quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Dilma lista feitos e alfineta rival

Presidente aproveita café da manhã com imprensa para responder a provocações do pré-candidato tucano e volta ao tema da "herança maldita" deixada pelo governo FHC

Grasielle Castro, Paulo de Tarso Lyra

Apesar de afirmar que está preocupada em governar e que só vai pensar nas eleições presidenciais no ano que vem, a presidente Dilma Rousseff devolveu ontem, em dois momentos, as provocações feitas pelo pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG). Ao ser questionada, durante café de fim de ano com jornalistas, no Palácio do Planalto, sobre as declarações do tucano de que pretende “reestatizar a Petrobras”, a presidente não escondeu a ironia. “Isso é sério? Ah, vão? É sério? A Petrobrax? Vai voltar a ser Petrobras? Não vou nem comentar. Esse papo de falar que vamos reestatizar a Petrobras não é sério. O governo é o controlador da Petrobras. Faça o que fizer, estamos nos conselhos”, provocou a presidente.

A resposta de Dilma foi uma referência à decisão do governo de Fernando Henrique, em 2000, de alterar o nome da Petrobras para Petrobrax, em uma tentativa de aumentar o processo de internacionalização da empresa. No discurso feito na segunda, Aécio — que também incluiu o Banco do Brasil no rol daqueles que precisavam ser reestatizados — afirmou que o PT aparelhou os órgãos públicos para empregar os companheiros e que é preciso devolver essas instituições para a população brasileira.

Mais cedo, durante entrevista a rádios do Recife, ela também havia respondido ao presidenciável tucano. Aécio disse, durante evento do PSDB, que manteria o Programa Mais Médicos, mas pagaria aos médicos cubanos os R$ 10 mil de salário, porque o governo brasileiro não pode “financiar uma ditadura com base em programa oficial”. Dilma lembrou que os tucanos repetem a estratégia já adotada em relação ao Bolsa Família, que já foi chamado de bolsa-esmola pelos oposicionistas. “Agora que o programa (Mais Médicos) está dando certo, é óbvio que vão apoiar”, devolveu Dilma.

Aécio reagiu às declarações da presidente, dizendo que as ações positivas do governo atual, “que não são muitas”, serão continuadas e aperfeiçoadas. O tucano rechaçou a acusação de Dilma de que a oposição atacava o Bolsa Família no início. “Como ela agora se mostra muito conectada com as redes, sugiro que ela entre no YouTube e coloque lá: presidente Lula, 2002, esmola. Ela vai ver que foi seu tutor quem chamou os programas Bolsa Escola e o Bolsa Alimentação, que originaram o Bolsa Família, de esmola”, alfinetou Aécio.

No início do café da manhã com jornalistas, Dilma foi questionada sobre qual seria, em sua opinião, o adversário mais competitivo em 2014 — o senador Aécio Neves ou o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). “Olha, querida, na minha agenda ainda eu não cheguei a este momento, que é o momento eleitoral, eu estou aquém dele. Então, vou permitir te dizer que eu não vou me manifestar sobre isso. E muito menos sobre essa pergunta”, afirmou.

Concessões
Apesar do despiste, o tom político predominou. Em um dos trechos da conversa, por exemplo, ela relembrou um debate tão caro aos petistas: a herança maldita. “Nós superamos problemas herdados do passado. Um deles, que era a inflação descontrolada, nós superamos; robustez fiscal, nós superamos; ter uma capacidade de resistir às oscilações cambiais internacionais, nós conseguimos fazer”, ressaltou.

Ao defender a política de concessões de seu governo, mais uma vez, o alvo foi o governo de Fernando Henrique Cardoso. Dilma reclamou que precisou desfazer amarras do passado e superar a falta de investimentos em vários setores, como as rodovias. “A gente vive correndo atrás da máquina, temos um deficit de investimento neste país. Vamos lembrar quando é que investiram em rodovia. Vou lembrar quando. Sabe quando? E eu estou tentando arrumar até hoje”, criticou.

Ela citou o processo de federalização de rodovias, promovido no fim do governo FHC, como uma tentativa de acelerar os investimentos públicos no setor. “Passaram um dinheiro para fazer o investimento e o investimento, muitas vezes, não foi realizado. Até porque eu desconfio que não era muito para fazer investimento, era para resolver fechar o caixa (do governo federal)”, declarou a presidente. Sem citar a oposição, a presidente também disse que uma coisa absolutamente imperdoável é um governo pessimista.

Fonte: Correio Braziliense

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