domingo, 1 de dezembro de 2013

Pós-Marina, Campos sai em busca do discurso perdido

Pré-candidato do PSB tenta se reaproximar do empresariado e aplacar o susto causado por sua união com Rede

Maria Lima

O fato novo do casamento de Eduardo Campos com Marina Silva passou e o pré-candidato do PSB a presidente da República não deslanchou como esperava. Analistas políticos identificam uma clara mudança no comportamento de Campos no periódo pós-Ma~ rina: ele tem aparecido mais inseguro nas entrevistas, está pisando em ovos para adequar o discurso ao da ex-senadora.

Passados a lua de mel e o impacto inicial causado pela aliança entre PSB e Rede, Campos discute, no momento, estratégias para recuperar terreno nas articulações para 2014, tanto na área política como na empresarial, afetadas pelo perfil de militante ambiental de Marina.

Mas os socialistas dizem que este é um casamento sem volta. Sem Marina, o governador de Pernambuco aparece nas pesquisas com cerca de 9% de intenções de voto. Sem Eduardo, Marina tem cerca de 15%. Mas os
dois juntos alcançam 20%, e passam à frente do tucano Aécio Neves, segundo pesquisas internas.

Cientista político da FGV/USP, o professor Fernando Abrucio avalia que, atualmente, Campos está em pior situação do que imaginaria estar quando ganhou a adesão de Marina. E diz que é preciso dar uma virada.

— Há muitas incógnitas em relação ao resultado desta aliança daqui para frente. Eduardo precisa resolver a história dele com Marina; o lugar que ela vai ocupar na chapa precisa ser definido logo. E ainda tem a delicada questão da compatibilização programática. Ou seja, os dois precisam resolver esse casamento de uma vez por todas — diz Abrucio.

Em busca do apoio perdido
Tentando recuperar apoios perdidos com o chamado "susto Marina" em seu maior reduto, o empresarial, onde já vinha se consolidando, o pré-candidato do PSB tem pelo menos uma proposta já exposta aos representantes do setor; em conversas nas últimas semanas.

Campos propôs que, no caso de parcerias público-privadas e das concessões, seu governo garantiria um retorno mínimo para o investidor. Após sete anos, se desse tudo errado, o governo daria uma compensação à iniciativa privada. Ele acredita que esse compromisso irá recuperar a credibilidade do governo e revolucionar os investimentos no país.

— Eduardo ganhou uma fatia do eleitorado de Marina, mas perdeu o discurso. Está tenso, com medo de contrariar Marina e seus seguidores — diz um interlocutor de Campos, que trabalha para a campanha voltar a ter mais empolgação.

Na última sexta-feira, Campos fez palestra para cinco mil produtores rurais do Paraná, em evento promovido pela Federação da Agricultura. Sobre Marina, ele procurou tranquilizar:

— Nós temos clareza de importância social e econômica do campo para o Brasil. Queremos nos aproximar, para sermos entendidos e para entender.

Fonte: O Globo

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