domingo, 9 de junho de 2013

Sem emendas e sem cargos, deputados do PSD ameaçam sair

Composta por políticos da oposição que queriam desfrutar das benesses de ser governo, sigla de Kassab poderá encolher

Fruto de insatisfações de parlamentares com seus partidos, o PSD corre o risco de ser vítima do mesmo processo que viabilizou sua criação. Sem emendas liberadas e sem espaço no governo, deputados da legenda questionam promessas feitas há dois anos, na ocasião da fundação, por líderes da legenda presidida pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.

Integrantes do próprio PSD estimam que 10 a 20 dos 51 deputados fundadores deixem o partido até o fim de setembro, quando encerra o prazo de filiação para as próximas eleições.

O líder na Câmara, Eduardo Sciarra (PR), admite dissidências, mas acredita que outros deputados irão para o PSD.

Dados do Siafi sobre a liberação de emendas parlamentares confirmam, em parte, o discurso repetido por vários parlamentares de que o PSD vota com o governo, mas recebe tratamento de oposição.

No ano passado, depois de 0 PSD se declarar "independente", parlamentares do partido conseguiram obter promessa de pagamento (empenhos) de 32% de suas emendas, menos que os petistas (44 j%) e os peemedebistas (41,4%). Os valores do partido de Kassab se aproximaram dos obtidos por deputados do DEM (27,5%), de onde muitos saíram rumo ao PSD. Em 2013, o governo ainda inicia o processo de liberação de emendas. Nenhum partido obteve empenho superior a 3%,

As emendas estão por trás das principais demandas no Congresso porque permitem capitalização política dos parlamentares nas bases eleitorais. As reclamações são comuns a todos os partidos, mas no PSD a frustração é maior porque boa parte dos deputados veio da oposição justamente acreditando que teria obras a mostrar em suas bases para consolidar projetos pessoais de reeleição.

"Todo mundo que mudou para o PSD tinha uma expectativa de mudança de tratamento em relação a cargos e emendas que não foi alcançada", resume um dos descontentes.

A posição de independência em relação ao governo é vista por muitos como um dos motivos da. insatisfação que atinge boa parte da bancada,.

"Não adianta fazer discurso. No seu Estado você precisa dizer se é a favor ou contra o governo", diz outro insatisfeito. Esses deputados gostariam de ver o PSD com cargos na Esplanada. A bancada jamais aceitou ver o espaço do quarto maior partido na Câmara ser relegado à enxuta Secretaria da Micro e Pequena Empresa, comandada por Guilheme Aflf Domingos. .

Kassab comanda um processo para declarar oficialmente nos próximos meses um apoio à reeleição de Dilma, de olho na formação de um novo governo pós-2014, A visão de longo prazo, porém, não seduz.

Sem o apoio da máquina governista, parlamentares argumentam que podem perder seus mandatos. Outros questionam que "vender o passe" tão cedo para o PT atrapalha as negociações nos Estados, ainda que Kassab tenha prometido liberar as coligações regionais.

Os deputados próximos da porta de saída evitam antecipar os movimentos. O prazo para filiação partidária se encerra em setembro. Muitos farão a mudança na véspera/Entre os insatisfeitos estão Ademir Camilo (MG), Sérgio Brito (BA) e Liliam Sá (RJ). O primeiro diz que só fica no PSD se for candidato ao Senado. O segundo diz que 6o%da bancada está insatisfeita, mas alega ter boa relação com a direção local, comandada pelo vice-govemador Otto Alencar. Liliam Sá não foi encontrada, Sua volta ao PR é dada como certa por dirigentes.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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