sexta-feira, 21 de junho de 2013

Dilma cancela viagem ao Japão e marca reunião emergencial

Segundo assessores, governo está 'atônito'; ela deve decidir hoje pela manhã se faz ou não pronunciamento

Ontem, a presidente manteve contato com governadores e prefeitos de cidades onde houve protestos

Valdo Cruz, Andréia Sadi

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff decidiu cancelar sua viagem ao Japão e a Salvador e convocou reunião de emergência hoje pela manhã com sua equipe para avaliar a situação do país diante da onda de manifestações.

Na reunião, a presidente vai fazer um balanço dos protestos e analisar se faz ou não um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV.

Dilma determinou que seus principais ministros estejam hoje em Brasília. Guido Mantega (Fazenda), que viajou ontem à noite a São Paulo, também foi chamado e vai retornar pela manhã para seu gabinete na capital do país.

Assessores presidenciais disseram ontem reservadamente que o governo estava "atônito" e "perplexo" com as manifestações em todo o país, mas monitorava a evolução dos protestos para tomar medidas de emergência em caso de necessidade.

Segundo auxiliares, o governo estava também "preocupado" com o impacto das manifestações sobre os investidores internacionais e na imagem do país no exterior.

Esse temor decorre em particular do fato de o país estar sediando a Copa das Confederações, atraindo atenção da mídia internacional.

Além disso, o governo enfrenta no mesmo momento turbulências na área econômica, com a cotação do dólar em alta e o Banco Central sendo obrigado a fazer intervenções no mercado cambial.

Dilma ficou reunida no Planalto até as 20h30, depois que os manifestantes já não ameaçavam mais chegar ao local --eles concentravam seus ataques ao Itamaraty, seguindo depois para o Palácio da Alvorada.

Ela manteve contato por telefone com governadores, como Sérgio Cabral (PMDB-RJ), e prefeitos de capitais atingidas pelos protestos.

A reunião de hoje está marcada para as 9h30 no Palácio do Planalto. Assessores comentavam ontem que ainda não havia decisão sobre um eventual pronunciamento porque o governo temia trazer para dentro do Planalto a responsabilidade pelos tumultos no país.

O cancelamento da viagem ao Japão --que estava marcada para a próxima semana-- decorreu da avaliação de que Dilma não podia se ausentar do país neste momento.

A visita a Salvador, onde a presidente lançaria o Plano Safra do Semiárido, foi suspensa para que ela pudesse se reunir com sua equipe.

A orientação da equipe de segurança do Planalto também é evitar excesso de exposição pública neste momento em que a tensão está elevada no país, o que poderia fazer da presidente alvo de hostilidade por parte dos manifestantes.

Congresso

Em passagem pelo Congresso, Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara dos Deputados (PMDB-RN), disse, ontem, que "aqui ou acolá minorias que não representam a vontade do povo brasileiro praticam algumas lesões".

Ele estava na Rússia e antecipou em um dia a sua volta.

Na Câmara, ele se reuniu com diretores da Casa e com a equipe de segurança.

Do lado de fora, cerca de 3.500 policiais militares acompanham a movimentação dos manifestantes. O protesto chegou a reunir 30.000 pessoas, de acordo com a PM.

Fonte: Folha de S. Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário