quinta-feira, 20 de junho de 2013

Mais de um milhão deve ir às ruas hoje em 80 cidades

Protestos acontecem em 17 capitais; convocação é feita nas redes sociais

Juliana Castro, Fábio Vasconcelos e Thiago Herdy

RIO, PORTO ALEGRE e SÃO PAULO - Mesmo depois que São Paulo e Rio suspenderam os reajustes nas tarifas do transporte coletivo, mais de um milhão de pessoas se comprometeram, por meio das redes sociais, a comparecer aos protestos convocados para hoje em pelo menos 80 cidades do país, 17 delas capitais. Além das cidades grandes, as manifestações devem paralisar, ainda, municípios de médio porte. Em um esforço para frear atos de vandalismo - inclusive os saques - os próprios organizadores reforçam, na rede, o caráter pacífico das passeatas.

A reivindicação pelo cancelamento do reajuste das passagens de ônibus já está adaptada à realidade peculiar a cada cidade. As demandas variam entre exigência por mais segurança até construção de barragens. Enquetes checavam os principais pedidos. As pesquisas eram feitas também para sugerir roupas e palavras de ordem. Além do Rio, em Salvador os protestos vão ocorrer em meio aos jogos da Copa das Confederações.

Manifestações simultâneas

No Rio, 231 mil pessoas haviam confirmado presença pelo Facebook, até a noite de ontem. Em São Paulo, os confirmados chegavam a 153 mil. São os dois maiores atos, com base na movimentação virtual. Em seguida, aparecem Recife (97 mil) e Campinas (66 mil). Ao todo, 12 milhões de convites haviam sido distribuídos pelo Facebook - muitos recebem mais de um convite ou não são da cidade onde haverá o ato.

A maior parte das manifestações acontecerá simultaneamente e no horário de saída das pessoas do trabalho. No Rio, o protesto "Um milhão na rua", com início às 17h, vai caminhar da Candelária até a prefeitura. Na capital paulista, a concentração será também às 17h, na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista.

"Mesmo com a diminuição da passagem, o ato está confirmado. É muito mais que 20 centavos que queremos. Eduardo Paes afirmou que a redução será paga com recursos públicos (saúde, educação...). Queremos que seja paga do lucro dos empresários", diz texto na página do Facebook que convoca para o protesto no Rio.

No Rio, é grande a preocupação para separar da manifestação pessoas que tenham como objetivo usar a concentração para promover quebra-quebra ou saques. Para tentar manter os manifestantes dentro do trajeto - na segunda-feira, um grupo se deslocou para atacar a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) -, eles vão levar para as ruas carros de som para manter a multidão concentrada e faixas com mensagens sobre as reivindicações que serão usadas para delimitar a área do percurso.

- Embora o nosso protesto seja pacífico, estamos preocupados com a segurança das pessoas. Vamos fazer o possível para manter o grupo coeso dentro do trajeto que foi votado em reunião e firmes nos nossos objetivos - disse Gabriel Siqueira, de 23 anos, professor de história que faz parte do Movimento do Passe Livre.

Rio: PM reforça segurança

A PM do Rio decidiu reforçar a segurança no percurso da manifestação marcada para hoje no Centro e imediações do Maracanã. O esquema montado pela PM, no entanto, não foi divulgado. Por uma coincidência, vários órgãos públicos e escolas deverão estar fechados na hora dos protestos. É que na semana passada, a prefeitura e o governo do estado decretaram ponto facultativo a partir das 14h. A medida foi anunciada entre quarta e sexta-feira passada e tem como objetivo reduzir o impacto no trânsito na região por conta do jogo pela Copa das Confederações, no Maracanã.

A decisão chegou a causar confusão entre alguns servidores, que ontem chegaram a informar que o fechamento dos órgãos teria relação com as manifestações. A Alerj terá ponto facultativo.

Brigada distribuirá panfletos

Em São Paulo, a manifestação ocorrerá na Avenida Paulista, para comemorar a revogação do aumento das tarifas.

- Além de uma festa, será um ato de solidariedade para com as cidades que ainda não conseguiram a redução de tarifa. O anúncio é importante porque ela deixa claro que o preço da tarifa é uma escolha política. Se eles (governador e prefeito) podem aumentar para R$ 3,20 e baixar para R$ 3, podem também baixar para R$ 2 ou para zero - disse Caio Martins, de 19 anos, estudante de História da USP.

A orientação do comando da PM à polícia é a mesma das última duas manifestações: permitir a passagem pela cidade e reprimir apenas atos de vandalismo.

Em Porto Alegre, a Brigada Militar decidiu distribuir na passeata de hoje, no centro de Porto Alegre, 10 mil panfletos direcionados aos manifestantes com justificativas para a presença da corporação no protesto e pedindo ajuda para identificar e coibir eventuais atos de vandalismo. A estratégia foi definida para tentar recuperar a confiança dos ativistas, abalada depois dos episódios de violência da última segunda-feira.

Fonte: O Globo

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