“Por mais que a propaganda oficial, tão afeita ao ludíbrio da sociedade, tente minimizar o impacto da onda de protestos que tomou conta do Brasil, é evidente que se trata de mais um sinal do esgotamento de um ciclo de poder cujo legado ao país é institucionalmente precário e moralmente indecoroso.
A permanente afronta ao Legislativo, ao Judiciário e à imprensa independente, a cooptação de parlamentares escancarada pelo mensalão, a fisiologia na ocupação de cargos públicos, a corrupção simbolizada por dinheiro na cueca, o uso desenfreado da máquina com fins meramente eleitorais e um completo descompromisso com a liturgia republicana são algumas das marcas deixadas nesses dez anos de governos do PT.
É contra tudo isso que o povo vai às ruas, formando um coro uníssono de milhões de vozes, com diversas causas pelas quais lutar, mas um sentimento comum de indignação que estava represado. A vaia, enfim, tomou conta do país.”
Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS, In “A estrondosa vaia que tomou as ruas do país”, Brasil Econômico, 21/6/2013
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O comentário de Roberto Freire tenta desviar o foco das manifestações populares. Não vejo a movimentação das ruas apenas como um esgotamento de um ciclo de poder. Se fosse isso, estariam pedindo o impeachment da presidente da república, Dilma Roussef. O exemplo disso foram os caras pintadas, na derrubada do governo Collor. Não é isso que estamos vendo. É um desgaste da classe política como um todo. Está se pedindo um misto de coisas objetivas misturadas com coisas não específicas. Entre elas podemos citar: a indignação com a PEC 37, que foi derrubada ontem; a queda dos R$ 0,20 de aumento no transporte público de São Paulo, que também foi conseguida; passe livre para estudantes, que foi proposto pelo Senado; um Brasil mais justo; um Brasil diferente desse que está aí; fim da corrupção (sem especificar partido político); melhoria dos transportes públicos e da mobilidade; melhoria da educação e da saúde, entre tantas outras. Verifica-se que a população aproveitou a luta pela redução do preço das passagens para externar toda a sua insatisfação com a condução do pais. Que não é responsabilidade apenas do governo federal. É um fato muito mais amplo. Para que todas as demandas sejam atendidas, vamos precisar de tempo, legislação mais rigorosa, cumprimento das leis, educação e uma mudança cultural. Isso não é fácil. Mas, as pessoas estão nas ruas cobrando. Vamos ver o que vem pela frente.
ResponderExcluirJorge Carvalho (Economista e Consultor de empresas)