sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Patrão de Dirceu pede canal de TV ao governo

O empresário Paulo de Abreu, dono do hotel que anunciou a contratação do petista por R$ 20 mil mensais, encontrou-se com o ministro das Comunicações, em 23 de setembro, para tentar reativar a concessão da Tv Excelsior, cassada pela ditadura

Amigo de Dirceu quer reativar a TV Excelsior

Paulo de Abreu, o empresário que ofereceu salário de R$ 20 mil ao petista, tenta viabilizar no Ministério das Comunicações a reabertura do canal cassado durante o regime militar

João Valadares, Paulo de Tarso Lyra

O empresário Paulo de Abreu, que contratou o ex-ministro José Dirceu para gerenciar o hotel Saint Peter por um salário de R$ 20 mil, reuniu-se com o ministro das Comunicações, o petista Paulo Bernardo, na manhã de 23 de setembro, para tentar agilizar o processo de reativação da TV Excelsior. A reabertura do canal, cassado em setembro de 1970 durante o regime militar, é um velho desejo do empresário. O processo está em análise no Ministério das Comunicações há dois anos. Paulo de Abreu sabe que, para realizar o sonho antigo, mesmo após a aprovação, é necessário um decreto presidencial de anistia a favor do canal de televisão.

A reunião consta na agenda oficial do ministro. O advogado e ex-deputado Sigmaringa Seixas, amigo do ex-presidente Lula e bastante ligado à presidente Dilma Rousseff, acompanhou o empresário durante o encontro com Paulo Bernardo. Na ocasião, o secretário executivo interino da pasta, Genildo Lins, também esteve presente. Sigmaringa confirma que foi contactado pela família Abreu para ajudar no processo de reabilitação da TV Excelsior. Ele explicou que outro canal de televisão, cassado durante o regime militar, foi anistiado durante o governo Fernando Henrique Cardoso e que não há nada de ilegal no pleito.

Interlocutores do setor de comunicações ouvidos pelo Correio acham que, ao conceder emprego para Dirceu, Paulo de Abreu enterrou as chances de conseguir êxito. “Dirceu não conseguiria ajudá-lo nem solto, imagine preso.”

O Correio tentou entrar em contato com o Ministério das Comunicações, por meio da assessoria de imprensa. Até o fechamento desta edição, ninguém havia sido localizado para comentar o assunto. A advogada do empresário, Rosane Ribeiro, não respondeu aos questionamentos encaminhados pela reportagem.

Cargo sob medida
O alto salário oferecido ao ex-ministro para ocupar o cargo de gerente administrativo está fora do valor praticado pelo mercado. A vaga oferecida nem sequer constava no organograma do Saint Peter Hotel. Foi criada especialmente para o petista, condenado no mensalão a 7 anos e 11 meses inicialmente em regime semiaberto. Se a Vara de Execuções Penais autorizar o trabalho externo, Dirceu trabalhará das 8h às 17h e terá uma hora de intervalo para almoço. Dirceu terá uma sala individual equipada com internet e televisão.

O pedido do ex-ministro José Dirceu para trabalhar no hotel só chegará às mãos do juiz da Vara de Execuções Penais (VEP), Bruno Ribeiro, responsável pelas decisões relativas ao cumprimento das penas, em aproximadamente 40 dias. A informação foi repassada pela assessoria do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). A Justiça salientou que há uma fila, mas não informou o número de pedidos de trabalho externo que aguardam decisão. Ontem, usando a prerrogativa de prioridade a maiores de 60 anos prevista no Estatuto do Idoso, Dirceu, 67 anos, pediu celeridade na análise da sua solicitação.

Fonte: Correio Braziliense

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