domingo, 13 de outubro de 2013

Painel - Vera Magalhães

'Faxina' virou pó
Apesar da recuperação na pesquisa Datafolha, Dilma Rousseff não retomou todo seu espaço no eleitorado de renda mais alta, que era refratário a Lula, mas que a presidente tinha conquistado nos primeiros anos de mandato. Em março, Dilma chegou a ter 51% das intenções de voto entre eleitores com renda superior a cinco salários mínimos. Despencou para 21% em junho e pontuou 31% agora. A erosão dá respaldo ao conselho de Lula para que a sucessora foque no eleitorado mais pobre.

Inflação Aécio Neves (PSDB) passou de 15% nas duas faixas mais altas de renda, em março, para 26%. Eduardo Campos (PSB) subiu de 5% para 17%. Marina Silva, que aparecia com 19% nesses grupos, hoje tem 35%.

Foco Após analisar a pesquisa, o governo vai intensificar as viagens de Dilma ao Nordeste para evitar o avanço de Campos e consolidar a vantagem da presidente na região, tradicional reduto do PT.

Menina dos olhos Uma das pontas de lança dessa operação será o Mais Médicos, concentrado em cidades do interior nordestino.

Hormônio O QG de Campos projetava na semana passada que o pernambucano só chegaria aos dois dígitos nas pesquisas em dezembro.

Que oposição? Eleitores críticos ao governo preferem Aécio a Campos, mas Marina é quem vai melhor nesse grupo. Entre quem julga Dilma ruim ou péssima, o tucano tem 33%, e o pessebista, 23%. Já Marina tem 43% desses votos, contra 27% de Aécio.

Fase de beijos Dilma tem melhor desempenho entre eleitores que não tomaram conhecimento sobre a aliança entre Marina e Campos. Ela tem 47% nesse grupo no cenário mais provável, contra 34% entre aqueles que se dizem "bem informados".

Marinou Já Campos tem seu melhor resultado no grupo de entrevistados bem informados sobre a coligação. Nesse extrato, ele empata tecnicamente com Aécio: vai a 24%, frente a 25% do mineiro.

Sem Lula Dilma voltou a crescer entre os eleitores que têm o PT como partido preferido. Depois de cair para 58% após os protestos, a presidente aparece com 71% no grupo.

Tela livre 1 Além de flexibilizar o entendimento sobre campanha antecipada na propaganda partidária, o vice-procurador-geral eleitoral, Eugênio Aragão, também acha que não cabe punição a políticos entrevistados em programas de TV, caso não peçam voto abertamente.

Tela livre 2 Pré-candidatos à Presidência fizeram périplo por programas populares nos últimos meses. Aécio foi alvo de representação de Sandra Cureau, antecessora de Aragão, por ter ido ao "Programa do Ratinho".

Alfarrábios Eduardo Campos anota todas as expressões de Marina que fogem ao seu "repertório", dizem aliados. Na última semana, tomou nota quando a ex-senadora falou que será necessário "metabolizar" a aliança e quando ela citou o psicanalista Jacques Lacan.

Voo... O PMDB na Câmara votou a favor da convocação do ministro da Aviação Civil na Comissão de Finanças e Tributação para explicar o leilão dos aeroportos.

... solo Há uma divisão no governo quanto a limitar a 15% a participação nos leilões de Galeão (RJ) e Confins (MG) de grupos que já possuem outras concessões.

Terminais A ala que é contra a barreira teme que concorrentes de peso sejam excluídos da disputa, com prejuízo para o governo. Franco defende o limite para evitar monopólio no setor.

Tiroteio

"O problema da Marina com o agronegócio não é ideológico: é patológico. E Eduardo Campos parece que já foi contagiado."
DA SENADORA KÁTIA ABREU (PMDB-TO), presidente da CNA, sobre o veto de Marina Silva a Ronaldo Caiado (DEM-GO), que gerou protestos entre ruralistas.

Contraponto

Melhor idade
Miguel Arraes era governador de Pernambuco quando aceitou convite de Márcio França (PSB) para participar de um evento de sua campanha para prefeito de São Vicente, em 1996. Conhecido por fumar cachimbo, o avô de Eduardo Campos, com quase 80 anos, acendeu um ao entrar no carro, com as janelas fechadas. O motorista começou a tossir, e Arraes perguntou ao correligionário:

--Você se importa se eu fumar aqui?

--Claro que não, doutor Arraes! --respondeu França.

--Que bom, porque estou velho demais para me preocupar com o que as pessoas gostam ou não...

Fonte: Folha de S. Paulo

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