quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo

Com o fígado
Não deve ser coisa do marqueteiro João Santana nem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cada vez mais preocupado com a eleição presidencial. Só pode ser da própria cabeça da presidente Dilma Rousseff — ou melhor, do fígado — a polêmica que resolveu sustentar com a ex-senadora Marina Silva, que se filiou ao PSB para ser vice na chapa do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que comanda a legenda.
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As pesquisas de opinião mostram que todo o esforço da presidente Dilma para se reeleger logo no primeiro turno deveria ser no sentido de capturar os votos que ficaram órfãos da candidatura de Marina Silva. Ontem, o DataFolha retificou os dados da pesquisa: 32% dos eleitores de Marina optam por Campos; 23% votam em branco, nulo ou em ninguém; Dilma fica com 22% dos eleitores marineiros; Aécio Neves herda os 16% restantes.
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O infográfico de domingo, entre outros erros, havia atribuído 42% desses votos para Dilma. Por isso, talvez, Marina tenha atacado Dilma, após seu encontro com Campos, segunda-feira, no Recife. Seria uma maneira de abortar essa migração. O fato de a presidente Dilma aceitar a briga com Marina, como se ela ainda fosse candidata, em vez de aumentar a cizânia entre o PSB e a Rede, o que pode ser seu objetivo, serve mesmo é para afastar os marineiros da sua candidatura à reeleição. Não é, portanto, um cálculo eleitoral. É a presidente Dilma, digamos, bem Dilma. Ou seja, no estilo bateu, levou!

O tripé
O que mais irritou a presidente Dilma Rousseff foi a acusação de Marina Silva de que seu governo havia abandonado o tripé do Plano Real: metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário. Ontem, Dilma afirmou que seu governo jamais abandonou esses compromissos, adotados pelo governo Fernando Henrique Cardoso e mantido por Lula. "Quando que o Brasil teve entre 376 e 378 bilhões de dólares de reserva? Por isso, queridos, (o tripé) nunca foi abandonado", disse.

Inflação
Para rebater Marina, Dilma argumentou que reduziu a inflação, que está abaixo de 6% no ano. No mês de setembro, a inflação acumulada em 12 meses ficou em 5,86%

Lições
Marina criticou Dilma porque a presidente, na segunda-feira, em Itajuba (MG), havia mandado os opositores estudarem: "Acredito que as pessoas que querem concorrer ao cargo têm de se preparar, estudar muito, ver quais são os problemas do Brasil". Marina retrucou: "Difícil são aqueles que acham que já não têm mais o que aprender e só conseguem ensinar".

Palanque único
Entre os caciques do PMDB aliados do governo, só o governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB), e o senador cearense Eunício Oliveira (CE) não aceitam palanques duplos em seus estados. O senador Jader Barbalho, por exemplo, quer o apoio do PT à candidatura de seu filho, Helder Barbalho (PMDB), ao governo do estado.

Morritos/ / O embaixador de Cuba, Carlos Zamora, despediu-se ontem à noite dos amigos brasileiros. A festa foi no Cavalcante (Ki-Filé), velho reduto da esquerda brasiliense e dos amantes da feijoada na Asa Norte.

Rei morto
O PT resolveu tratar o ex-presidente José Sarney como aquele patriarca de Gabriel Garcia Marques. Não é o que acontece no governo, onde Edison Lobão é um ministro forte no Minas e Energia e Sarney continua prestigiado. O problema é no Maranhão, da governadora Roseana Sarney (PMDB), onde os petistas pretendem apoiar o presidente da Embratur, Flávio Dino (foto), do PCdoB, candidato a governador.

Direito autoral/ O cantor e compositor Raimundo Fagner imagina que imunidade tributária para os fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil, graças à Emenda 75, promulgada ontem, combaterá a pirataria com uma redução de preços dos cds da ordem de 40%.

Professores/ Professores do Rio de Janeiro fizeram mais uma manifestação de protesto, ontem, na Avenida Rio Branco, no centro da capital fluminense. Foi menor do que a da semana passada: reuniu cerca de 10 mil pessoas. O prefeito, Eduardo Paes (PMDB), que já cortou o ponto dos grevistas, agora ameaça demití-los por abandono de serviço.

Paciência
Quem promete paciência de Jó com o PT, porém, é o presidente do Senado, Renan Calheiros (foto), do PMDB-AL. Sabe que o governador baiano Jaques Wagner quer recuperar o Ministério da Integração para a Bahia (é um padrinho forte), mas não perde a fleuma. Espera a nomeação do senador Vital do Rego (PMDB-PB) sem nenhuma pressa.

Fonte: Correio Braziliense

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