse é o que todos nós sabemos: que o Brasil, na gestão PT, se transformou no maior consumidor de crack e no segundo maior mercado de cocaína do mundo, e que isso é responsabilidade do governo federal. É óbvio.

Excessos da polícia

Houve excessos na ação da polícia. O próprio secretário de segurança instaurou uma sindicância. A polícia de São Paulo é a mais bem preparada do Brasil. No entanto, comete excessos e para isso tem uma corregedoria. Mas Cardozo decreta que houve excessos da polícia sem se dirigir a quem está investigando, que é o secretário de Segurança.

Bala de borracha

O governo precisa fazer uma revisão de seu protocolo de ação, se possível banir as balas de borracha nessas circunstâncias. Mas a polícia não pode ficar de braço cruzado quando determinado grupo, qualquer que seja sua motivação, prejudica o direito dos demais.

PT

O PT participou disso no passado. Talvez agora tenham tirado o pé. Mas entrada do ministro no assunto é uma tentativa de surfar na onda dos protestos e proteger o Haddad.

Aécio Neves

[A participação do senador Aécio Neves (MG) no programa estadual do PSDB, na qual acusa o governo federal de omissão no combate à violência] não é oportunismo eleitoral. Estamos dizendo isso há muito tempo. Essa omissão se traduz em números, em corte de recursos e na falta de verbas, de pessoal, delegacias.

Fonte: Folha de S. Paulo

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