segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Papa responde críticas de conservadores: ‘Não sou marxista’

Francisco também negou que pretenda nomear uma cardeal feminina e disse que está fazendo progresso para sanear finanças do Vaticano

ROMA — Depois de ser acusado de marxista por suas críticas ao capitalismo no mês passado, o Papa Francisco rejeitou as críticas e pediu mais atenção aos pobres. Em declarações ao jornal italiano “La Stampa”, o Pontífice argentino disse que os pontos de vista defendidos por ele - que o radialista americano Rush Limbaugh atacou como “dramáticos, embaraçosos e errados” - eram simplesmente os da doutrina social da Igreja. Francisco também negou que pretenda nomear uma cardeal feminina, disse que está fazendo um bom progresso para sanear as finanças do Vaticano e confirmou que irá visitar Israel e a Palestina no ano que vem.

- Não estava falando como um técnico, mas de acordo com a doutrina social da Igreja Católica Romana, e isso não me transforma em um marxista. Estava apenas tentando mostrar um recorte do que estava acontecendo no mundo - afirmou.

No documento, considerado uma plataforma do seu papado, Francisco atacou o capitalismo como “uma nova tirania” e disse que “a economia de exclusão e desigualdade” matou pessoas ao redor do mundo, causando decepção a críticos conservadores. Limbaugh, que não é católico, afirmou que partes do documento eram “marxismo puro saindo da boca de um Papa” e sugeriu que alguém escreveu o documento por ele. O radialista também acusou o Pontífice de passar dos limites do catolicismo e ser “puramente político”. Em resposta às acusações, que iniciaram um debate na mídia e em blogs americanos, Francisco, membro da ordem dos Jesuítas defendeu que “a ideologia é errada”, mas que conhece boas pessoas que são marxistas.

- Na minha vida, conheci muitos marxistas que são boas pessoas, então não me sinto ofendido.

A entrevista de 95 minutos, foi realizada na terça-feira passada pelo correspondente do jornal do Vaticano, Andrea Tornielli, e publicada neste domingo. Francisco tocou em muitos dos temas que dominaram seus primeiros nove meses como chefe da Igreja Católica, como o sofrimento dos pobres e sua agenda de reformas. Sobre as especulações de que estaria pensando em nomear uma cardeal feminina ano que vem, foi enfático.

- Eu não sei da onde essa ideia saiu. As mulheres na Igreja deveriam ser valorizadas, mas não virarem clérigos.

Para ele, as reformas financeiras estão “no caminho certo”, mas ainda não decidiu o que fazer com o Banco do Vaticano, envolto em escândalos nas últimas décadas. Francisco também contou que está “quase preparado” para visitar a Terra Sagrada no ano que vem, quando completa 50 anos desde que o Papa Paulo VI se tornou o primeiro nos tempos modernos a visitar o local. O convite para a visita partiu de Israel e da Autoridade Palestina. Ela deve ser realizada em maio ou junho.

Fonte: O Globo

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