domingo, 6 de outubro de 2013

Marina e Campos se unem para sucessão presidencial

Ex-senadora se filia ao PSB do governador sem definir lugar na chapa para 2014

Segunda colocada nas pesquisas admite possibilidade de ser vice, mas não descarta concorrer à Presidência

Natuza Nery, Ranier Bragon, Dimmi Amora e Fábio Zambeli

BRASÍLIA e SÃO PAULO - No lance mais surpreendente até agora da corrida ao Palácio do Planalto, a ex-senadora Marina Silva decidiu ontem se filiar ao PSB e se unir ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para a disputa presidencial.

Aliados de ambos disseram que ela admite a possibilidade de ser vice de uma chapa liderada por Campos em 2014, mas os dois deixaram em aberto seu futuro político ao justificar o acordo ontem.

Questionada se estava desistindo de se candidatar à Presidência da República agora, Marina afirmou que sua presença ao lado de Campos "dizia tudo" e evitou responder à pergunta diretamente.

Campos, que se movimenta como candidato desde o ano passado mas até agora não declarou sua candidatura publicamente, voltou a repetir ontem que só definirá o que vai fazer no ano que vem.

Marina indicou várias vezes que poderá abrir mão de suas ambições presidenciais para apoiar Campos, mas o tom cauteloso de seu pronunciamento sugere que ela pode insistir nelas se o cenário for favorável mais à frente.

No discurso em que anunciou a filiação ao PSB, Marina disse que chega para "adensar uma candidatura que já está posta". Questionada depois se apoiará Campos, ela respondeu: "Você tem alguma dúvida disso?"

Na mais recente pesquisa do Datafolha, concluída em agosto, Marina aparece em segundo lugar, com 26% das intenções de voto. Campos tem 8% e está em quarto, depois do senador mineiro Aécio Neves (PSDB), que tem 13%.

A união de Marina com Campos cria uma força política que poderá se apresentar nas próximas eleições como alternativa à polarização entre o PT da presidente Dilma Rousseff e o PSDB de Aécio.

Em seus discursos ontem, Marina e Campos pregaram a necessidade de "sepultar a velha política" e fizeram menções às manifestações que sacudiram o país em junho.

Marina entrou no PSB porque seu projeto de organizar um novo partido, a Rede Sustentabilidade, foi barrado pela Justiça Eleitoral, que considerou insuficientes as assinaturas de apoio apresentadas.

"Somos o primeiro partido clandestino criado em plena democracia", discursou Marina ontem. Ao mencionar as opções que teria discutido com os aliados, ela disse que rejeitou ideias como entrar num "partido de aluguel" ou abandonar a disputa eleitoral para se tornar uma "Madre Teresa de Calcutá da política".

"Marina, se resigne e vá ser a candidata da internet", disse Marina, reproduzindo um dos conselhos que afirma ter ouvido. "Todo mundo ia me curtir' e um bando de gente ia me cutucar', mas isso não mudaria em nada a história."

Familiares e voluntários que ajudaram a organizar a Rede pressionaram Marina para que se mantivesse sem partido para não se afastar do compromisso público assumido pela Rede com a ideia de renovação da política.

A união de Marina e Campos foi acertada num encontro que eles tiveram na noite de sexta-feira. Na conversa, a ex-senadora indagou se o governador, como ela um ex-aliado do PT, pretende levar sua candidatura até o fim. "Não tem volta", disse Campos, segundo a Folha apurou.

Pelo acerto entre eles, a Rede continuará atuando como grupo independente, apesar de não existir oficialmente. "Não sou uma militante do PSB, sou uma militante da Rede", disse Marina, que tratou como "filiação simbólica" seu ingresso no PSB.

Campos fez uma referência velada às pressões que sofre do PT para não se candidatar em 2014. "Aqueles que esperavam nos colocar fora do processo, e reduzir a participação da sociedade, hoje estão refazendo suas contas", disse.

Fonte: Folha de S. Paulo

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