domingo, 3 de novembro de 2013

O dízimo do reino de Eike - Eliane Cantanhêde

Eike Batista tinha o império X, bem de acordo com a paixão da família pelo Japão. Mas as empresas ruíram e o que sobra é uma grande história a ser contada, com cenários de contos de fadas, bastidores sórdidos, personagens controvertidos.

De um lado, o mítico Eike, que teve tudo na vida, foi casado com o símbolo de desejo do país e sonhou ser o homem mais rico do mundo. Chegou bem perto, na 8ª posição.

De outro, os médicos, engenheiros e assalariados em geral que jogaram nas chamas da assembleia do reino de Eike seus recursos, sua inocência e a falta de informações confiáveis. Foram dormir acreditando na solidez e nas perspectivas apetitosas das companhias de Eike. Acordaram num pesadelo sem fim.

Essas histórias pavorosas se repetem, com empresas que estavam no céu e vieram abaixo a caminho do inferno, levando de roldão as economias de seus clientes como se fossem dízimos de fiéis incautos.

Há a lembrança fresca da Encol, que, dias depois de reluzir na capa da "Gazeta Mercantil" como estrela entre as empreiteiras, deixou na mão 11 mil funcionários e 42 mil crentes (como eu) que compraram imóveis e nunca receberam nem o imóvel nem o dinheiro de volta.
E quem se esqueceu de Edemar Cid Ferreira, do Banco Santos, e Ângelo Calmon de Sá, do Econômico? Eles tinham riqueza, ostentavam riqueza, exalavam riqueza. O mundo deles desabou na cabeça dos que foram levados a acreditar num reino de Deus aqui na terra brasilis. No céu, o lucro era principalmente deles. No inferno, a desgraça maior é dos correntistas e investidores.

Eike Batista deve tantas explicações quanto Edemar, Ângelo e Pedro Paulo de Souza, da Encol, entre tantos "pastores" que estão por aí. Quem, como, onde e por quê? De onde veio e para onde foi o dinheiro?

Entre meias verdades, as vítimas vão para o inferno e os réus ficam eternamente no limbo da boa vida.

Fonte: Folha de S. Paulo

3 comentários:

  1. Quem nos protegerá de nossos protetores?
    (‘Quis custodiet ipsos custodes?’)
    A quem beneficia a queda do "grande Gatsby". A plebe está babando de gosto.
    Um é Joakim, da galp. Outro é Manolo, da Repsol, ambas empresas minúsculas associadas à estatal chinesa Sinopec – que formariam um único consórcio – estavam inscritas no leilão de Libra. Quem nos protegerá dos nossos protetores chineses? Acabou virando o “braço da viola”: Deu Petrobras na cabeça, com 2 petrolíferas europeias e mais 2 estatais chinesas. Também um consócio único sem concorrentes.

    O mesmo acontece com o "grande Gatsby" das empresas X. No momento, fogem dele como o diabo foge da cruz. Uma ajuda no momento seria “um tiro no pé”, tendo em vista as manifestações de rua. A letra “X” que já foi objeto de repúdio na privatização da Petrobrax agora ficou tão desmoralizada que a Xuxa resolveu trocar o nome para chucha, segundo Zé Simão.

    ResponderExcluir
  2. ATÉ TU BRUTUS
    Beneficiou-se, tanto quanto seu pai se beneficiou do antigo regime. E agora se beneficia dos que combateram o antigo regime. Se beneficiou tanto quanto os intelectuais se beneficiam da "Lei Ruanet" como denuncia "Lobão (o outro, é claro), ou tanto quanto os que combateram a ditadura e agora são beneficiários de gordas aposentadorias. Políticos com mais de 70 anos correm o risco iminente de extinção, como o ministro ubíquo das micro empresas e ao mesmo tempo vice governador - que parecia um cara bacana - e que agora se junta a "fauna de políticos desta imensa unanimidade que acabará numa idolatria que dá medo . O Brasil e a 'América latrina' toda são países de compadres, como mostrou o grande entrevistado do programa Roda Viva há 2 dias: nada menos que o prêmio Nobel de literatura: Mario Vargas Llosa. Dá gosto ser leitor do cara que perdeu a eleição para o "Chino".

    ResponderExcluir
  3. MADOF INVERTIDO
    Claro que não vou falar de “inocentes” que ocuparam cargos no perigoso conselho de administração das empresas “X”, nem dos técnicos e engenheiros que portaram “virtuais segredos” ao se baterem em retirada – da mesma forma que fazem os engenheiros patriotas ao abandonar a Petrobras – porque não tenho a “cancha” de um Èlio Gaspari ou duma Eliane pra me meter em encrencas. A esses pobres coitados desejo o mesmo destino do criador de “pirâmides” do título deste comentário: “que se ...”. Antes de se tornarem celebridades do mal, escaparam pela porta dos fundos, demitidos voluntariamente a pedido dos próprios interessados.

    ResponderExcluir