quarta-feira, 14 de agosto de 2013

De olho no capital de Marina

Mais do que o cacife dos quase 20 milhões de votos recebidos nas eleições de 2010 e do bom resultado em todas as recentes pesquisas de intenção de voto para a Presidência em 2014, as legendas que têm acompanhado de perto as movimentações da ex-senadora Marina Silva para a criação da Rede Sustentabilidade estão interessadas na empatia que ela tem com os manifestantes que lotaram as ruas do país em junho. “Marina hoje representa o que há de novo na política e, para as legendas tradicionais, isso significa uma oxigenação de discurso perante o eleitorado”, afirmou o deputado Walter Feldman (PSDB-SP). Hoje, PDT, PPS e PEN estão de olho nos movimentos dela. Já o PSB espera a definição do futuro da Rede para decidir se ensaia uma aproximação.

Marina pode se tornar uma excelente puxadora de votos e ajudar os eventuais partidos aos quais ela se filiar a eleger uma extensa bancada federal e estadual. Mas ela tem lutado para evitar que esse seja seu foco. “Temos que ter orgulho do partido novo e não do novo partido que estamos criando”, disse aos integrantes da Comissão Nacional da Rede, que se reuniu em Brasília no último fim de semana. Para ela, é preciso saber distinguir o cronograma de criação da sigla das conversas políticas e eleitorais para a disputa de 2014. “A Rede não quer cair no pragmatismo eleitoral”, assegurou Feldman.

Apesar de a cúpula do futuro partido pensar assim, não faltam pressões de parlamentares dispostos a se filiar à Rede, mas que ainda se sentem inseguros quanto ao próprio futuro. Mesmo que a Rede seja confirmada como legenda — algo que está cada vez mais complicado pelo prazo exíguo para validação das assinaturas na Justiça Eleitoral —, ela ainda não tem coligações firmadas com nenhum partido, o que tornaria o tempo de televisão da sigla praticamente irrisório.

Outro simpatizante da Rede de Marina lembra que a ex-senadora está com um pensamento distinto dos demais políticos. “Ela não está preocupada com a lógica partidária de atrair parlamentares. Em 2010, ela tinha aliados em todas as legendas, todos reunidos sob a bandeira da sustentatibilidade”, declarou um parlamentar paulistano que tem ajudado na coleta das assinaturas.

Mesmo aqueles que, em um primeiro momento, sonharam com a filiação de Marina, hoje são reticentes quanto a uma possível aliança com os “sonháticos” — como os apoiadores dela se chamam. “Nossa conversa com Marina parou quando ela optou pela criação da Rede. Para nós, a criação do partido, principalmente no campo de oposição, é ótima para a democracia”, declarou o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP). “Mas nosso caminho para o Planalto deve ser outro.”

Negação
O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, negou que a legenda tenha conversado com Marina sobre uma possível filiação ou, no futuro, uma parceria oficial para a disputa das eleições de 2014. “Ela está muito concentrada na criação do futuro partido. Não podemos falar nada sobre o ano que vem, até porque integramos a base do governo Dilma”, desconversou.

Mesmo assim, o deputado Reguffe (PDT-DF) afirmou que “vai lutar para que o PDT esteja com Marina nas eleições presidenciais do ano que vem”. A ex-senadora, entretanto, tem outras preocupações mais urgentes. Ela espera ter confirmada hoje uma reunião com os representantes da Justiça Eleitoral para acelerar a validação das assinaturas antes do prazo final, que expira em outubro. Ela precisa de 492 mil firmas. Das 850 mil, cerca de 150 mil já foram validadas. (PTL)

Fonte: Correio Braziliense

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