domingo, 6 de outubro de 2013

Aliança entre Marina e Campos surpreende governo e oposição

Aécio diz que ex-senadora fora das eleições seria 'o pior cenário'

BRASÍLIA, SÃO PAULO - O senador Aécio Neves (PSDB-MG), virtual candidato ao Palácio do Planalto em 2014, afirmou ontem que a filiação da ex-senadora Marina Silva ao PSB "fortalece o campo oposicionista" contra a candidatura da presidente Dilma Rousseff.

De Nova York, onde participa de uma rodada de palestras a investidores, o senador disse à Folha que "o pior cenário para nós seria Marina sem condições de participar do jogo eleitoral".

A filiação da ex-senadora ao PSB surpreendeu o mineiro e reanimou tucanos que ainda defendem o nome de José Serra para a disputa presidencial em 2014.

Interlocutores disseram que o ex-governador paulista ficou bastante feliz com a decisão da ex-senadora.

Segundo serristas, o PSDB deve fazer pesquisas qualitativas e reavaliar o cenário eleitoral, abrindo espaço para questionar a candidatura do mineiro, hoje com apoio da maioria do partido.

Em nota assinada por Aécio, presidente nacional da sigla, o PSDB afirmou que a decisão de Marina é "também uma resposta às ações autoritárias do PT, especialmente aos membros do partido que chegaram a comemorar antecipadamente sua exclusão" da disputa em 2014.

A presença de Marina, diz o texto, fortalece a oposição e o debate necessários "para colocar fim a esse ciclo de governo do PT que tanto mal vem fazendo ao País".

A decisão de Marina também surpreendeu o Palácio do Planalto. Interlocutores do governo, que esperavam a filiação da ex-senadora ao PPS, classificaram sua aliança com Campos como "um belo golpe de mestre".

No curto prazo, assessores da presidente esperam que o mais prejudicado seja Aécio. A equipe presidencial diz, porém, que é preciso trabalhar com outro quadro, de a aliança potencializar o lado negativo de Marina e Campos, o que beneficiaria o tucano.

Equívoco

Para o deputado Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, a decisão foi um "equívoco". Seu partido foi um dos oito que ofereceram abrigo a Marina após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) negar o registro para a Rede.

Segundo o deputado, "o PSB só pode ter um candidato e, com a filiação de Marina, perdemos um candidato no campo da oposição".

Antes do anúncio formal da filiação da ex-senadora, integrantes da Rede ofereceram ao PPS espaço na coligação política criada com o PSB.

O PPS, porém, nutriu até o último momento esperanças de fechar com Marina e oficializá-la como a candidata da legenda à Presidência.

No final da manhã, porém, a ex-senadora se reuniu com a direção do partido para comunicar sua decisão em prol do PSB, frustrando boa parte dos integrantes do PPS.

"É natural que haja frustração num primeiro momento, mas eles [direção do PPS] vão entender que isso é exatamente o que eles defendem", disse o vereador paulistano Ricardo Young, um dos principais aliados de Marina Silva dentro do PPS.

Fonte: Folha de S. Paulo

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