sábado, 15 de junho de 2013

'Não dá para brincar com a estabilidade', diz Campos

Gestão econômica de Dilma é, mais uma vez, alvo de críticas do governador

Em visita a Minas, pré-candidato do PSB elogia tucanos e prega fim do 'maniqueísmo' na política brasileira

Daniela Lima

ARAXÁ (MG) - Anunciado em evento com empresários de Minas Gerais como "um dos principais candidatos à Presidência da República" em 2014, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), trocou elogios públicos com tucanos ontem, enalteceu o legado de Fernando Henrique Cardoso e criticou o "maniqueísmo" na política atual.

No discurso, Campos citou as últimas gestões em Minas Gerais como exemplo de inovação. O senador Aécio Neves, nome do PSDB para a disputa presidencial, comandou o Palácio da Liberdade por oito anos, de 2003 a 2010.

Apesar de liderar um partido aliado ao governo Dilma Rousseff, Campos ensaia se lançar como adversário da petista em 2014.

E dias depois de a presidente usar uma citação literária para atacar os pessimistas --comparados por ela ao velho do Restelo, personagem de Camões que em "Os Lusíadas" lançava mau agouro à expansão marítima portuguesa--, Campos também recorreu aos clássicos.

Ou a uma paródia deles. "Neste ano de 2013 não devíamos estar discutindo tanto eleição. Devíamos estar discutindo mais o Brasil. Quem leu Quincas Borba [de Machado de Assis] deve se lembrar da última frase: aos vencedores pode restar a batata quente [a frase exata, que não é a última do livro, é "aos vencedores, as batatas"]."

Maniqueísmo

Ao voltar a criticar a condução da política econômica, Campos disse que "não dá para brincar com a estabilidade". "A estabilidade é valor que todos temos que defender. Sabemos quem estava governando quando se enfrentou todo o processo para estabilizar a economia", disse, numa referência à gestão do tucano FHC (1995-2002).

"Temos que alargar nossos horizontes e não se faz isso de maneira maniqueísta", na linha "esse fez tudo e aquele não fez nada", afirmou.

Aliados de Aécio Neves acompanharam o pronunciamento. O governador mineiro, Antonio Anastasia (PSDB), também falou. Disse que o pernambucano merecia um "apoio tsunâmico" para qualquer cargo que vá disputar.

Na próxima semana, Campos e Aécio se reunirão em Recife. Segundo o governador pernambucano, o encontro é natural, já que os dois são amigos de longa data.

"Mesmo em campos políticos diferentes" atualmente, "sabemos que não somos os donos da verdade e conseguimos discutir assuntos de relevo para o Brasil", disse.

Projeto

Campos também comentou a indicação do Supremo Tribunal Federal de que irá liberar a tramitação do projeto que inibe a criação de partidos e beneficia a candidatura de Dilma Rousseff.

O governador é contra a medida, já que os adversários da petista defendem um maior número de candidatos na disputa em 2014.

Segundo ele, o projeto, mesmo que seja aprovado pelo Congresso, acabará sendo questionado no Supremo.

Fonte: Folha de S. Paulo

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