segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Uma nova ordem eleitoral

A aliança entre Marina Silva e Eduardo Campos leva a mudanças nas estratégias dos presidenciáveis. Enquanto a ex-senadora se prepara para estrear no programa de TV do PSB na quinta- feira, o PT de Dilma Rousseff se reúne hoje para estudar medidas de afago aos aliados.

A nova atração no programa do PSB

Ana Cláudia Dolores, Glauce Gouveia

Na próxima quinta-feira, quando irá ao ar em rede nacional o programa partidário do PSB, não será apenas o governador de Pernambuco e presidente nacional da sigla, Eduardo Campos, que será visto pelos brasileiros. Menos de uma semana depois de assinar sua filiação ao Partido Socialista Brasileiro, a ex-senadora Marina Silva vai ser a atração do vídeo.

Com 10 minutos de duração, o programa dedicará boa parte de seu tempo à união formalizada entre os dois líderes políticos no último sábado, mas discutida nos bastidores desde o início do ano. Depois da repercussão da filiação de Marina ao PSB, que tomou conta das redes sociais e do noticiário político por todo o final de semana, Campos vai telefonar para a ex-senadora ainda hoje.

O objetivo é agendar o primeiro encontro entre os dois, que servirá para definir um time formado por integrantes do PSB e da Rede Sustentabilidade – partido que teve seu registro rejeitado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última quinta-feira – e traçar as primeiras linhas da plataforma da aliança firmada. Essa plataforma será a base do programa de governo da dupla para as eleições do ano que vem e deve estar finalizada até janeiro de 2014.

Desde que chegou ao Recife vindo de Brasília, por volta das 14h de ontem, o governador passou a tarde em conversas por telefone com lideranças políticas de todo o país. Na maioria delas recebeu parabéns pela união firmada com Marina. Inclusive do senador Aécio Neves, também pré-candidato à presidência pelo PSDB e principal adversário da presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT). Apesar de atuarem em campos políticos diferentes, os dois são amigos desde o movimento das Diretas Já. Além de Aécio, com quem Eduardo deverá contar em caso de ir ao segundo turno com Dilma, o governador também recebeu telefonemas de pré-candidatos a governador de outros estados e que pertencem a grupos políticos adversários. Todos oferecendo apoio e insinuando uma possível aproximação com os socialistas.

Afinados os discursos entre as duas maiores lideranças, PSB e Rede querem, agora, juntamente com o PV, buscar aliados no país. A ideia é que as legendas estejam unidas no plano nacional a fim de consolidar a candidatura Campos/Marina. As conversas com partidários de outros estados serão intensificadas e serão encabeçadas por articuladores com trânsito nos dois terrenos.

Os entendimentos no estado, inclusive, são os mais adiantados. Aqui, como PV e PSB já são aliados, não houve corrida para a troca de partidos como no restante do país. A orientação do PV e da Rede no plano geral foi a de que os correligionários indecisos buscassem o PSB como opção de legenda até o último sábado, quando terminou o prazo de filiações.

Desculpas o eleitor
Marina postou nas redes sociais um vídeo no qual se desculpa com a militância por só ter comunicado a ida para o PSB depois de ter fechado a decisão com o partido. Ela fez questão de destacar que não será militante da legenda, mas que opção foi necessária para "chancelar" a Rede. "A coligação é feita entre dois partidos, com identidade, com programa, com base social e militância, onde cada um respeita sua identidade." Ela admite que o caminho adotado é polêmico. "Mas não tenho dúvidas de que essa foi a atitude mais acertada para influenciarmos a política." No Facebook, havia 1.105 comentários até às 21h30 de ontem. Muitos militantes criticaram a adesão ao PSB.

Fonte: Correio Braziliense

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