quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

PIB cai 0,5% e tem pior trimestre em 4 anos

Depois de surpreender positivamente no primeiro semestre, a economia brasileira encolheu 0,5% entre julho e setembro ante o trimestre anterior, segundo o IBGE. Foi o primeiro saldo negativo e o pior resultado desde o início de 2009, quando o PIB sofria os efeitos da crise mundial. O investimento caiu 2,2% e foi um dos responsáveis pela perda de ritmo da economia. Também a agropecuária e o setor externo contribuíram para o fraco desempenho. O mercado financeiro já previa resultado negativo, mas a queda superou a média das estimativas, que era de 0,2%. O cálculo agora é de alta de 2,15% a 2,5% do PIB para 2013 e entre 1,1% e 2,6% em 2014. O ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que é “perfeitamente possível” chegar a 2,5% de crescimento no ano

PIB tem pior resultado em quatro anos e economistas cortam previsões para 2014

Economia encolhe mais do que o previsto no terceiro trimestre, puxada pelo resultado ruim do investimento e da agricultura, e leva bancos e consultorias a revisarem as projeções para um crescimento entre 2,15% e 2,5% em 2013 e entre 1,1% e 2,6% no ano que vem

Mônica Ciarelli, Vinícius Neder | Rio, Fernando Nakagawa, Correspondente / Londres

Depois de surpreender positivamente no primeiro semestre, a economia brasileira encolheu 0,5% entre julho e setembro deste ano ante o trimestre anterior. Foi o primeiro saldo negativo e o pior resultado da economia desde o início de 2009, quando o produto interno bruto (PIB) brasileiro ainda sofria com mais intensidade os efeitos da crise financeira mundial provocada pela quebra do banco americano Lehman Brothers.

O mercado financeiro já esperava desempenho negativo para os dados anunciados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas chamou a atenção a magnitude da queda, superando a média das estimativas do mercado financeiro, na casa dos 0,2%. Na comparação internacional feita pelo instituto, a economia brasileira aparece na lanterna de uma lista de 13 países.

A piora de cenário detonou, entre bancos e consultorias, uma onda de revisões para baixo das projeções para o PIB deste ano e de 2014. Uma pesquisa feita depois da divulgação do PIB pelo serviço AE Projeções, da Agência Estado, com 22 instituições financeiras, mostra que o mercado começa a falar numa economia mais fraca no ano que vem do que neste ano.

As estimativas para 2013 variam de alta de 2,15% a 2,5%, e entre 1,1% e 2,6% em 2014. Em 30 de agosto, no levantamento realizado após o anúncio do PIB do segundo trimestre, os analistas previam alta de 1,9% a 2,7% no PIB de 2013 e de 1,7% a 3% para 2014. O movimento de revisões ganhou força também com a safra de ajustes feitos pelo IBGE em resultados trimestrais do PIB já divulgados. O crescimento da economia em 2012 passou de 0,9% para 1%.

O número foi bem diferente do antecipado pela presidente Dilma Rousseff na semana passada. Em entrevista ao jornal El País, Dilma afirmou que o dado revisado subiria para 1,5%.

Logo que os dados das contas nacionais foram divulgados, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, saiu em defesa da presidente. Segundo ele, o número era um "ensaio interno" do governo e a revisão definitiva do PIB de 2012 pelo IBGE ainda demorará dois meses para ser concluída. "O que vale é sempre a última revisão", disse.

Para o quarto trimestre, o ministro se mostrou confiante. Segundo ele, os números do PIB "certamente serão positivos", com o investimento em uma trajetória de crescimento.

No terceiro trimestre, oinves-timento foi um dos responsáveis pela perda de ritmo da economia nacional. Pelos dados do IBGE, diminuiu 2,2% ante os três meses anteriores. No ano, porém, ainda contabiliza alta de 6,5%. Já do lado da oferta o encolhimento do PIB foi puxado pelo segmento agropecuário, com o fim da safra de soja, cujo peso no setor é elevado.

Já a indústria e os serviços tiveram uma contribuição quase nula. O fraco desempenho do setor externo também ajudou a segurar a economia no vermelho entre julho e setembro.

Responsável pela pesquisa, Roberto Olinto, do IBGE, admite que o resultado pode indicar desaceleração. No entanto, pondera, o dado negativo ainda é pontual e o PIB acumula alta de 2,4% no ano até setembro.

Para alguns analistas, o PIB em marcha à ré amplia o risco de rebaixamento da nota do Brasil, uma ameaça real no caso da Standard & Poor7s (S&P), que mudou a perspectiva do rating do País para negativa em junho.

• Repercussão
"Com esse resultado do terceiro trimestre, de -0,5%, isso favorece um crescimento no quarto trimestre."
Guido Mantega
MINISTRO DA FAZENDA
"A retração de 0,5% no PIB é um sinal preocupante... Creio que precisamos trabalhar para ganhar o ano de 2014."
Eduardo Campos
GOVERNADOR DE PERNAMBUCO
"Vários segmentos voltaram a recuar após períodos de expansão. Isso ocorreu com a agropecuária."
Luiz Gonzaga Belluzzo
SÓCIO-DIRETOR DA NOBEL PLANEJAMENTO

Fonte: O Estado de S. Paulo

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