sábado, 21 de dezembro de 2013

Campos diz que ‘alianças conservadoras’ levaram governo Dilma a se transformar em ‘geleia’

Em entrevista a uma rádio, pré-candidato em 2014 sugeriu a presidente seguir bons exemplos de FH e Lula e elogia Aécio

Letícia Lins

A presidenta Dilma Rousseff e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, na entrega da plataforma P-62, na terça-feira Hans Von Manteuffel / Agência O Globo
RECIFE - O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), pré-candidato à Presidência em 2014, sugeriu nesta sexta-feira que a presidente Dilma Rousseff procure se espelhar nos bons exemplos deixados para o país pelos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Campos, os dois souberam manter e ampliar as conquistas que receberam como heranças de governos anteriores. E afirmou ainda que o que o Brasil necessita de pessoas que possam contribuir para uma política e um país melhor, entre as quais se incluem o também presidenciável Aécio Neves (PSDB).

- A gente não pode imaginar que Aécio, ou o PSDB, seja pior do que muita gente que esteve na base de apoio ao presidente Lula - disse Campos durante uma entrevista na rádio Jornal do Commercio, o mesmo em que Dilma falou na última quarta-feira.

Campos disse também que as “alianças políticas conservadoras” levaram o governo Dilma a se transformar em “uma geleia“. O governador, no entanto, lembrou de ter dado apoio a presidente em 2010 “com a certeza de que ela manteria as conquistas do governo Lula, que tinha 80 por cento de popularidade e quando o país crescia a 7,5%”.

- Achávamos que o governo (Dilma) saberia pegar as conquistas de Lula e iria adiante, como Lula soube aproveitar as do governo Fernando Henrique. Ele soube preservar as conquistas do governo anterior, e ampliou o crédito, o emprego, a presença do ensino técnico, resgatou a indústria naval brasileira, fez uma série de iniciativas na área social e na economia que foram muito importantes para o país e o Nordeste. Achávamos que Dilma emprestaria à gestão um planejamento de longo prazo, que amadurecesse a questão do projeto estratégico para o Brasil, melhorasse a governança e ampliasse as conquistas de Lula. Mas na economia a crise de expectativa se instalou, e o Brasil começou a perder conceitos internamente e externamente. O resultado foi um pibinho (em 2012) e um crescimento baixo. Quando a gente mede os três últimos anos comparando com o que vinha, dá a metade. E isso coloca em risco nossas conquistas E justificou:

- Não é crítica pessoal, mas olhar para o futuro. Tem de se pensar no que pode ser feito de novo pelo país, mas que preserve as conquistas. Como Fernando Henrique fez (em relação ao antecessor, Itamar Franco), ao preservar a estabilidade e a democracia. Lula chegou, e muita gente não deu crédito. Mas ele também preservou a estabilidade, fez crescer a economia e colocou o país em um ciclo de inclusão social que precisa prosseguir. Se o Brasil parar a economia, do jeito que está parando, a gente vai desmanchar o que estava feito.

Na última terça-feira, Campos e Dilma participaram juntos da cerimônia de entrega da plataforma P-62, em Ipojuca (PE). No início do evento, a presidente fez questão de enaltecer a “relação fraterna” e o “alto nível das relações” que sempre pautaram a convivência dela com Campos.
Para o governador, as alianças que Dilma tem feito são ainda mais conservadoras do que as de Lula:

- O governo parte para aliança mais ampla e mais conservador ado que tinha sido feita. Esse atual (o governo) é mais conservador do que o de Lula, porque naquele havia mais gente progressista, com presença de gente que militou no campo democrático, militou na esquerda. Agora, a coisa cada vez marcha para o campo tradicional, para uma coisa que é uma geleia, um arranjo político que nada tem a ver como fôlego necessário para um ciclo novo, como o que demanda a sociedade.
O governador, que recentemente reuniu-se com o senador Aécio Neves, no Rio, lembrou que não sobe no mesmo palanque do tucano desde 1985, mas que, desde então, mantém com ele relação de respeito e entendimento político.

- Já conversei muito com Aécio, para ajudar na governança, quando Lula era Presidente. Isso é fato.Acho que tem muita gente próxima 'a campanha dele que merece muito respeito. A gente precisa fazer o encontro no Brasil das pessoas que podem contribuir para melhorar a política e por um país melhor. A gente não pode imaginar que Aécio, ou do PSDB, seja pior do que muita gente que esteve na base do Presidente Lula. Se a gente não pensa assim, não vai estar 'a altura do que a cidadania quer da política. Quer que ela melhore, e não que piore, afirmou o governador.
Campos destacou ainda que eventuais divergências com a Rede Sustentabilidade, da ex-ministra Marina Silva, não são tão grandes como se apregoa:

- Fizemos um levantamento em 20 estados e já está tudo resolvido. Qual outra aliança já está com a situação resolvida em 20 estados?

Fonte: O Globo

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