domingo, 23 de junho de 2013

O novo de novo na Rio Branco -- Raimundo Santos

A vitalidade da juventude está encerrando estes nossos tempos de imobilização da sociedade e da política. Essa ativação juvenil – sua força está na sua diversidade – já se anunciava em 2012 nas passeatas que, nas praias de Copacabana, reivindicavam respeito aos homoafetivos. Esse novo se ampliou aos 30 mil da passeata do encerramento da Rio + 20, na Rio Branco, sendo os manifestantes em sua grande maioria jovens envolvidos de diversas modos e coloridos com as questões do Planeta.

Esse novo se apresenta de novo na mesma Rio Branco com enorme vigor, do dia 20, levou à avenida mais de 300 mil. Em 75 cidades brasileiras, o Movimento Passe Livre superou, ontem, a cifra de mais de um milhão de manifestantes. Na sua quase totalidade, também são jovens. Movidos pela resistência ao aumento das passagens, em relação ao qual são vitoriosos, o Movimento Passe Livre soube falar ao país dos grandes temas com amplíssima aceitação. Destaco dois. No da corrupção, foram contundentes na condenação moral e específicos na defesa de uma forma concreta de combatê-la: a ação do Ministério Público, cujas funções constitucionais a PEC 37 quer cassar. Convocam a opinião pública para derrotar a PEC 37. No tema das políticas públicas, os jovens fizeram duras críticas aos gastos astronômicos (para reprodução eleitoral) trazendo ao primeiro plano a urgência do vigoramento de políticas públicas nas áreas da saúde e da educação. Entretanto, resistem à política e aos partidos, desgastados pelos governos petistas. Resistem mais como recusa do que com críticas. Isso preocupa muito.

Tem visão precisa Luiz Werneck Vianna ao falar da possibilidade de uma nova era (“significando a entrada dessa geração na política institucional”), da eventualidade de um “mau desfecho” (como em 1968, “radicalizando a juventude e afastando-a da vida politica”), e ainda da incompetência dos atuais movimentos sociais em conduzir os “processos reais” (cf. entrevista ao IHU On line, dia 20/6, antes da passeata dos 300 mil). Diz este intelectual publico: “Acredito que hoje eles (os jovens) estarão comentando o que se passou ontem (a passeata na Rio Banco da 4ª. Feira, 19/6). Nesse processo de diálogo, de comunicação entre eles mesmos, e da comunicação entre eles e nós, intelectuais, políticos e imprensa, a coisa vai se sedimentando, criando uma nova cultura.” (Íntegra da entrevista in www.Gramsci.org).

Raimundo Santos é professor da UFRRJ

Fonte. A passeata dos 300 mil (enquete), You Tube Ascom/UFRRJ, 21/6/2013.

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