sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Cúpula do PSB reage e acusa Cardoso de olhar apenas para 'o próprio umbigo'

Líderes dizem que o presidente do partido no Rio não ouve a voz das ruas. Ao GLOBO, ele afirmou que Dilma é melhor candidata à Presidência

Para Glauber Braga, Cardoso só está preocupado com seus interesses como prefeito de Duque de Caxias

Maria Lima, Juliana Castro e Silvia Amorim

BRASÍLIA - A cúpula do PSB está furiosa com o presidente do partido do Rio e prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso, que em declarações ao GLOBO reagiu à alternativa da direção nacional de lançar a candidatura do ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão ao governo do estado e formar uma frente anti-Cabral. O líder da sigla na Câmara, Beto Albuquerque (RS) — um dos porta-vozes do governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos —, desautorizou Cardoso e disse que sua posição não combina com a do PSB nacional. Já Campos, pré-candidato à Presidência da República, preferiu colocar panos quentes, minimizando as divergências internas, e considerou “natural” a discussão sobre o futuro da legenda nas eleições do próximo ano.

No momento em que o presidente do PSB articula palanques estaduais para fortalecer sua pré-candidatura à Presidência, Cardoso disse que apoia a candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pezão à sucessão de Sérgio Cabral no Rio e a reeleição da presidente Dilma Rousseff, do PT. No início da semana Eduardo Campos reuniu em Recife os presidentes dos diretórios dos seis maiores colégios eleitorais para pedir agilização na formação das chapas e palanques. Como presidente do diretório do Rio, Alexandre Cardoso não compareceu. Enviou como representante o secretário-geral do partido no Rio, Marcos Vilaça.

— O presidente do PSB do Rio de Janeiro, Alexandre Cardoso, está com os olhos e ouvidos fechados para as ruas, o que é lamentável. Sua posição não combina com o PSB, um partido que sempre se pautou pelo diálogo e pela defesa dos interesses e reivindicações do nosso povo. O PSB carioca não é uma ilha para que se acredite que é possível fazer o que quer, sem sintonia com o povo — respondeu Beto Albuquerque.

Ao tomar conhecimento das declarações de Albuquerque, Cardoso ironizou.

— Então, como PSB está apoiando o (Geraldo) Alckmin em São Paulo? A rua está contra o Alckmin. Acho que o deputado tem que viver mais no Rio — disse. — A liderança política tem que analisar o conjunto, o momento, a perspectiva. É muito difícil uma pessoa de fora do Rio se sentir em condições de analisar o Rio.

Em São Paulo, onde participou de uma palestra para empresários, Campos evitou entrar na polêmica:

— Num partido como o nosso, que tem tradição democrática, estamos acostumados a fazer esse tipo de debate, e a resolver nos fóruns partidários na hora certa (...). Isso vai ter que ter curso lá (Rio) até chegar ao diretório nacional do partido. É natural e salutar que o partido discuta.

O deputado federal Glauber Braga (PSB-RJ) acusou Alexandre Cardoso de só olhar para o próprio umbigo, numa posição “mesquinha” de pensar só nos interesses pontuais, enfraquecendo o projeto nacional do PSB.

— A posição do Alexandre não é ideológica de direita nem de esquerda. É de centro do próprio umbigo. Enquanto o PSB está procurando olhar o movimento das ruas, ele continua com os olhos pregados no seu umbigo. Só está pensando nos seus interesses mesquinhos, de liberação de recursos para a prefeitura de Duque de Caxias — criticou Glauber Braga.

Cardoso afirmou que Braga está com sentimento de quem perdeu a eleição. A mãe do deputado, Saudade Braga, foi derrotada no pleito em Nova Friburgo por Rogério Cabral (PSD), apoiado pelo candidato do governador Sérgio Cabral.

— A gente tem que entender que as pessoas perdem a eleição ficam muito magoadas, e os vencedores têm que entender a mágoa dos perdedores — declarou Cardoso, que venceu a disputa pela Prefeitura de Duque de Caxias no ano passado.

O prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo, discordou de Cardoso e defendeu o nome de Temporão para a disputa ao governo do Rio:

— Eu acho que nosso partido é o que mais cresce no Brasil e precisa afirmar sua identidade perante o povo brasileiro. Tenho certeza de que o Eduardo (Campos) é a cara do nosso partido. Acho que tem que ter palanque em todos os estados, e o Temporão é um nome qualificado.
Na reunião com Eduardo Campos, em Recife, foi criada uma comissão, formada pelos líderes no Congresso e dirigentes estaduais, para fazer um périplo pelos estados para tentar atrair o máximo de aliados até outubro. A reunião da comissão, no Rio, está marcada para a próxima terça-feira.

Fonte: O Globo

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