quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Eduardo Campos e o "corte surpresa"

2014 Anúncio do governador de que vai reduzir secretarias surpreende e o clima na equipe é de incertezas. Corte pode sair segunda

Bruna Serra, Gabriela López

Um dia após o governador Eduardo Campos (PSB) revelar no Programa do Jô, na Rede Globo, que vai reduzir "nos próximos dias" o número de secretarias do seu governo, o clima no Palácio das Princesas, ontem, foi de ponderações e incertezas. Secretários preferiram não dar entrevistas. Segundo o responsável pela pasta de Imprensa, Evaldo Costa, ainda não há definição sobre as mudanças. O anúncio pode ocorrer na próxima segunda-feira (18). Até lá, haverá reuniões em torno da questão, até porque o governador fez o anúncio após passar dez dias cumprindo agenda na Europa.

Embora tenha anunciado só agora, no sétimo e penúltimo ano de governo, a redução de secretarias, foi o próprio Eduardo Campos que, ainda em 2006, no período de transição com o governo Mendonça Filho (DEM), decidiu aumentar em dez o número de pastas. Naquele ano, ele se elegeu com a sustentação de 17 partidos. Hoje, o Governo de Pernambuco abriga 27 secretarias, fora a Procuradoria Geral e a vice-governadoria.

Sem revelar que ele mesmo decidiu aumentar a quantidade de pastas, o governador explicou na entrevista ao Programa do Jô - quando assumiu definitivamente a postura de candidato a presidente da República, chegando a dizer até que estará no segundo turno - que "empoderou" algumas áreas, elevando-as para o status de secretaria para as políticas públicas se concretizarem. Este foi o caso da pasta relacionada à Mulher.

Apesar do clima de cautela e silêncio, o secretário de Governo, Milton Coelho, afirmou que não foi pego de surpresa. "É preciso dizer que, ao tomar uma decisão desta, a esta altura, tenho certeza que ele (Eduardo) fez as contas matemáticas e políticas do ato. E vale também ressaltar que ele foi um dos primeiros, senão o primeiro, líder nacional a tocar na questão do excesso de ministérios da presidente Dilma Rousseff (PT)", considerou o auxiliar.

Na entrevista da TV, Eduardo Campos classificou como "demais" as 39 pastas do Governo Federal. "Mas o mais grave é não ter política pública definida, é ficar dependendo de quem vai pra lá. As ruas pedem um serviço público mais inteligente", completou.

A última mudança do secretariado socialista, sem cortes, ocorreu no mês passado, após PTB e PT deixarem a base aliada do PSB, por causa da formação de palanques para a eleição de 2014. Eduardo apenas substituiu os nomes que entregaram os cargos.

O "Arraes" fora do nome do governador

O governador e pré-candidato a presidente Eduardo Campos (PSB) explicou na entrevista ao Programa do Jô, da TV Globo, na última segunda-feira, o motivo de não usar o sobrenome do seu avô, Miguel Arraes, considerado um dos principais líderes políticos do século 20.Segundo ele, sua mãe e filha do ex-governador, a conselheira do Tribunal de Contas da União (TCU) Ana Arraes, quando casou, por causa do "machismo" da época, adotou o nome do marido, o escritor Maximiano Campos.

Além disso, ele lembrou que a família tinha medo de perseguição política, já que Arraes foi deposto do Governo de Pernambuco pelo Golpe militar de 1964, tendo vivido 14 anos em exílio.

Ao longo da entrevista, o presidenciável fez diversas referências ao avô, lembrando que entrou na política por causa dele. "Acompanhei ele em campanha quando voltou do exílio. Foi uma experiência única percorrer o Estado todo e ouvir histórias", relatou. Eduardo Campos foi chefe de gabinete de Arraes na segunda gestão deste (1987-1990)

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

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