quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Aécio fala em 'mudança de verdade' e lança plano vago

Ao apresentar esboço genérico de programa, tucano ataca gestão petista

Insistência no discurso de polarização com o PT explica o rompimento com o marqueteiro Renato Pereira

BRASÍLIA - Diante de um auditório lotado na Câmara, o senador Aécio Neves (MG), provável candidato do PSDB à Presidência, lançou ontem uma plataforma genérica de seu programa de governo e disse representar a "mudança de verdade" para o país.

Principal nome da oposição a Dilma Rousseff (PT), o tucano tem o governador Eduardo Campos (PSB-PE) em seu encalço nas pesquisas --19% a 11% das intenções de voto, respectivamente, segundo o último Datafolha.

"Nós encarnaremos a mudança de verdade que o Brasil precisa", discursou. "Ética e política não devem ser divorciadas como estão na mente de tantos brasileiros."

No evento, Aécio apresentou um conjunto de 12 diretrizes que constituirão os pilares de sua campanha. Intitulado "Para mudar de verdade o Brasil", o documento faz acenos ao agronegócio, defende compromissos com a ética, melhorias na gestão e mais autonomia para Estados e municípios, entre outros pontos. O tom geral das colocações é sempre genérico;

Se dizendo "preparado para o debate", Aécio prega que educação, saúde e segurança serão prioridades do PSDB. E, com fortes ataques ao governo, aposta na tradicional polarização "nós contra eles" em relação ao PT.

A insistência nessa estratégia, além da decisão sobre o formato do evento de ontem, foram o estopim do divórcio do tucano com o marqueteiro Renato Pereira, conforme aFolha revelou ontem.

Ambos vinham discordando sobre a melhor mensagem para encerrar o ano. Além de reprovar o que o debate eleitoral seja centrado no "nós (tucanos) contra eles (petistas)", Pereira queria que o evento de ontem fosse algo menos genérico e mais voltado para o eleitor real.

Interlocutores do senador disseram que, ao ver suas sugestões pouco ou raramente acatadas, o marqueteiro decidiu se afastar. Partiu de Pereira, e não do senador, a formalização do rompimento, no último 5 de dezembro.

Ontem, tucanos ligados ao senador reagiram. "O contrato já tinha sido feito até dezembro porque ele estava no estágio probatório e, na visão da Executiva do partido, ele não foi aprovado", disse o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), aliado de Aécio.

Desprendimento
No evento de ontem, Aécio destacou comparações entre as gestões do PT (2003-2013) e do PSDB (1995-2002), defendendo o legado de Fernando Henrique Cardoso.

"Não podemos assistir passivamente à tentativa de alguns de reescrever a história ou tentar convencer os mais jovens de que o Brasil foi descoberto em 2013", disse.

O senador criticou ainda política econômica de Dilma, dizendo que enquanto o PSDB "criou a responsabilidade fiscal", o PT criou a "contabilidade criativa", em referência às manobras fiscais usadas para fechar as contas do governo.

Em outro ponto, Aécio afirmou que o Poder Legislativo está "de cócoras" em relação ao "poder absoluto do governo central".

O evento ocorreu um dia após o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), sempre visto como alternativa do partido para a eleição presidencial, postar numa rede social mensagem interpretada pela sigla como uma sinalização de apoio à candidatura do mineiro.

"Não deixo de reconhecer que é um gesto importante na direção da unidade partidária e é um gesto que eu chamaria de desprendimento do ex-governador", disse Aécio.

Fonte: Folha de S. Paulo

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