quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo

Pacto com os bancos
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez ontem um pacto com os presidentes dos grandes bancos privados do país para que financiem o programa de concessões do governo Dilma Rousseff, que corre risco de ir a pique se não mobilizar a iniciativa privada. É a contrapartida da política de elevação de juros que está sendo empreendida pelo Banco Central (BC), que hoje deve aumentar a taxa Selic para 8,75% ou 9%. Os bancos públicos também vão entrar no consórcio financeiro.

Participaram da reunião os banqueiros Luiz Carlos Trabuco Cappi, do Bradesco; Roberto Setubal, do Itaú; Jesús Zabalza Lotina, do Santander; e André Esteves, do BTG. Os presidentes do Banco do Brasil, Aldemir Bendine; da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda; e do BNDES, Luciano Coutinho, também estavam presentes.

O consórcio financiará os grupos vencedores dos leilões de concessões. Nenhuma instituição financeira isoladamente tem condições de bancar as concessões de ferrovias, rodovias, portos, aeroportos e exploração de petróleo. Mantega aposta todas as fichas no acordo. Precisa reverter as expectativas pessimistas do mercado, que colocam em xeque o sucesso do programa de concessões. Houve muito desentendimento entre a Fazenda e as empresas interessadas, por causa das taxas de retorno das concessões estabelecidas pelo governo.

Riscos
O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, considerou a reunião positiva e está otimista com o acordo. “O Brasil, comparado com o bloco dos países emergentes, tem taxa de risco e de retorno dos mais adequados. Num momento como este, as concessões têm tudo para dar certo, pois o Brasil tem escala, mercado interno forte e emprego, e isso o torna atraente para os investidores globais”, disse.

Estão na muda
Roger Pinto cancelou a entrevista coletiva ontem porque teme a retaliação do Planalto, principalmente depois da demissão do ministro Antonio Patriota pela presidente Dilma Rousseff. O diplomata Eduardo Saboia, que trouxe o político boliviano para o Brasil, também cancelou a participação na reunião da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Saboia responderá a um inquérito administrativo e, se depender da presidente Dilma Rousseff, será expulso do serviço público.

Radicalização
O debate sobre as relações do Brasil com a Bolívia está se radicalizando. Ontem, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), criticou o governo. “Ao expor à execração pública o diplomata Eduardo Saboia, o governo brasileiro se curva, mais uma vez, a conveniências ideológicas. Mais grave ainda, abandona as melhores tradições da nossa diplomacia”, disparou. O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, parabenizou Saboia. “Cumprimos uma tradição, própria do povo latino e brasileiro, que é abrigar. Tenho, por dever de consciência, que cumprimentar o diplomata que fez isso.”

Não gostou
A presidente Dilma Rousseff está irritadíssima com o caso Roger Pinto desde sábado, quando tomou conhecimento da chegada do boliviano ao Brasil. No domingo, com o vazamento da informação, decidiu defenestrar o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. A demissão foi consumada na terça-feira, depois de o ministro da Defesa, Celso Amorim, comunicar ao chanceler que deveria pedir demissão e aceitar o cargo de novo representante do Brasil na ONU, no lugar de Luiz Alberto Figueiredo Machado, o novo ministro, a ser empossado hoje.

Garimpo/ O deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) protestou ontem contra a repressão aos 7 mil garimpeiros de Serra Pelada que se manifestaram contra a empresa canadense Colossus Minerals no último domingo. “Foi uma das cenas mais brutais e injustas que vi nos últimos tempos”, disse. Os garimpeiros recebem 25% da extração de ouro e outros minérios da mina. Os 75% restantes ficam com a empresa.

Maracutaia/ Concurseiros ameaçam pedir na Justiça a anulação do concurso para o Ministério da Fazenda, aplicado no domingo passado. Segundo eles, a prova favorecia os petistas. Uma das questões exigia que o candidato conhecesse a posição do PT sobre financiamento de campanha.

Verdade
O governo deve preencher as duas vagas abertas na Comissão Nacional da Verdade até quinta-feira. Enfrenta uma fogueira de vaidades no próprio colegiado e entre militantes dos movimentos de defesa dos direitos humanos. A comissão, que investiga os casos de tortura durante a ditadura militar, pretende ouvir mais 400 pessoas

Plebiscito já// O líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), está exultante: conseguiu ultrapassar as 171 assinaturas necessárias para apresentar a proposta de decreto legislativo convocando imediatamente um plebiscito sobre a reforma política, para que vigore já nas eleições de 2014. Tem apoio de mais de 200 parlamentares.

Fonte: Correio Braziliense

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