domingo, 20 de outubro de 2013

Brasília-DF - Denise Rothenburg

O show das poderosas
“Não tem negociação fora do 4º andar.” Com essa frase, a presidente Dilma Rousseff centralizou na Casa Civil e na Secretaria de Relações Institucionais (SRI) todo o diálogo com os congressistas quando se trata de projetos relacionados ao governo, ou seja, tudo. A Casa Civil, onde ainda está Gleisi Hoffmann, cuidará de compatibilizar as propostas com os desejos do Executivo. Enquanto isso, a SRI, hoje a cargo de Ideli Salvatti, definirá a estratégia de votação. Tudo sob a suprevisão de Dilma. Esse modelo prevalece na negociação da dívida dos estados, do Código de Processo Civil, na proposta de emenda à Constituição que trata dos soldados da borracha e também nos vetos presidenciais que foram mantidos. Os próximos serão o orçamento impositivo e o Código da Mineração.
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Em tempo: a presidente tomou gosto pelas conversas políticas e, em especial, pelos resultados obtidos até agora com a centralização. Quem não gostou muito foram os ministros setoriais. Não é à toa que os partidos reclamam diariamente que têm ministro, mas não ministérios. No Planalto, entretanto, as reclamações não têm tanto sentido. Ali, vale o que diz o hit chiclete de Anitta: “Meu exército é pesado. A gente tem poder”.

Novo foco
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), indicou o consultor do Senado Igor Vilas Boas para diretor da Anatel. A bancada reclama nos bastidores que não foi ouvida. No pano de fundo, está um voto que decidirá a fusão das teles, um dos grandes negócios da temporada.

Divórcio marcado I
Depois das inconclusivas conversas entre PT e PMDB sobre palanques regionais do Ceará, do Rio de Janeiro e do Maranhão, os diretórios estaduais peemedebistas começaram uma mobilização para realizar uma pré-convenção em março. Esse recurso foi adotado em 2006 para enterrar a candidatura de Anthony Garotinho. Agora, servirá para tirar o alinhamento automático ao PT e abrir outros caminhos.

Divórcio marcado II
A pré-convenção anima peemedebistas em vários estados por diferentes motivos. Os de Minas Gerais desejam apoiar a candidatura de Aécio Neves. Um grupo de Pernambuco planeja apostar em Eduardo Campos. O Ceará idem. Se Michel Temer não correr, terminará perdendo o lastro que faz dele candidato a vice-presidente da República. Afinal, muita gente no PMDB tem certeza de que era mais feliz em 2006, quando não tinha assento no Palácio do Planalto, mas desfrutava de bons espaços na Esplanada.

Alta tensão
Nos bastidores do governo, ninguém esconde a preocupação com as manifestações que prometem marcar o leilão do Campo de Libra, amanhã no Rio, e a sanção do Programa Mais Médicos, na terça-feira, em Brasília. Houve até quem citasse com certa nostalgia os tempos em que o PT estava do outro lado, fazendo coro nos protestos contra as privatizações do governo FHC.

Convers@de domingo
Nem a filha de 10 anos do deputado distrital Joe Valle entendeu. “Ué, papai, você saiu do seu partido para ir para o da Marina Silva e ela foi para o seu?” Em entrevista à coluna, no site www.correiobraziliense.com.br, Valle, ex-PSB, fala sobre seu ingresso no PDT, que deve apoiar Dilma. Ele, entretanto, garante que continuará no papel da Rede.

“Os Pelicanos”
Em reunião em Aquidauana (MS), o senador Delcídio Amaral sela nesse fim de semana um acordo político com Reinaldo Azambuja, do PSDB, para compor a sua chapa ao governo estadual. A composição abarcará ainda o PSD na vaga ao Senado como o DEM na primeira suplência. O desenho contou com o aval de Lula e do senador Aécio Neves (PSDB-MT). Lá, os tucanos tiveram a maioria dos votos na sucessão presidencial em 2010. A união do petista com o tucano ganhou o codinome de pelicano.

O sem-sala/ Com o Ministério de Minas e Energia ocupado por manifestantes, o ministro Edison Lobão (foto) despachou dia desses no Planalto. “Hoje, sou literalmente um sem-ministério”, dizia. Em mãos, uma folha com números de telefones de ministros anotados de próprio punho. “Nem secretária eu tenho para me fazer e passar as ligações”. É…

O sem-tempo/ Lobão ficou menos de cinco minutos na sala da ministra Ideli Salvatti. “Sou assim mesmo, rápido. Quando Delfim (Netto) era ministro, sempre dizia: ‘Aprendam com Lobão. Ele chega aqui com tudo escrito e só preciso autorizar. Não leva 15 minutos’”. Delfim, realmente, detestava as ladainhas estilo “cerca Lourenço” de quem custava a entrar no assunto. É algo que o ex-ministro da Fazenda e a presidente Dilma têm em comum.

O prestigiado FH/ Jorge Quiroga, ex-presidente da Bolívia e adversário ferrenho de Evo Morales, esteve em Brasília e se derramou em elogios a Fernando Henrique Cardoso. “Sou fã de FHC. Para mim, é o maior estadista latino-americano vivo”. Faz sentido. Quiroga atribui o crescimento das exportações da Bolívia a partir da segunda metade da década de 1990, depois que o Brasil passou a comprar gás do país vizinho.

A partir de hoje…/ Reassumo esse espaço com o desafio de levar a vocês, leitores, algumas pílulas sobre a política nacional e seus atores com informação e bom humor.

Fonte: Correio Braziliense

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