sábado, 16 de novembro de 2013

‘Economist’ diz que condenados não terão a ‘jabuticaba' dos recursos

‘Guardian’ se refere ao processo como o julgamento do século no Brasil

A imprensa internacional tratou o tema do mensalão nos últimos dias como o esperado fim de um longo processo envolvendo altas autoridades do governo do internacionalmente conhecido Luiz Inácio Lula da Silva. A primeira publicação de relevância internacional a comentar o tema após o início das prisões foi a revista britânica “The Economist”.

No blog voltado para o continente americano, a revista comparou os infindáveis recursos no julgamento do mensalão com a jabuticaba, uma fruta que “só cresce no Brasil’ Mas, disse o blog, “ao menos para alguns mensaleiros não haverá mais jabuticabas”. No caso dos condenados em regime semiaberto, a revista debochou do aparente avanço da Justiça brasileira. Sobre Pedro Henry, a publicação disse: “talvez ele possa combinar seu trabalho atual como legislador com sua nova função como presidiário.

Muitas jabuticabas ainda permanecem”. O “New York Times” definiu a decisão do Supremo Tribunal Federal de iniciar imediatamente os tempos de prisão como “uma virada surpreendente em um país onde legisladores corruptos são há muito tempo protegidos de punições”. O “Guardian” lembrou que o processo foi considerado como “o julgamento do século”.

“A Suprema Corte finalmente decidiu enviá-los (os réus) para a cadeia”, afirmou o jornal britânico. “Entre os que devem ser presos nos próximos dias está o chamado homem forte do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Dirceu, disse a matéria. O “New York Times” lembrou que Dirceu, “a mais poderosa figura do escândalo (...) estava de férias em uma praia exclusiva no estado da Bahia quando a corte tomou a decisão” de que ele iria para a cadeia.

‘Prisões são surpreendentes’
O argentino Clárin, que sofre um processo forçado de desmembramento pelo governo de Cristina Kirchner, afirmou que o problema da corrupção era “endêmico” no Brasil e atinge todos os partidos. O jornal recordou que um outro mensalão, em Minas Gerais, que precedeu o atual, ainda se-ria julgado.

A agência de notícias Reuters, que tem ampla repercussão internacional, lançou seu primeiro despacho mencionando a prisão de José Genoino. “Apesar dos atrasos, não incomuns em um país com um sistema judicial famoso por sua lentidão, as prisões estão sendo aplaudidas por vários brasileiros porque são consideradas sinal parcial de progresso contra uma cultura de longa tolerância com a corrupção disse a agência.

Ao contextualizar o mensalão, a Reuters lembra que o escândalo “começou em 2005, durante o primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, mas não atingiu ele nem sua sucessora, Dilma Rousseff”. Em sua última reportagem sobre o tema, em 10 de outubro, o “Financial Times” afirmou que os “abusos de poder, sejam no nível local ou nos altos escalões da política, são parte diária da vida no Brasil”.

Já o “Wall Street Journal” destacou em sua matéria que ordens de prisão contra políticos não são comuns no Brasil. “É um caso marcante de corrupção envolvendo vários políticos que já foram poderosos, um evento incomum em um país em que a roubalheira política não é punida”.

Fonte: O Globo

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