quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Em entrevista à Rede Vida, Freire diz que PT levou Brasil a uma 'encruzilhada'

Na entrevista, Freire também analisou cenário político para 2014

Por: Fábio Matos 

O deputado federal Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, fez duras críticas ao governo de Dilma Rousseff em entrevista concedida ao programa “Frente a Frente”, da Rede Vida, na última terça-feira (17). Durante uma hora e meia, o parlamentar respondeu às perguntas dos jornalistas Leandro Mazzini e Denise Rothenburg, além dos telespectadores e internautas.

Na avaliação de Freire, a delicada situação econômica enfrentada pelo país leva o Brasil a uma “encruzilhada”. Para ele, uma candidatura própria do PPS, possivelmente do ex-governador José Serra (PSDB), poderia qualificar o debate durante a campanha do próximo ano. “Nessa eleição de 2014 nós vamos ter bons debates porque o Brasil está numa encruzilhada. Daí o aspecto interessante de uma candidatura Serra. Ele tem essa capacidade”, afirmou.

O presidente do PPS reiterou que o partido aguarda a resposta de Serra ao convite para se filiar e ser o candidato da legenda à Presidência da República. “O partido todo aguarda com muita ansiedade porque a tese da candidatura própria é amplamente majoritária no PPS. Mas ele [Serra] continua sem maior definição”, contou Freire. “Todos nós entendemos que não é uma situação fácil de resolver. A vida política dele em São Paulo é com o PSDB. Não é uma decisão fácil, mas estamos aguardando.”

De acordo com o parlamentar, Serra é uma boa opção porque “foi um excelente prefeito e um excelente governador de São Paulo”. “Serra é um dos homens públicos que tem a coragem de enfrentar os problemas e não faz nenhuma concessão ao populismo”, diz Freire.

Caso a candidatura própria não se confirme, o presidente do PPS apontou os nomes do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e do senador Aécio Neves (PSDB) como opções para a legenda. “São dois excelentes candidatos. O partido tem grandes apoios e simpatia por ambos. Então, não posso aqui afirmar nem antecipar”, disse. “Tanto Eduardo Campos quanto Aécio Neves são grandes candidatos que podem representar a mudança que o Brasil precisa ter.”

Freire interpreta a decisão do PSB de entregar os cargos que possui no governo Dilma como uma importante sinalização de que Campos deve mesmo ser candidato ao Planalto. “Romper com o governo é sempre problemático porque as pessoas criam muitos vínculos quando você tem cargos. Não é fácil. Eu posso dizer isso por experiência própria, porque o PPS fazia parte do governo Lula”, lembrou.

Em relação à ex-ministra Marina Silva, que tenta registrar seu partido, o Rede Sustentabilidade, pelo qual pretende lançar a candidatura presidencial, Freire criticou a obrigatoriedade da Justiça eleitoral de que os candidatos estejam filiados aos partidos um ano antes da eleição. “Não tem que ter prazo nenhum. O prazo é o da cidadania. Isso é um abuso. Quem perde se Marina não for candidata? É a cidadania”, afirma. “Sou defensor da plena liberdade de organização partidária e de candidaturas. Isso é o que importa para a cidadania, não cumprir os prazos para a burocracia. Perde a sociedade brasileira.”

Mensalão

Durante a entrevista ao “Frente a Frente”, Roberto Freire também falou sobre o julgamento do mensalão. Na véspera do voto do ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a procedência ou não dos recursos de 12 dos 25 réus condenados pela Corte, o presidente do PPS voltou a defender a prisão imediata dos mensaleiros.

“Vai ter um impacto se [o STF] conceder o embargo infringente porque a opinião pública não está discutindo a técnica jurídica. Mas que, politicamente, é como se fosse uma absolvição dos mensaleiros”, disse. “Um Poder importante que começava a adquirir muito respeito da sociedade brasileira era o Judiciário, que estava um pouco resguardado. Essa decisão coloca o Judiciário no olho do furacão. Essa é uma preocupação que eu tenho.”

Freire apontou como determinantes os votos dos dois novos ministros da Corte, Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso, indicados por Dilma, para que os embargos infringentes estejam perto de ser acolhidos. “Dois juízes que não participaram do julgamento viraram o julgamento", criticou. “O embargo infringente é um grau de recurso para uma outra instância. Você está fazendo agora no STF, que é a última instância do Judiciário, um novo julgamento. É uma excrescência jurídica. Esse embargo não cabe.”

Freire também afirmou que, independentemente da aceitação ou não dos recursos, o PT “está indelevelmente marcado como o partido que patrocinou um dos maiores escândalos de corrupção da história brasileira”. “Pode até ganhar eleição, mas não ganha mais conceito. Não tem como você dissociar o PT do mensalão”, analisa.

Política externa e marketing

O presidente do PPS ainda foi questionado sobre a política externa do governo petista e criticou o viés excessivamente ideológico em algumas posições, contrariando os reais interesses do Estado em nome dos anseios do PT.

Sobre a decisão de Dilma de adiar a visita aos Estados Unidos em represália à espionagem americana no Brasil, Freire lamentou que a posição tenha sido tomada após uma reunião com o marqueteiro da presidente, João Santana. “Como o Brasil pode ter relações internacionais levando em consideração o que um marqueteiro diz? Isso é uma indignidade, uma demonstração da pequenez desse governo.”

Fonte: Portal do PPS

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