terça-feira, 29 de outubro de 2013

Marina defende coalizão de 14 partidos da gestão Campos

Crítica de “feudos” em governos, no primeiro encontro “programático” PSB-Rede, ontem, Marina Silva defendeu a megacoalizão montada por Eduardo Campos em Pernambuco. O novo aliado da ex-ministra conta com apoio de 14 partidos, parte deles contemplada com cargos no Estado. “Se fosse fisiológica (a coalizão), ele não seria o (governador) mais bem avaliado do País”, disse Marina

Crítica de "feudos" em governos, Marina defende megacoalizão da gestão Campos

Sucessão 2014. Ex-ministra afirma que gestão em Pernambuco, apoiada por 14 legendas, parte delas abrigada no 1,J escalão da máquina estadual, não é "fisiológica"; governador diz que não se pode "vetar o exercício democrático de quem tem filiação partidária".

Isadora Peron, Beatriz Bulla e Ângela Lacerda

RECIFE - No primeiro encontro "programático" PSB-Rede, realizado ontem em São Paulo, Marina Silva saiu em defesa da megacoalizão montada por Eduardo Campos no governo de Pernambuco. O novo aliado da ex-ministra do Meio Ambiente conta com o apoio de 14 partidos, parte deles contemplada com cargos na máquina estadual. "Se fosse fisiológica (a coalizão), ele não seria o (governador) mais bem avaliado do País", afirmou Marina em entrevista.

O próprio Campos buscou se defender. "Se eu não tivesse um governo que tivesse mudado as práticas políticas, que não tivesse inovado na vida do cidadão pernambucano, eu não teria 83% dos votos numa terra com tradição democrática", disse o governador. "Nós não podemos pensar que só por ter uma filiação partidária uma pessoa pode participar (do governo), mas também não podemos vetar o exercício democrático de uma pessoa que tem filiação partidária", completou Campos.

Campos e Marina uniram forças em 5 outubro para a disputa ao Palácio do Planalto tentando impor um discurso de "nova política". Nessa lógica, o modelo de coalizão da presidente Dilma Rousseff é um dos principais alvos. Num documento discutido ontem, marineiros e os integrantes do PSB afirmam que é "necessária uma mudança profunda no sistema político". Segundo o texto, atualmente há "feudos (departidos) dentro do próprio Estado".

Campos foi eleito em 2006 pela coligação Frente Popular de Pernambuco, integrada por 14 partidos: PSB, PT, PDT, PTB, PP, PR, PC do B, PRB, PSL, PSDC, PHS, PTC, PRP e PT do B. Cinco deles compuseram o primeiro escalão do governo no primeiro mandato: PT, PTB, PP, PR e PC do B.

Com a reeleição, em 2010, o PV se integrou ao governo. Foi criada a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, comandada por Sérgio Xavier, candidato derrotado ao governo do Estado, ligado a Marina.

Dentro da sua cota pessoal, Campos chamou o deputado licenciado Pedro Eurico, do PSDB, partido que não faz parte da base do governo. Eurico tinha forte ligação com o ex-governador Miguel Arraes, avô de Campos e se aliou ao ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), depois que ele derrotou Arraes nas urnas. Pedro Eurico assumiu a Secretaria da Criança e da Juventude.

Com o recente desembarque do PSB do governo federal, PT e PTB entregaram os cargos que ocupavam em Pernambuco - a Secretaria de Saúde, a Secretaria da Cultura e a Secretaria do Trabalho, além da Secretaria Executiva de Agricultura.

Marina citou o caso de Xavier ao defender Campos. "Posso falar de uma pessoa que Campos convidou que não foi com base na visão patrimonialista: o Sérgio Xavier (secretário de Meio Ambiente) foi convidado para integrar o governo em cima de um programa", disse a ex-ministra.

Marina defendeu que a posição que critica é quando legendas fazem alianças "fora de um programa" comum. "Não significa governar sozinha", disse. "Se ganharmos, queremos governar com os melhores do PT, os melhores do PMDB, os melhores do PSDB, porque essas pessoas existem em todos os partidos."

Temas. Além da crítica ao modelo de governabilidade, o documento debatido ontem entre 150 participantes do encontro trazia outros dois temas: a necessidade de manter as conquistas das últimas décadas e a de promover um desenvolvimento sustentável.

Na abertura do evento, Marina defendeu que os avanços do País não podem ser "fulanizados", por mais que a estabilidade econômica tenha sido alcançada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e os avanços na área social sejam fruto das iniciativas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Esses ganhos já não podem mais ser fulanizados, para evitar uma institucionalização predatória das conquistas da sociedade."

Ciente das diferenças ideológicas entre os dois grupos, Marina pediu para que os presentes fizessem, durante o evento, "o exercício da escuta interessada", para que conseguissem superar as divergências.

Apoiadores da Rede chegaram a deixar o projeto depois da filiação da ex-ministra ao PSB, em 5 de outubro.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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