domingo, 4 de agosto de 2013

Direto de Brasília -João Bosco Rabello

Assim é se lhe parece
A presidente Dilma Rousseff parece convencida da eficácia da tese segundo a qual os protestos de junho resultam do êxito de seu governo, por uma exótica interpretação de que os manifestantes, agraciados com as melhorias sociais promovidas, agora querem mais. E que a estagnação do crescimento abaixo de índices razoáveis se deve aos efeitos da crise global. Isto posto, a crise não é de seu governo, embora as pesquisas indiquem o contrário.

É o típico caso em que importa a versão e não os fatos. E, com tal premissa, prossegue transferindo a responsabilidade pela insatisfação do contribuinte às demais instituições igualmente mal avaliadas. Agora, em ritmo de campanha eleitoral, como mostram seus últimos movimentos, do "alto" dos 30% de aprovação que lhe restaram.

O anúncio, ao lado do prefeito Pemando Haddad, de R$ 8 bilhões para melhorias do transporte municipal, simultaneamente ao lançamento do ministro da Saúde para o governo estadual, é um ato eleitoral claríssimo. Ao acrescentar ao discurso a crítica ao sistema estadual de transportes tenta passar a mensagem, de que veio resolver aquilo que o governador Geraldo Alckmin não consegue. Campanha explícita.

Vê-se, então, agora, a confirmação de que o programa Mais Médicos, lançado da. noite para o dia no surto provocado pelos protestos populares, era matéria ainda incompleta, guardada para dar a largada na candidatura do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ao governo de São Paulo. No calor da batalha, decidiu-se antecipar seu lançamento, sendo impossível disfarçar o improviso da medida, que abriu uxna polêmica nacional e impôs recuos ao governo.

Padilha, ao que se sabe, é o candidato preferido do ex-presidente Lula, na mesma linha de aposta em nome ainda não batizado nas urnas, que deu ceito com Fernando Haddad, uma vez constatado o tédio do eleitor paulista com o revezamento dos mesmos candidatos de PT e PSDB. O problema é que Padilha não marcou sua gestão no ministério da Saúde por qualquer iniciativa que venha a ser lembrada, o que o liga à ineficiência do setor, líder de queixas na sociedade.

Era preciso, então, criar uma marca para o ministro da Saúde, e o programa tentou atender a essa emergência. A presidente prosseguirá em campanha com inaugurações; previstas em sua agenda, em Minas, Paraná e Santa Catarina, além de São Paulo. E investirá na exposição em programas de rádio, televisão e entrevistas com pauta específica, ou seja, dizendo apenas o que lhe interessar,

Com essa estratégia, o governo corre o risco de continuar falando sozinho, num monólogo em que oferece explicações ao invés de resultados.

Sem acordo
O anúncio de liberação das emendas parlamentares, não freará o PMDB: o partido quer votar na terça o orçamento impositivo.

Banho-maria
O Planalto deve renunciar à urgência para o Código de Mineração, aposta o relator, Leonardo Quintão (PMDB-MG). Mas não o fará no curto prazo. Quer negociar mais.

Palanques
Os comerciais de tevê do PMDB, entre 10 e 17 próximos, destacam os candidatos aos governos estaduais Paulo Skaf (SP), Luiz Fernando Pezão (RJ) Eunício Oliveira (CE) e Geddel Vieira Lima (BA).

Fonte: O Estado de S. Paulo

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