sábado, 13 de julho de 2013

Empregados, petistas não fazem mais greve

Para o presidente do PT, Rui Falcão, presença de militantes foi tímida porque eles estão empregados

PT diz que militantes não foram às ruas porque agora estão empregados

Mas petistas históricos avaliam que partido se transformou em "máquina eleitoral"

Thiago Herdy

SÃO PAULO - O presidente nacional do PT, Rui Falcão, minimizou ontem a baixa participação de petistas nas manifestações convocadas pelas centrais sindicais em São Paulo, atribuindo a ausência à indisponibilidade de militantes para participar, apesar da convocação feita pelo partido.

- A militância participa no limite da sua disponibilidade. Tem muita gente que, felizmente, está empregada agora depois de 10 anos do governo Lula. (A manifestação) Foi durante a semana, não era feriado, boa parte da nossa militância está empregada - ironizou o dirigente, que admitiu não ter ido ao ato para "não se expor", por sugestão dos próprios sindicalistas.

Ontem, petistas históricos e simpatizantes lamentaram a discreta participação nos atos em São Paulo, berço do partido e espaço de constante participação da sigla no passado.

O sociólogo Chico de Oliveira, fundador do PT, acredita que a ausência mostra como o partido "se burocratizou e se transformou em máquina eleitoral e política, no lugar de partido da transformação".

Preço da "modernização"

Para Chico de Oliveira, o partido paga o preço de sua "modernização" e não tem mais condições de mobilizar as massas para ocupar as ruas, assim como outros partidos.

- Os movimentos de massa foram muito importantes na História do Brasil, no combate à ditadura, em especial, mas não é preciso ficar tentando fazer de novo daquele jeito. É no Congresso que os partidos políticos precisam se revitalizar - diz o sociólogo, para quem o país segue a partir de agora tendência observada nos EUA e na Europa, onde a participação política se dá cada vez menos nas ruas.

Um dos únicos a levar sua bandeira com a estrela do PT na manifestação de quinta-feira, o petista Markus Stokol discorda de Oliveira.

- O PT só tem sentido como partido se corresponder a seu propósito fundador, de subordinar toda sua participação no plano institucional ao movimento de massas popular, com objetivo de transformar o Estado. Ele precisa expressar a identidade da classe trabalhadora. Esse papel não pode ser confinado no Parlamento ou no Executivo - diz Stokol, para quem o partido corre o risco de se dissolver ao perder sua capacidade de se mobilização:

- É preciso mais compromisso com as reivindicações do povo, o governo é um instrumento, não um fim em si mesmo.

Para Frei Chico, irmão do ex-presidente Lula e responsável por sua filiação ao PT, é hora de a esquerda repensar sua atuação:

- Quem militou na esquerda tem que aprender a fazer autocrítica, tem que reconhecer que está errando em alguma coisa. Está todo mundo achando que é dono da verdade, que acabou, e isso não é certo. Só posso falar que estão todos desgastados nessa história.

Fonte: O Globo

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