quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Aécio Neves: qual PT?

Ao escolher comemorar o seu aniversário falando do PSDB, o PT transformou o nosso partido no convidado de honra da sua festa. Eu aceito o convite até porque temos muito o que dizer aos nossos anfitriões.

Apesar do esforço do partido em se apresentar como redentor do Brasil moderno é justo assinalar algumas ausências importantes na celebração petista.

Nela, não estão presentes a autocrítica, a humildade e o reconhecimento. Essas são algumas das matérias primas fundamentais do fazer diário da política e que, infelizmente, parecem estar sempre em falta na prática dos nossos adversários.

Mas afinal, qual é o PT que celebra aniversário hoje?

O que fez do discurso da ética, durante anos, a sua principal bandeira eleitoral, ou o que defende em praça pública os réus do mensalão?

O que condenou com ferocidade as privatizações conduzidas pelo PSDB ou o que as realiza hoje, sem qualquer constrangimento?

O que discursa defendendo um Estado forte ou o que coloca em risco as principais empresas públicas nacionais, como a Petrobras e a Eletrobras?

O Brasil clama por saber: qual PT aniversaria hoje?

O que ocupou as ruas lutando pelas liberdades ou o que, no poder, apoia ditaduras e defende o controle da imprensa?

O PT que considerava inalienáveis os direitos individuais ou o que se sente ameaçado por uma ativista cuja única arma é a sua consciência?

Aécio Neves , senador (PSDB-MG), em discurso, ontem, na tribuna do senado

Manchetes de alguns dos principais jornais do país

O GLOBO
Lula lança Dilma, e Aécio parte para o ataque
BC aponta um ‘Pibinho’
Comércio exterior: E os russos levaram a melhor
Antes de receber presos: Rondônia também registra ataques
Yoani no Congresso: Deputados batem boca por blogueira

FOLHA DE S. PAULO
Lula lança Dilma à reeleição; Aécio diz
que 'Brasil parou'
Estimativa do BC para o PIB de 2012 é a pior em três anos
Torcedor de 14 anos morre durante jogo do Corinthians
Médica presa em Curitiba fala em 'desentulhar UTI' de hospital
Câmara de SP decide investigar acusações contra Aurélio Miguel

O ESTADO DE S. PAULO
Em ato, PT ataca tucano e reforça Dilma candidata
Aécio critica governo
BC aponta que economia cresceu pouco em 2012
Tumulto marca ida de Yoani a Brasília

VALOR ECONÔMICO
Lista para novas concessões em portos surpreende setor
Acordo limita soberania na zona do euro
"O que governa o Brasil é a lógica da reeleição", diz Aécio

BRASIL ECONÔMICO
Brasil compra armamento e Rússia levanta o embargo contra a carne
Lula:PT precisa de mais tempo para mudar o país
Governo prepara ajustes técnicos na MP de privatização dos portos
PIB medido pelo BC cresceu 1,64% em 2012 e deve acelerar este ano
Na mira da Receita

CORREIO BRAZILIENSE
Acredite! R$12,8 mil
Dilma e Aécio já estão em campanha
Lucro da Caixa cresce após redução de juros
Grupo EMS investe nos EUA e avalia o Aché

ESTADO DE MINAS
Guerra de discursos dá largada para 2014
Conta da CEMIG deve cair 11%
Consumo das famílias: Moradores de favelas gastam R$ 56 bi ao ano

O TEMPO (MG)
Maior uso de termelétricas explica aumento na tarifa
Favelas brasileiras consomem o equivalente à Bolívia inteira
Dia de campanha presidencial

GAZETA DO POVO (PR)
Investigação no Evangélico é por homicídios, diz polícia
Em festa, PT abre campanha e critica oposição
Juro baixo faz crédito na Caixa crescer
Turista deve ter imposto restituído

ZERO HORA (RS)
Em uma hora, chuva para 19 dias
Brasil avançou 1,64% em 2012 e desacelerou em dezembro
Lula lança candidatura de Dilma à reeleição

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Eduardo quer reunir 100% dos prefeitos
Estado reage à perda de poder em Suape

Lula lança Dilma, e Aécio parte para o ataque

Mensaleiros são recebidos com festa no evento pelos dez anos do PT no Planalto

Cobrado a assumir comando da oposição para 2014, tucano atacou gestão de petistas e afirmou que Brasil parou; "Podem juntar quem quiserem. Vamos dar como resposta a reeleição de Dilma," rebateu ex-presidente

Com mais de um ano de antecedência, petistas e tucanos deram a largada para a campanha de 2014. Em São Paulo, a comemoração pelos dez anos do PT no poder se transformou no pré-lançamento da candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição. Em Brasília, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) atacou a gestão do PT: "Hoje quem governa o país é a lógica da reeleição." Na festa dos petistas, o ex-presidente Lula reagiu: "Vamos dar como resposta a reeleição de Dilma." Mensaleiros como José Dirceu e José Genoino foram recebidos com entusiasmo.

2014, o ano que já começou

Após críticas de Aécio, Dilma diz em festa do PT que oposição produz "ecos dissonantes"

Com mais de um ano de antecedência, petistas e tucanos deram a largada para a campanha à Presidência de 2014. Em São Paulo, a festa de comemoração dos 10 anos do PT no poder se transformou num pré-lançamento da candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição. O seminário teve como tema a redução da miséria - que deverá ser a principal bandeira de Dilma em sua estratégia para continuar no cargo.

Pouco antes, em Brasília, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) usou a tribuna do Senado para fazer seu discurso mais forte desde que iniciou seu mandato. Cobrado dentro e fora do seu partido para assumir a condição de pré-candidato tucano ao Palácio do Planalto, Aécio exibiu os argumentos com os quais tentará impedir a recondução de Dilma e procurou desmontar a imagem de gerente eficiente, por ela usada nas últimas eleições presidenciais.

- Os pilares da economia estão em rápida deterioração, colocando em risco avanços que o país levou anos para implementar, como a estabilidade da moeda. A grande verdade é que, nestes dez anos, o PT está exaurindo a herança bendita que o governo Fernando Henrique lhe le disse Aécio.

À noite, Dilma respondeu às críticas dizendo ouvir na oposição "ecos dissonantes, com timbres de atraso".

Fonte: O Globo

Lula lança candidatura de Dilma e provoca PSDB

Líder petista diz que está pronto para discutir corrupção com tucanos; presidente afirma que "jamais abandonou os pobres"

Sérgio Roxo, Silvia Amorim

SÃO PAULO - Ao lançar ontem a candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, durante o ato de comemoração dos dez anos do PT no poder, em São Paulo, que quer discutir corrupção com o PSDB. Após uma série de ataques aos tucanos, Lula encerrou o seu discurso com um pedido aos militantes presentes, incluindo condenados à prisão no julgamento do mensalão, como o ex-ministro José Dirceu e os deputados José Genoino e João Paulo Cunha:

- Nós vamos dar como resposta a eles (referindo-se aos tucanos) a reeleição da Dilma em 2014. É essa a consagração da política do Partido dos Trabalhadores.

Sobre os escândalos que surgiram em seu período como presidente, Lula disse não há governo que tenha combatido mais a corrupção do que o do PT:

- Duvido que tenha um governo que tenha implantado mais transparência no combate à corrupção. A nossa diferença nestes dez anos é que há dois tipos de sujeiras: uma aparece, a outra se esconde. Queremos fazer esse debate com eles, com a opinião pública, com a imprensa, no nível que queremos, porque fizemos mais e melhor.

Ao lado de Lula, a quem chamou de o "grande líder da década", Dilma disse que a oposição emite "ecos dissonantes". Além de exaltar seu antecessor, Dilma disse que o governo não está "abandonando os pilares da economia".

- A característica marcante e diferenciada desta década é que ela tem e teve um líder. E esse líder se chama Luiz Inácio Lula da Silva. Nós todos aqui presentes somos construtores, mas tivemos um líder. O povo sabe que o nosso governo jamais abandonou os pobres. E é por isso que a miséria está nos abandonando. Essa é a década da esperança, do otimismo, da reconstrução nacional, da autoestima e do despertar da força do nosso povo (...) Aqueles que apostam no contrário irão amargar sérios prejuízos econômicos e políticos. Erram aqueles que acham que estamos abandonando os pilares da nossa economia - disse Dilma

A presidente, que enfatizou os programas sociais dos governos petistas e a meta de erradicação da miséria, não perdeu a oportunidade de criticar a oposição.

- Ao lado do som alegre e comemorativo de milhões de pessoas, escutamos alguns ecos dissonantes, com timbres do atraso. Saúdo isso como uma grande sinfonia democrática - afirmou Dilma.

Já Lula criticou o discurso do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que ontem, no Senado, listou o que chama de principais erros do PT.

- Peguei um discurso que um dos nossos possíveis adversários em 2014 fez hoje, tentando mostrar os 13 erros do PT. É uma coisa muito interessante porque vai permitir que os nossos senadores sintam prazer em debater com ele.

Lula disse que a oposição está "fragilizada".

- Eles estão inquietos, porque percebem que estão sem valores, sem discurso e sem propostas, porque qualquer coisa que pensarem em fazer, nós fizemos mais e melhor.

Para Lula, "na falta de oposição", esse papel vem sendo exercido pela imprensa.

Esse tema foi abordado pelo presidente do PT, Rui Falcão. A regulamentação dos meios de comunicação no país foi abordada por Falcão:

-É inadiável o alargamento da liberdade de expressão no país. O alargamento da democracia nos meios de comunicação, tal como está previsto nos artigos da Constituição - disse.

O presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann, rebateu as críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à cartilha elaborada pelo PT para o evento de ontem. FH disse que as comparações feitas na cartilha são "coisa de criança".

- Ela foi feita por gente adulta, estudiosa, gente que está transformando o Brasil e que identifica o povo como protagonista dessas mudanças. As crianças fazem parte também, mas não são as crianças (que fizeram) - disse.

Lula também comentou a declaração de FH:

- Vi o nosso querido ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nervoso. (Dizendo) isso é coisa de criança, o PT não cresceu, quer comparar.(...), nós não temos medo de comparação.

Fonte: O Globo

Aécio ataca PT e diz que lógica da reeleição move governo

Provável rival de Dilma na eleição afirma que "incapacidade de gestão" da presidente põe em risco avanços obtidos por FH

Maria Lima

BRASÍLIA - Em tom mais moderado do que o esperado por setores tucanos, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) marcou sua entrada na arena da disputa presidencial , em discurso ontem no Senado, em pelo menos dois momentos: ao deixar claro que seu alvo era a presidente Dilma Rousseff, sua provável adversária em 2014; e ao explorar o aspecto da tolerância democrática, em contraponto aos protestos de petistas e comunistas contra a presença da blogueira cubana Yoani Sánchez no Congresso. No discurso em que listou o que chamou dos "13 fracassos" de dez anos de governo petista, Aécio enumerou as ações que, acredita, culminaram na exaustão da "herança bendita" do governo Fernando Henrique, centrando fogo no PT e na estratégia de desconstruir a imagem de boa gestora da presidente Dilma, mas evitando críticas diretas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Explorou também a questão da ética, citando a condescendência de setores do PT com a corrupção, mas sem fazer citação direta aos petistas condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão.

Mesmo negando que o discurso tenha sido de lançamento de sua candidatura, concluiu sua fala com uma certeza: a de que o jogo de 2014 já está sendo jogado.

- Se constata aqui o irremediável: não é mais a presidente que governa. Quem governa o Brasil é a lógica da reeleição.

Referindo-se na maior parte das vezes ao atual governo, o tucano citou o baixo crescimento econômico (ontem, o Banco Central estimou em 1,35% o PIB de 2012), os gargalos da infraestrutura, a inflação e a queda na produção industrial para dizer que no PT está exaurindo a herança bendita que o governo Fernando Henrique lhe deixou:

- A ameaça da inflação, a quebra de confiança dos investidores, o descalabro das contas públicas são exemplos de crônica má gestão - disse. - Todas as vezes em que o PT teve de optar entre o Brasil e o PT, ficou com o PT. A presidente Dilma Rousseff chega à metade do mandato longe de cumprir promessas de campanha (&). A incapacidade de gestão se adensou, e a verdade é que o Brasil parou. Os pilares da economia estão em rápida deterioração, colocando em risco avanços que o país levou anos para implementar, como a estabilidade da moeda.

Ao detalhar os 13 pontos em que, na sua análise, o governo petista falhou, Aécio citou o nome de Dilma quatro vezes e o governo e a Presidência da República outras quatro. Lula foi lembrado apenas em menção indireta, quando tratou do episódio em que ele e Dilma sujaram as mãos de óleo para propagar a autossuficiência de petróleo - acusando o governo petista de se sustentar na propaganda, no marketing político.

Aécio começou o discurso com várias perguntas sobre qual PT está comemorando dez anos de governo e 33 anos de existência. Aproveitando a polêmica em torno da presença de Yoani Sánchez ontem no Congresso, o tucano atacou:

- Mas afinal, qual é o PT que celebra aniversário hoje? O que fez do discurso da ética, durante anos, a sua principal bandeira eleitoral, ou o que defende em praça pública os réus do mensalão? O PT que considerava inalienáveis os direitos individuais ou o que se sente ameaçado por uma ativista cuja única arma é a sua consciência?

A fala de Aécio durou pouco mais de uma hora e, ao contrário do que se esperava, o acalorado debate entre senadores governistas e de oposição foi inviabilizado pelo rigor do presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), que impediu apartes alegando que o tempo do tucano estava estourado. Ao contrário de outros discursos importantes no plenário, que entraram pela noite, desta vez só tiveram direito de apartear dois tucanos e um petista.

O seu discurso, no dia da festa do PT, segundo Aécio, foi motivado pelos próprios petistas, que, ao escolher comemorarem o seu aniversário com críticas ao PSDB, transformaram os tucanos nos convidados de honra da festa:

- Eu aceito o convite, até porque temos muito o que dizer aos nossos anfitriões. A verdade é que hoje seria um bom dia para que o PT revisitasse a sua própria trajetória, não pelo espelho do narcisismo, mas pelos olhos da história. Até porque, ao contrário do que tenta fazer crer a propaganda oficial, o Brasil não foi descoberto em 2003.

Fonte: O Globo

Dirceu e mensaleiros são recebidos com entusiasmo em festa do PT

Condenados pelo STF não tiveram lugar na mesa de Lula e Dilma

Sérgio Roxo, Silvia Amorim

SÃO PAULO - Os petistas José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha, condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão, foram recebidos com entusiasmo ontem à noite na chegada para o evento organizado pelo PT para comemorar os dez anos do partido no governo federal, realizado num hotel no Parque do Anhembi, em São Paulo. Os deputados federais Genoino e João Paulo Cunha chegaram por volta das 18h30m e foram saudados pelos petistas presentes. Dirceu chegou meia hora mais tarde, e os petistas chegaram a formar fila para cumprimentá-lo.

Os mensaleiros não foram para a mesa e ficaram na plateia, mas sempre muito assediados por parte dos aproximadamente mil petistas presentes ao evento. Os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e Alexandre Padilha (Saúde) cruzaram com Dirceu na chegada, mas não o cumprimentaram. Até as 20h, os mensaleiros não haviam se encontrado com a presidente Dilma Rousseff ou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as estrelas do evento.

A Juventude do PT era a mais entusiasmada com os mensaleiros petistas. Integrantes da tendência chegaram a fazer uma camiseta em defesa de Dirceu. O filho do ex-ministro da Casa Civil, o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), chegou ao evento com uma delas na mão. A foto do ex-ministro está estampada na camiseta. Embaixo dela, estava escrito "inocente". Na parte de cima, "golpe das elites". Zeca descartou que o seu pai tenha sido escondido no evento por não ter ficado na mesa principal.

- Foi feito um palco pequeno. Não é possível comportar todo mundo. Acabou se dando prioridade a quem tem que ter prioridade, a presidenta, o ex-presidente, o presidente nacional do partido. É normal - disse Zeca, para quem o PT "tem sido solidário" com seu pai.

O deputado afirmou estar sofrendo com a perspectiva de Dirceu ir para a cadeia cumprir a pena de 10 anos e 10 meses a que foi condenado:

- Eu encaro com dificuldade. O coração dói, para mim é difícil, sou filho e amo meu pai.

Durante a espera até o início do evento, que começou com hora e meia de atraso, Dirceu mal ficou sentado na primeira fila da plateia do auditório diante dos cumprimentos de militantes e convidados. O petista distribuiu abraços, tirou fotos e foi, de longe, o mais assediado dos petistas condenados pelo STF.

O presidente do PSD, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, foi vaiado. Chamado para compor a mesa principal, foi hostilizado por boa parte dos presentes no auditório.

Fonte: O Globo

Campos evita festa do PT e inaugura conjunto habitacional no interior

Governador fala hoje para 184 prefeitos pernambucanos

RECIFE - Ao invés de participar da festa de aniversário do PT para a qual foi convidado, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), preferiu ontem manter a agenda no interior do estado. Viajou ao município de Timbaúba, a 98 quilômetros de Recife, onde inaugurou mais um conjunto habitacional do "Minha Casa Minha Vida", o maior daquela região, com 487 unidades e que exigiu investimentos de R$ 19 milhões de parceria entre o governo federal e o estadual.

As atenções do governo pernambucano e do PSB, no entanto, estão voltadas para o município de Gravatá, na região agreste, onde o socialista pretende reunir e falar hoje para os 184 prefeitos pernambucanos, 58 dos quais do seu próprio partido e mais de 120 que, embora filiados a outras legendas, rezam praticamente pela mesma cartilha do governador, cujo nome tem sido lembrado com insistência para a sucessão presidencial de 2014.

A assessoria de Campos confirmou que ele foi convidado a participar da festa do PT, mas que designou o vice presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, para representá-lo.

Fonte: O Globo

Eduardo testa estratégia de olho em 2014

Governo mobiliza prefeitos, parlamentares e dirigentes de Poderes para evento onde será exposto modelo de gestão do PSB

Débora Duque

Disposto a aproveitar o encontro com os prefeitos, que tem início hoje, em Gravatá (Agreste), para dar mais uma demonstração de força política, o governador Eduardo Campos (PSB) não mediu esforços na mobilização para o evento. Só se contentou com a garantia da presença de 100% dos gestores dos 184 municípios do Estado. Além de encarregar seus emissários da convocação geral, também ordenou a veiculação de uma chamada institucional para divulgar a reunião nas rádios da Região Metropolitana e do interior.

Embora o evento seja voltado aos prefeitos, o convite foi estendido a toda a bancada de senadores e deputados estaduais e federais como também a representantes de órgãos como o Tribunal de Contas do Estado, Tribunal de Justiça de Pernambuco e Ministério Público. Tudo para reforçar o slogan "Juntos por Pernambuco", que marca o encontro.

Ao conferir grande amplitude ao evento, uma das intenções de Eduardo é mostrar-se capaz de erguer o alinhamento político e administrativo com prefeitos que a presidente Dilma Rousseff (PT) ainda não conseguiu na esfera nacional. No encontro que promoveu com os gestores, em Brasília, Dilma foi alvo de críticas por frustrar as demandas da categoria em relação às medidas emergenciais para aliviar a situação financeira das prefeituras. Com raros opositores no Estado, Eduardo espera que suas medidas anunciadas, hoje, surtam um efeito diferente e sejam aclamadas pelos participantes. "O que houve de decepção dos prefeitos pernambucanos com o encontro com Dilma não vai se repetir nessa reunião promovida pelo governador", prevê Ettore Labanca (PSB), prefeito de São Lourenço da Mata e homem de confiança de Eduardo Campos.

O governo também pretende apresentar novos caminhos para o estabelecimento de parcerias com o Estado e outras formas de captação de recursos. Ciente de que uma das dificuldades das administrações municipais é financiar a elaboração de projetos e dispor de quadros técnicos capazes de executar essa tarefa, o governador quer disponibilizar a estrutura da máquina estadual para auxiliar as prefeituras nessa missão. Para os dois dias de evento, sediado no hotel Canarius, foram montados estandes temáticos a fim de repassar informações às equipes dos municípios. "Não adianta colocar recursos, como fez o governo federal, e não disponibilizar projetos já que as prefeituras menores, muitas vezes, não têm condições de elaborar. O governador vai atuar justamente nesse campo", antecipa Ettore.

Como anfitrião e protagonista do encontro, Eduardo Campos discursará na abertura e no fechamento do evento. Além dos secretários estaduais, também terão direito à palavra o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), e o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), ambos nomes que integram a vitrine política do PSB.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Eurico Figueiredo: 'Se vamos fazer críticas, elas não devem ser por conta dos acertos'

Diretor do Instituto de Estudos Estratégicos da UFF, o cientista político analisa os dez anos do PT no poder

Carolina Benevides

 Ao comemorar 10 anos no poder, o PT exaltou o combate à miséria, a classe C, o Bolsa Família...

Não há como negar que são pontos importantes. A hoje famosa classe C movimenta a indústria, compra, ajuda no crescimento do país. E o partido trabalhou para combater a injustiça social. Ainda que o começo de algumas políticas tenha sido no governo FH, o PT avançou muito.

O partido apontou ainda o crescimento econômico e a criação de empregos.

Os críticos gostam de dizer que não foi bem assim. Mas são fatos. Lula assumiu em 2003, fez alguns ajustes na política econômica do governo anterior e ainda percebeu que o país podia crescer pela via do consumo. Se vamos fazer críticas, elas não devem ser por conta dos acertos.

Devem ser por conta do quê?

A incapacidade de fazer o novo. O PT chegou ao poder e apostou no fisiologismo, no personalismo e no oligarquismo. Além disso, extirpou a bandeira da ética e repete o que o Brasil vê desde a República Velha. Ainda que alguns digam que tudo isso é por conta da governabilidade, o partido mostrou que falta capacidade política para mudar.

Por falar em ética, o PT não mencionou o mensalão...

Gostaria que o partido tivesse a grandeza de reconhecer e admitir seus erros. Mas nesse episódio tem prevalecido a arrogância.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) aproveitou a data para listar 13 erros cometidos pelo PT. Entre eles, o Brasil estagnado e perdendo credibilidade, e o PAC.

Todo mundo vê os gargalos na infraestrutura e o quanto isso atrapalha o país. O que o PT fez foi insuficiente, mas o problema vem de longe. A questão é: O PT vai ser capaz de equacionar esses gargalos? Sobre a estagnação do país, se o governo perder o controle da inflação pode ser que haja problema e que isso até prejudique a reeleição de Dilma. Agora, o Brasil não está perdendo a credibilidade.

Que legado o PT deixou nesses dez anos?

A década foi marcada pelo desenvolvimento. Houve estabilidade econômica mesmo com toda crise. Houve avanço na área social. E ministros do STF escolhidos pelo PT votaram contra o partido, mostrando independência. Agora, o país precisa ter posição clara no plano externo e trabalhar para manter o crescimento.

Fonte: O Globo

Luiz Werneck Vianna: 'A desigualdade social no Brasil ainda não diminuiu'

Para o professor de Ciências Sociais da PUC-RJ, apesar dos programas sociais do PT, a solução do problema é a educação

Cássio Bruno

Qual é a sua avaliação sobre os programas sociais do governo do PT?

São oportunos. Mas traduzir isso em categorias sociológicas como classe média me parece usurpação. É uma invasão da categoria para efeitos políticos.

No evento, os petistas falaram também sobre o crescimento do emprego e do aumento real do salário médio do trabalhador...

Houve melhorias em termos de empregabilidade e o aumento do salário mínimo. A questão que precisa ser posta é de que a desigualdade social no Brasil não diminuiu. O que pode operar de forma positiva neste sentido é a educação.

Em 10 anos, o PT foi bem sucedido na economia?

A taxa de juros diminuiu. Quanto a inflação, o que pesa diante de nós, é um horizonte nublado. Não se sabe o que vai ocorrer. São processos que estão em curso e dependendo das iniciativas da presidente Dilma agora.

E na questão da infraestrutura?

Está muito deficitária. Na logística do sistema produtivo brasileiro, perde-se dinheiro pelo caminho entre os centros produtores e os consumidores.

No mesmo dia, o senador Aécio Neves (PSDB) atacou o governo petista...

Como candidato que se credencia à liderança do principal partido opositor, Aécio tem de apresentar uma alternativa. Fato é que ele ainda não foi convincente e persuasivo neste papel.

Fonte: O Globo

Na cartilha, 'dois projetos distintos de Brasil'

Para exaltar os resultados da economia brasileira na última década, o PT apresentou a seus militantes uma cartilha que contrasta "dois projetos distintos de Brasil", com críticas ao modelo de desenvolvimento do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Economistas apontam, no entanto, que a política econômica desses dois períodos têm pontos em comum, que foram omitidos no livreto de 15 páginas distribuído na comemoração dos dez anos do partido na Presidência.

O documento critica privatizações de empresas públicas durante a gestão do PSDB e ataca o que chama de "decadência induzida pela rota da neocolonização neoliberal". O objetivo do texto é expor os governos tucano e petista como "duas visões distintas e polarizadas".

O economista Anselmo Luís dos Santos, professor da Unicamp, lembra que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) precisou manter pilares da política econômica de seu antecessor nos primeiros anos de seu mandato.

"É evidente que, no início do governo Lula, com a Carta ao Povo Brasileiro, a política econômica foi mantida e você tem uma fase de transição durante o segundo mandato, com uma tentativa de se avançar com uma política industrial, uma política de desenvolvimento e uma política de estímulo", afirma.

O professor de Economia da PUC-Rio José Márcio Camargo diz que o desenvolvimento do Brasil se deu após um processo contínuo de reformas que aconteceu tanto no governo FHC quanto no primeiro mandato de Lula.

"No fim dos anos 1980, o Brasil era desorganizado, com inflação de mais de 1.000 % ao ano e extremamente fechado. A revolução começou em 1990 e foi até 2005 ou 2006. Foi o que tornou o Brasil mais competitivo", declara. "Até meados da década passada, os governos eram muito parecidos. O resto é retórica política."
Cenário. Os economistas também apontam que a avaliação feita pelo PT deixa de mencionar o cenário econômico internacional, que influenciou resultados do desenvolvimento brasileiro.

"O cenário internacional ajudou muito (os primeiros anos de Lula), porque, no início do governo, com juros altos, você teria dificuldades se a economia mundial estivesse em uma situação desfavorável", diz Santos.

"As reformas que foram feitas na economia brasileira desde 1999 foram fundamentais para que o País pudesse se aproveitar de um cenário internacional favorável para aumentar seu desenvolvimento", afirma José Márcio Camargo.

As críticas feitas pelo PT às privatizações dividem os economistas. O documento petista afirma que o governo transferiu 15% do PIB constituídos por ativos do Estado "para a iniciativa privada" em um processo sem critérios.

Para Anselmo Luís dos Santos, "a privatização retirou instrumentos importantes para a realização de políticas de desenvolvimento". José Márcio Camargo afirma que "o processo foi fundamental, pois as estatais eram extremamente ineficientes".

Nas quinze páginas do documento petista, não há menções ao escândalo do mensalão, que abalou a cúpula do PT em 2005.

Fonte: O Estado de S. Paulo

O Estado gerencial e o fordismo tupiniquim - Rudá Ricci

São dois projetos distintos e muito nítidos. A gestão FHC trouxe elementos da lógica e da estrutura organizacional empresarial para o interior do Estado. Não adotou a cartilha neoliberal que, aliás, é extremamente pobre, mas a lógica do Estado gerencial, que se alimentou de alguns elementos neoliberais. Já a concepção lulista estaria mais próxima do que a Escola da Regulação Francesa denominou de "fordismo". Um fordismo tardio, já que seu declínio nos EUA e Europa teve início a partir do choque do preço do petróleo na segunda metade dos anos 1970.

O fordismo tardio adotou os seguintes instrumentos anticíclicos: Estado central controlador e concentrador de recursos públicos para investimento (o que esvaziou a autonomia dos municípios e gerou total dependência de convênios federais); BNDES como banco de fomento de grandes projetos; Bolsa Família e aumento real do salário mínimo e da renda média dos trabalhadores e criando potente e voraz mercado consumidor.

Politicamente, instalou-se a lógica neocorporativa no País, em que centrais sindicais e organizações da sociedade civil passaram a ser financiadas e a participar ativamente das deliberações e instâncias governamentais (estatais, agências reguladoras) e consolidou-se a coalizão presidencialista - em que grande parte dos partidos se envolve diretamente na gestão do aparelho de Estado.

Essa potente estrutura de Estado diminuiu sobremaneira os espaços de qualquer oposição política. A inserção social ocorreu pelo consumo e não pela ampliação de direitos ou pela política, o que apartou ainda mais a lógica política da lógica social. Quase totalidade dos partidos está, hoje, controlada por parlamentares e não pela sociedade civil. Os deputados, inclusive, acabaram se tornando príncipes deste fordismo tardio, mediando convênios entre prefeituras e agências federais. Como se percebe, o fordismo tardio tupiniquim é muito mais articulado e poderoso que a agenda dos anos de gestão tucana. Avança socialmente, mas atualiza a lógica política clientelista que marca a História da República brasileira desde seus primórdios.

Sociólogo, doutor em Ciências Sociais, Diretor Geral do Instituto Cultiva e autor de Lulismo (Fundação Astrojildo Pereira/Editora Contraponto).

Fonte: O Estado de S. Paulo

'Apenas um começo'- Eliane Cantanhêde

Cercada pelo PMDB (Temer, Renan e Henrique Alves), e isso certamente não foi por acaso, Dilma Rousseff lançou o slogan de sua campanha à reeleição ao anunciar, na terça, mais uma ampliação do Bolsa Família: "O fim da miséria é apenas um começo".

Com essa única frase, brilhante síntese de política e marketing, ela definiu o eixo da sua estratégia para manter a cadeira no Planalto.

Desde o fim da ditadura militar, em 1985, o Brasil vem construindo coletivamente --apesar dos sucessivos protagonistas-- os seus principais pilares: democracia, estabilidade econômica e inclusão social.

Dilma (ou seria João Santana?) sabe que a inclusão, marca da campanha de 2010, pode já não dar para o gasto em 2014. Por isso, avisa que acabar com a miséria é "apenas um começo" e deixa implícito o recado: falta muito e é importante que ela continue o trabalho "do povo, para o povo, pelo povo", como firmou a cartilha lançada pelo PT ontem.

O discurso de Dilma está pronto. O resto, Lula, o PT e o mesmo Santana fazem. E eles sabem fazer, como se viu pela organização da festança em São Paulo pelos 33 anos do partido e os dez de poder, com o mito Lula, a candidata Dilma e comparações convenientes com o adversário que eles, talvez equivocada ou precipitadamente, sempre veem pela frente: o PSDB.

O tucano Aécio Neves foi obrigado a sair da toca e ler um discurso incisivo no plenário do Senado, alfinetando as contradições do PT, recriminando comparações de "conjunturas diversas" e apontando 13 "fracassos" do governo Dilma.

É assim que as campanhas presidenciais começam cada vez mais cedo, agora com mais de ano e meio de antecedência e com uma diferença monumental --de recursos, de exércitos, de tropas e de repercussão.

A fala de Dilma foi em São Paulo, com Lula, o PT, os aliados e, repetindo, um marketing impecável. A de Aécio foi em Brasília e isolada.

Fonte: Folha de S. Paulo

Foi dada a largada - Merval Pereira

A campanha presidencial começou efetivamente com o lançamento do programa de combate à miséria extrema lançado pela presidente Dilma um dia antes da grande festa com que o PT comemorou ontem seus 33 anos de vida e os dez de exercício do poder federal. Ao mesmo tempo, os principais possíveis adversários de sua reeleição atuaram no campo político de maneiras diversas nos últimos dias, mas todos deixando claros seus objetivos.

A ex-senadora Marina Silva, que lançara dias antes seu partido-rede, insinuou que seu movimento pode aderir a um partido já existente se não conseguir cumprir a tempo as exigências da legislação eleitoral. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, deu mais um sinal de que está mesmo "costeando o alambrado", metáfora oriunda das fazendas com a qual o ex-governador Leonel Brizola identificava o político que estava pensando em sair de seu grupo político, assim como o gado que "costeia o alambrado" está pensando em fugir.

Ele não compareceu à festa de aniversário do PT, onde o grande líder da coalizão que apoia a presidente Dilma, o ex-presidente Lula, pretendia reunir os aliados para dar início à campanha para a eleição de 2014. Por fim, o PSDB afinal saiu ontem de sua letargia e deu passos importantes na direção de um combate mais forte contra o governo.

Numa ação política rápida e bem planejada, ofereceu abrigo à blogueira cubana Yoani Sánchez, que vem sendo hostilizada em sua passagem pelo Brasil por extremistas ligados ao PT e ao PCdoB, em ações orquestradas a partir da embaixada cubana em Brasília. E o seu candidato potencial, o senador Aécio Neves, partiu para o ataque enumerando, num discurso até bem-humorado, contrapondo-se ao tom raivoso com que o PT faz política, os erros básicos destes dez anos de poder petista.

Dizendo-se convidado à festa pelo PT, que distribuiu uma cartilha com louvações aos governos Lula e Dilma e críticas aos governos de Fernando Henrique Cardoso, Aécio chamou a atenção para o fato de que o PT está esgotando os efeitos benéficos vindos dos governos do PSDB, que ele chamou ironicamente de "herança bendita" deixada pelos tucanos.

A passagem de Yoani pelo Brasil, coincidindo com os festejos do PT, serviu para ressaltar a face mais escura da coalizão de esquerda que governa o país há dez anos. A truculência dos manifestantes, as acusações distribuídas pela blogosfera com as digitais de uma manipulação oficial, o espírito autoritário que tenta a todo custo impedir que o adversário se expresse, todos esses ingredientes típicos de regimes onde o pensamento único é imposto pela força do Estado estiveram presentes nas manifestações de extremistas contra a dissidente cubana.

Até mesmo no Congresso, onde as diversas linhas de pensamento devem estar representadas, houve tentativas, por parte de deputados e senadores esquerdistas, de impedir a circulação de Yoani, numa demonstração de que havia mesmo uma orquestração disposta a impedir que ela se manifestasse livremente no país.

O PSDB percebeu, num movimento rápido que tem sido raro nos últimos tempos, o nicho oposicionista e assumiu a defesa da liberdade de expressão, dando um tom político adequado aos seus interesses, sinalizando enfim que está se preparando para mais uma vez representar a oposição aos governos petistas.

O PT, como sempre, trabalhou muito bem na defesa de seus governos, no que dá lições de luta e unidade política aos demais partidos. Convenhamos que 33 anos não é uma data a ser comemorada, a não ser, como agora, quando se tem o objetivo de iniciar em grande estilo uma campanha presidencial num momento que exige muito mais empenho e unidade, pois os sinais da economia não parecem guardar boas notícias para tão cedo, dando armas que os adversários não tiveram nas últimas eleições.

Não é à toa que um líder importante no esquema político governista até agora como Eduardo Campos vê oportunidades de voo solo em direção a novas práticas políticas e de gestão.

Fonte: O Globo

Ponderar é preciso - Dora Kramer

Quem conta um conto aumenta ou diminui os pontos como melhor lhe convém. Assim faz o PT em seu relato sobre os dez anos do partido no poder, "gloriosos" notadamente se comparados ao período "desastroso" do PSDB.

Obviamente nem tudo é glória, mas também nem tudo é desastre.

Um governo que renegociou a dívida externa de modo a recuperar a confiabilidade internacional do Brasil, que conferiu sentido concreto aos conceitos de estabilidade monetária, de responsabilidade fiscal, essenciais para a organização do País, profissionalizou a direção da Petrobrás, extinguiu feudos políticos dos mais tradicionais ao mesmo tempo em que abria as portas da telefonia à população, não pode ser considerado exatamente catastrófico.

Tampouco pode ser visto apenas sob o prisma do puro esplendor um governo que desmoralizou o conceito de ética, escarneceu das normas de conduta, ignorou as regras do jogo eleitoral, passou a mão na cabeça dos piores tipos, achou que poderia comprar impunemente apoio de partidos no Congresso, desconstruiu as agências reguladoras, pôs em risco a Petrobrás, maquiou dados públicos como naquele passado de descrédito mundial e, na véspera de completar 10 anos no poder e 33 de fundação, teve a antiga cúpula condenada à prisão.

A cartilha comemorativa é um elogio à mistificação: da capa com desenho que remete às velhas imagens do realismo socialista a distorções grosseiras conforme demonstrado em trabalho de Gustavo Patu na edição de ontem da Folha de S. Paulo.

No "mentirômetro" há versões falsas sobre vários assuntos: posição do Brasil no ranking das economias do mundo, o crescimento do PIB por habitante nos últimos anos, a desigualdade social, a redução da taxa de pobreza e a inflação.

Ninguém espera que o PT vá esconder seus bem feitos e exaltar os malfeitos, bem como não seria de se imaginar que o partido enaltecesse o adversário.

Um pouco de comedimento e maturidade, contudo, daria ao PT um ganho no campo da honestidade, onde anda precisando se recuperar. Mas à ponderação que confere credibilidade aos discursos, o partido preferiu apresentar-se infalível.

Como um herói de faz de conta.

Terreno no céu. A reforma administrativa anunciada pelo presidente do Senado falando em economia de R$ 262 milhões por ano, por enquanto, é estimativa e expectativa.

Com sérios problemas de credibilidade decorrentes das repetidas promessas não cumpridas desde 2009, quando da descoberta dos atos secretos e do escândalo conhecido como "farra das passagens".

Nesses quase quatro anos, o que se teve foi um projeto elaborado pela Fundação Getúlio Vargas ao custo de R$ 500 mil que foi literalmente para o lixo. Na época, José Sarney fez exatamente o que faz agora Renan Calheiros: procurou conter as críticas com promessas de mudanças. Andar com fé.

O presidente da Câmara disse terça-feira numa reunião que daqui em diante não vai mais pautar só assuntos que sejam produto de consenso total entre os líderes partidários.

Henrique Eduardo Alves assegurou que o critério para inclusão na pauta será a relevância dos temas, independentemente da unanimidade que acaba funcionando como obstáculo para votações que não interessem a este ou àquele partido.

Referiu-se diretamente ao fim dos 14.º e 15.º salários dos parlamentares e deu a entender que o fim do voto secreto no Congresso pode ter o mesmo destino.

Considerando o gosto de Henrique Alves pelo vaivém - como visto na questão da perda dos mandatos dos condenados no processo do mensalão -, conviria ver para crer.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Luz dividida - Tereza Cruvinel

Para o grande eleitorado, tanto o foguetório petista em São Paulo quanto o palavrório tucano em Brasília devem soar como ruídos distantes e de vago significado

PT e PDSB, partidos (por ora) polares no sistema de poder brasileiro, deram ontem a largada para a disputa presidencial do ano que vem. O primeiro, com a celebração dos avanços ocorridos no Brasil durante seus anos no poder. O segundo, com o discurso do presidenciável Aécio Neves no Senado. Não devemos, entretanto, superlativizar a força desses eventos. Ambos falaram, basicamente, para as elites e para aqueles que já amam ou odeiam o PT e o PSDB. Para o grande eleitorado, tanto o foguetório petista em São Paulo quanto o palavrório tucano em Brasília devem soar como ruídos distantes e de vago significado. Mas é assim mesmo que as batalhas começam, com o chamado tiro de enfiada, que precede os bombardeios.

Começando por Aécio: para quem estava imobilizado na coxia, sem discurso e sem roupa de campanha, o senador lavrou um tento e alcançou o objetivo de roubar ou dividir a luz que jorraria exclusivamente sobre a festa do PT, que, na verdade, começou anteontem, com o lançamento de novas medidas do Brasil Sem Miséria pela presidente Dilma Rousseff. Um erro de comunicação do PT pode ter permitido que o tucano entrasse em cena e roubasse parte da festa, conseguindo até falar primeiro: os petistas promoveram seu ato à noite para que a presidente comparecesse fora do expediente, evitando acusações de uso do cargo. Se não tivesse deixado circular a informação de que, no ato e na cartilha a ser distribuída, haveria uma comparação de resultados com a era tucana, o adversário talvez não tivesse se eriçado: “Ao anunciar comparações, o PT nos convidou para sua festa, e eu aceitei o chamado para dançar”, disse Aécio após o discurso, emendando que ainda não é candidato. Agora, falta-lhe assumir a presidência do partido e ganhar a estrada.

No mais, foi um discurso duro, em que alegou ter sido difícil listar apenas 13 fracassos do decênio petista. Entre eles, o baixo crescimento dos últimos dois anos, as travas na infraestrutura, o sucateamento da indústria, a inflação (recentemente) em alta, problemas éticos e crise na Petrobras. Coube a Lindbergh Farias e ao líder petista Wellington Dias rebater os ataques, lembrando o crescimento da era Lula, o emprego quase pleno — apesar da crise financeira mundial, que gera desemprego de dois dígitos em outros países —, a queda na desigualdade e a redução da pobreza. Dias tentou listar 45 transformações no período, usando, como Aécio, o número do partido adversário. O tempo regimental não permitiu. Fizeram todos seus papéis, enquanto o auditório era preparado para Lula, Dilma e Rui Falcão falarem em São Paulo.

Decênio petista. Os tambores soaram fortes, talvez mais do que o planejado, na festa petista pelo decênio de poder federal. Embora reclamando da falta de reconhecimento pelo que foi feito antes, acusando o PT de agir “como se o Brasil só tivesse começado a mudar em 2003”, até mesmo Aécio reconheceu que mudanças importantes foram alcançadas no período, “graças à herança bendita” da era tucana. Na celebração petista, um destaque para a unidade raramente exibida pelo partido, especialmente em torno da política econômica, marcada por maior ativismo do Estado.

Do evento, ficará uma cartilha que será distribuída nos 13 seminários que o partido fará em diferentes regiões (e, certamente, na campanha), na qual os resultados de 10 anos — oito de Lula e dois de Dilma — são comparados com o período tucano. Destaque para o aumento do salário mínimo (70,7%), queda na desigualdade (11,4%) e na pobreza extrema (37,3%). Mesmo no controle da inflação, segundo a cartilha, o período petista foi melhor: média de 5,8% contra 9,2% do anterior. Em linhas gerais, o discurso e a cartilha comporão o cerne da campanha de Dilma. E está claro, nesta altura, que será deixada um pouco de lado a economia, que até agora não lhe sorriu, para se concentrar nas conquistas sociais. Daqui para a frente, os bumbos do governo vão se concentrar na divulgação do Brasil Sem Miséria.

Também no Rio. A campanha eleitoral está se acelerando também no Rio. Nas inserções regionais do PT, que foram ao ar ontem à noite, a estrela foi o senador Lindbergh Farias, que deve concorrer ao governo fluminense com a bênção de Lula, por maior que seja sua amizade com o governador Sérgio Cabral. Para tentar evitar que o PT lance a candidatura própria, Cabral — que já anuncia o nome de seu vice, Pezão, para a disputa — vem tentando outros petistas com a oferta da vaga de senador. Um dos alvos diretos é a deputada Benedita. Mas, com isso, foi descortês com o senador Francisco Dornelles, do PP, cujo mandato está se encerrando e tem sido um leal aliado. Na outra ponta, o presidente regional do PMDB, Jorge Picciani, avisou que o candidato do partido será ele mesmo. Vamos ter um longuíssimo ano político de 19 meses.

Além do ponto. A democracia brasileira deve garantir a liberdade de expressão também aos estrangeiros, como a blogueira dissidente cubana Yoani Sánchez. Nem por isso, deve calar os brasileiros que têm assegurada na Constituição a liberdade de protestar contra sua presença. Tudo é do jogo. Desconcertante mesmo foi ver pessoas que na ditadura nunca se preocuparam com a liberdade fazendo festa e rapapés para a dissidente do regime cubano. Por exemplo, o deputado Jair Bolsonaro.

Fonte: Correio Braziliense

A bolsa é para a escola - Carlos Alberto Sardenberg

Os programas tipo Bolsa Família nasceram no âmbito do Banco Mundial - e aqui no Brasil com o trabalho de Cristovam Buarque - com base numa teoria precisa.

O primeiro ponto foi a análise, em diversos países, dos programas que entregavam bens e serviços diretamente às famílias pobres (alimentos, roupas, remédios, material escolar, instrumentos de trabalho etc). O governo comprava e distribuía.

Já viu. Havia problemas de eficiência e de corrupção. Estudos mostraram que, do dinheiro aplicado, na América Latina, a metade se perdia na burocracia e na roubalheira.

Melhor mandar o dinheiro direto para as famílias. Mas isso bastaria? A resposta foi não, com base na seguinte avaliação: as famílias não conseguem escapar da pobreza porque suas crianças não frequentam a escolas. E não frequentam porque precisam trabalhar (na lavoura ou nas cidades, caso dos meninos) e cuidar dos outros irmãos, caso das meninas. Apostando que crianças com educação básica têm mais oportunidade de conseguir empregos bons, a ideia é clara: é preciso pagar para as famílias manterem as crianças na escola. Daí o nome oficial do programa no Banco Mundial: Transferência de Renda com Condicionalidade. O cartão de saque do dinheiro contra o boletim escolar.

Parece óbvio, mas houve forte debate. Muita gente dizia que pais e mães gastariam o dinheiro em cachaça, cigarros, jogos e coisas para eles mesmos, usando os filhos apenas como fonte de renda. O bom-senso sugeria o contrário. As pessoas não são idiotas nem perversas, sabem do que precisam.

Havia também uma crítica política, curiosamente partindo da esquerda. Dizia que distribuir dinheiro era puro assistencialismo, esmola e, pior, prática eleitoreira dos coronéis para manter o povo pobre e ignorante. Mas essa é outra das teses que a esquerda no poder jogou no lixo.

O fato é que se começou com programas experimentais na América Central, com patrocínio do Banco Mundial, e funcionou muito bem. Nos anos 90, a ideia se espalhava pela América Latina. No Brasil, com o nome de Bolsa Escola (designação introduzida por Cristovam Buarque) apareceu em 1994, em Campinas, e logo depois em Brasília (com Buarque governador). Foi ampliado para nível nacional no governo FHC, em projeto liderado por Ruth Cardoso. Surgiram ainda por aqui programas paralelos, como vale-transporte e bolsa gás. Lula juntou tudo no Bolsa Família, que passou a ampliar.

Não se trata, pois, de dar dinheiro aos pobres. Se fosse apenas isso, seria mesmo caridade pública sem efeitos no combate duradouro à pobreza. Trata-se de colocar e manter as crianças na escola, ou seja, abrir a oportunidade para esses meninos e meninas escaparem da pobreza.

No México, aliás, o programa chama-se Oportunidades e o dinheiro entregue à família aumenta na medida em que a criança progride na escola. Vai até a universidade. Há também uma poupança depositada na conta de crianças, que podem sacar o dinheiro quando se formam no ensino médio.

Em muitos lugares, há limitação no número de bolsas por família, com dois objetivos: estimular o controle da natalidade (ou reduzir o número de filhos) e desestimular a acomodação dos pais. Também se introduziram outras condicionalidades, como a frequência das mães nos postos de saúde, especialmente para o acompanhamento pré-natal e parto, e das crianças, para as vacinas. Ao boletim escolar acrescenta-se a carteirinha do ambulatório.

Resumindo, o programa funciona no curto prazo - ao dar um alívio imediato às famílias mais pobres - e no médio e longo prazos, com a escola.

Mas há uma tentação perversa. Como o programa funciona imediatamente, assim que a família recebe o primeiro cartão eletrônico, há um estímulo para que os políticos se empenhem em distribuir cada vez mais bolsas. É voto na veia. Ao mesmo tempo, esse viés populista desestimula a cobrança da condicionalidade. Pela regra, se as crianças desaparecem da escola ou não progridem, a bolsa deve ser cancelada. Mas isso pode tirar votos, logo, é melhor afrouxar os controles.

Resumindo: há o risco, sim, de um belo programa social se transformar numa prática populista. Quando os governantes começam a se orgulhar do crescente número de bolsas distribuídas e nem se lembram de mostrar os resultados escolares e índices de saúde, a proposta já virou eleitoral.

E quer saber? Ter todos os pobres recebendo dinheiro do governo não significa que acabou a pobreza. É o contrário, é sinal de que a economia não consegue gerar educação, emprego e renda para essa gente. O fim da pobreza depende de dois outros indicadores: crianças e jovens nas escolas e qualidade do ensino.

Fonte: O Globo

É devagar, devagarinho - Celso Ming

O primeiro indicador do desempenho do setor produtivo do último trimestre não entusiasma. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) apontou ontem um avanço de apenas 0,26% em dezembro sobre novembro o que perfaz um total de 1,35% em 12 meses.

Construído em 2010 pelo Banco Central para antecipar em algumas semanas o comportamento do PIB, o IBC-Br, ainda em fase de ajuste, não tem conseguido a precisão desejada. Em todo o caso, serve como indicador de tendência.

O que já dá para dizer é que aquele projeto do governo, de obter boa recuperação no último trimestre de 2012 para garantir tração para este ano, não foi bem-sucedido. Não dá para afirmar que a atividade econômica tenha engatado a quarta marcha de maneira a proporcionar crescimento do PIB em 2013 de 4,0% a 4,5% - como pretendia o governo Dilma. A retomada, embora inegável, não passa firmeza. Ficou mais difícil assegurar um aumento do PIB de pelo menos 3% neste ano.

Quando as coisas não se comportam como esperado, o brasileiro ainda prefere procurar um culpado em vez de uma solução. O exercício do descarrego começou há alguns meses, quando a presidente Dilma se queixou da desestabilização provocada no câmbio interno pelos "tsunamis monetários" gerados pelos grandes bancos centrais. Outras autoridades do governo são mais genéricas. Preferem culpar "a crise global" e, eventualmente, certas práticas predatórias da concorrência.

Se esses fatores tivessem sido decisivos no emperramento do setor produtivo, outros países emergentes também estariam mostrando pibinhos mixurucas. Não é assim. Para não falar da China, que é mesmo fora de padrão, em 2012 a Austrália e a Rússia apresentaram crescimento de 3,4%; o PIB do México avançou 4,0%; o do Chile, 5,0%; o da Índia, 5,4%; o da Tailândia, 5,8%; e o da Indonésia, 6,3%

Por que, então, para esses e outros países a crise global não foi tão madrasta como foi para o Brasil? Ora, porque os problemas estão aqui dentro, não lá fora.

E são conhecidos. Além do velho e nunca resolvido alto custo Brasil, há os estrangulamentos. Um deles é o descuido com os investimentos, uma vez que o governo entendeu que deveria dar prioridade ao consumo. Para crescer os tais 4% que estão na mira, seria necessário investir ao menos 22% do PIB. Mas o investimento mal ultrapassa os 17% do PIB. (Só para comparar, o padrão asiático é de 33% do PIB.)

O investimento é essa mediocridade não somente porque o governo optou por estimular o consumo, mas também porque o Brasil poupa pouco - também em torno desses 17% do PIB.

Afora esses estrangulamentos velhos de guerra, há mais dois, relativamente mais recentes: (1) a disparada do custo da mão de obra, em consequência da situação de escassez de mão de obra (desocupação de só 4,6% da força de trabalho, registrada em dezembro); e (2) essa inflação em alta, que queima patrimônio e poder aquisitivo e destrói a confiança.

Desempenho econômico requer capitais e muito empenho.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Olho nos serviços - Míriam Leitão

Ontem saiu o último dado do Banco Central sobre nível de atividade da economia em 2012. Por esse indicador, o crescimento do país ficou um pouco acima de 1%, mas o dado do BC não tem refletido muito o número oficial do IBGE, que ainda será divulgado. Todo mundo viu que a indústria se esborrachou, mas o que pouca gente se deu conta é que o setor de serviços caiu fortemente, e ele tem a maior fatia do PIB.

A economista Silvia Matos, do Ibre/FGV, alerta para esse detalhe. O que tem surpreendido para baixo no PIB é o setor de serviços. O gráfico mostra a desaceleração desde o terceiro trimestre de 2010. Os serviços cresciam a um ritmo de 5,4% e de lá para cá só perderam força. Foram a 1,5% no terceiro tri de 2012, último dado do IBGE. Como os serviços têm um peso de quase 70% no crescimento, eles explicam melhor o que está acontecendo.

- O governo tenta salvar a indústria, mas tem um diagnóstico equivocado. O que melhor explica a queda do PIB é o setor de serviços e ele também pode estar enfrentando problemas estruturais - disse Silvia.

Os entraves da indústria já são conhecidos, por isso, esse alerta para os serviços é preocupante. Silvia acredita que o problema está no mercado de trabalho, porque o setor de serviços é intensivo em mão de obra e cresceu muito nos últimos anos incorporando trabalhadores ociosos. Com a queda do desemprego, o crescimento terá que vir por treinamento e educação:

- Em todo o mundo, crescer décadas seguidas pelos serviços é um enorme desafio. Os EUA conseguiram. Mas eles investiram muito em educação, por muitos anos, e começaram há muito tempo.

Dois subsetores dentro dos serviços têm um cenário particular e desafiador: o mercado financeiro expandiu muito a concessão de crédito, que mais que dobrou em 10 anos, e a inadimplência permanece alta. Sofreu uma desaceleração fortíssima, de 6,3% de alta no terceiro tri de 2011 para 0,6% no mesmo período de 2012, numa taxa acumulada de 12 meses. Da mesma forma, os serviços de informação cresceram pelo boom inicial da internet e da telefonia móvel. Saíram de 4,9% para 3,4%. Também chama atenção o PIB do comércio, que despencou de 5% para 1,1%, no mesmo tipo de comparação.

Olhando o PIB por dentro, outros indicadores são ruins. Os investimentos caem há cinco trimestres e as projeções apontam para uma nova retração quando sair o número de 2012, em março. Só dá para dizer de bom que a retração no quarto trimestre deve ser menor que a ocorrida no terceiro: -1,6% contra -2%. A indústria cresceu 1,1% no terceiro tri mas deve desacelerar para 0,3% no quarto, pela projeção do Ibre. Ou seja, todo o esforço para levantar o PIB industrial não deu o resultado que se esperava. No ano, a indústria deve fechar com retração de 0,8%.

Pelo lado que cresce, quem lidera é o consumo do governo, que deve fechar o ano com alta de 3%, acima do consumo das famílias, em torno de 2,9%. A queda do comércio em dezembro acendeu a luz amarela sobre o vigor das vendas. A impressão generalizada é que a economia neste início de ano continua morna.

Fonte: O Globo

Comércio externo. Da prioridade Sul-Sul de Lula ao protecionismo de Dilma – Jarbas de Holanda

O primeiro governo Lula – combinando pragmaticamente a retórica terceiro-mundista com a continuidade dos fundamentos macroeconômicos herdados de FHC através da dupla Antonio Palocci/Henrique Meirelles e com a capitalização disso junto aos mercados interno e externo – começou a promover ampla reorientação das posturas do Itamaraty, conduzida por uma segunda dupla com metas contrapostas às da outra – o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e seu principal operador e conselheiro, Samuel Pinheiro Guimarães. O passo inicial da mudança foi a formalização do bloqueio à Alca, adotada em parceria com a Argentina na rejeição do Mercosul ao acordo comercial com os EUA, que terminou se limitando ao acerto com o México.

A reorientação consolidou-se com a nova prioridade do relacionamento Sul-Sul (do emergente Brasil com os países pobres sobretudo da África, e com governos “independentes do imperialismo”, como os do Irã, da Líbia, da Síria. E as justificativas econômicas desse relacionamento (a abertura de seus mercados para exportações brasileiras) casaram-se com as do projeto diplomático que se tornou prioritário: a candidatura de Lula à secretaria geral da ONU. Sonho acalentado até evidenciar-se como inviável, entre outros fatores pelo crescente predomínio dos interesses da China na África. No plano regional, ela tratou de estabelecer “relações especiais” entre Lula e Hugo Cháves. Desencadeando um processo de ideologização do Mercosul, que culminou o ano passado na suspensão do Paraguai e na formalização da entrada da Venezuela.

No governo da sucessora Dilma Rousseff – de par com o descarte do projeto Lula na ONU e com um correto distanciamento em relação ao iraniano Ahmadinejad (determinado pela própria presidente) – houve uma redução do peso do Itamaraty na política externa e nas preocupações do Planalto, em face da troca da centralidade da estratégia Sul-Sul pela retomada do protecionismo (dominante na última fase do regime militar) como instrumento de política econômica para a defesa do mercado interno. Mas uma troca que exclui as relações com o Mercosul e os governos de outros países da América Latina (numa área do Itamaraty em que o ministro Antonio Patriota tem papel menor que o do “assessor especial” Marco Aurélio Garcia, quadro petista da confiança pessoal de Lula). E na qual o protecionismo é usado como nova/velha ferramenta contra a globalização, mantendo o Brasil à margem de acordos comerciais importantes.

Abertura da coluna de Míriam Leitão, em O Globo, da última sexta-feira, intitulada “O mundo se move”: “O anúncio do presidente Barack Obama de fazer um a aliança transatlântica com a Europa e fechar um acordo transpacífico com os países da Ásia (junto com México, Colômbia, Peru e Chile) deveria acender a luz vermelha no nosso comércio exterior. O Brasil está no caminho contrário, de aumentar as barreiras ao comércio e se isolar”.

Infraestrutura. O Brasil e a Bolívia

Aqui, o governo federal enfrenta agressivas resistências sindicais a projeto de melhoria do sistema portuário (ineficiente e caríssimo pelo corporativismo dominante na gestão dos terminais públicos e no uso restritivo dos privados). E anuncia a extensão a novas concessões ferroviárias de mudanças já adotadas no setor rodoviário e no preparo de novos leilões de aeroportos, todas voltadas à atração de investidores privados. Assim, o Palácio do Planalto reconhece a carência de recursos estatais, bem como a precariedade da gestão governamental, diante do desafio de remoção dos gargalos de nossa infraestrutura. E deixa de lado, ou à margem – pelo menos nessa área – a velha retórica petista contra privatizações. Simultaneamente – dividindo espaço nos jornais com as boas notícias, do gênero, no Brasil -, o presidente da Bolívia, Evo Morales, decretou anteontem a expropriação das empresas Abertis e Aena, responsáveis pela administração dos aeroportos de La Paz, Santa Cruz de La Sierra e Cochabamba. Os três maiores terminais aeroportuários do país vizinho passarão a ser controlados pelo Ministério de Obras Públicas. Trata-se da sexta expropriação de empresas espanholas com operações na Bolívia, de um ano para cá.

Jarbas de Holanda é jornalista

Falsos dilemas – Urbano Patto

Surpreendo-me hoje com uma notícia no jornal regional O Vale, que a administração que está entrando na Prefeitura de São José dos Campos pretende rever, ou até mesmo encerrar, os programas voltados ao empreendedorismo implantados na rede municipal de ensino pela administração que se encerrou.

Uma das explicações é que o enfoque dos projetos será alterado para uma visão mais "social" do empreendedorismo. O Secretário da Educação diz: "Daremos preferência a ações que levem à inclusão social e independência dos alunos do que uma preparação para o mercado ou que estimule a competição exacerbada entre os estudantes."

Balela. Estão tratando é de forçar uma ideologização de uma questão para aplicar-lhe marcas de governo e tentar submetê-la a uma mística ritual de enquadramento entre direita e esquerda, deslocada da realidade atual , simplificada em moldes de manuais e cartilhas e absolutamente insuficientes para o debate sério sobre a Educação necessária.

Por seu lado, os "mercadistas" adoram também debater nesse torneio de ideologias para afirmar sua crenças, também místicas, na mão invisível do mercado e no espírito animal que deve movê-lo.

Quais seriam as distinções objetivas entre o empreendedorismo "social" e o "de mercado". Organizar uma cooperativa de catadores é "social"? Montar uma franquia do McDonalds é "de mercado"?

O problema é que tudo tende a ser transformado em uma disputa, essa sim, exacerbada, seguindo a mais pura mentalidade competitiva e sem princípios, pela ocupação do "mercado" - nesse caso o eleitoral - pela nova marca, destruindo a marca do adversário e este, por sua vez, fazendo de tudo pelo insucesso na nova marca.

Nesse embate o que menos importam são as idéias objetivas, o conteúdo e os resultados que serão alcançados para aqueles que interessam: os estudantes e a sociedade.

Pobre debate se avista em 2014 se ao iniciarmos 2013 começamos assim.

Urbano Patto é Arquiteto-Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, Secretário do Partido Popular Socialista - PPS - de Taubaté e membro Conselho Fiscal do PPS do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com

Pronunciamento do senador Aécio Neves:“Não existe monopólio do povo brasileiro”

SENADO FEDERAL – 20-02-13
Senhor presidente,
Senhoras e senhores senadores.

Aproveito a oportunidade, extremamente emblemática, em que o Partido dos Trabalhadores festeja os seus 33 anos de existência - e uma década de exercício de poder à frente da Presidência - para emprestar-lhes alguma colaboração crítica. Confesso que o faço neste momento completamente à vontade, haja vista a cartilha especialmente produzida pela legenda para celebrar a ocasião festiva. Nela, de forma incorreta, o PT trata como iguais as conjunturas e realidades absolutamente diferentes que marcaram os governos do PSDB e do PT.

Ao escolher comemorar o seu aniversário falando do PSDB, o PT transformou o nosso partido no convidado de honra da sua festa. Eu aceito o convite até porque temos muito o que dizer aos nossos anfitriões.

Apesar do esforço do partido em se apresentar como redentor do Brasil moderno é justo assinalar algumas ausências importantes na celebração petista.

Nela, não estão presentes a autocrítica, a humildade e o reconhecimento. Essas são algumas das matérias primas fundamentais do fazer diário da política e que, infelizmente, parecem estar sempre em falta na prática dos nossos adversários.

Mas afinal, qual é o PT que celebra aniversário hoje?

O que fez do discurso da ética, durante anos, a sua principal bandeira eleitoral, ou o que defende em praça pública os réus do mensalão?

O que condenou com ferocidade as privatizações conduzidas pelo PSDB ou o que as realiza hoje, sem qualquer constrangimento?

O que discursa defendendo um Estado forte ou o que coloca em risco as principais empresas públicas nacionais, como a Petrobras e a Eletrobras?

O Brasil clama por saber: qual PT aniversaria hoje?

O que ocupou as ruas lutando pelas liberdades ou o que, no poder, apoia ditaduras e defende o controle da imprensa?

O PT que considerava inalienáveis os direitos individuais ou o que se sente ameaçado por uma ativista cuja única arma é a sua consciência?

A verdade é que hoje seria um bom dia para que o PT revisitasse a sua própria trajetória, não pelo espelho do narcisismo, mas pelos olhos da história.

Até porque, ao contrário do que tenta fazer crer a propaganda oficial, o Brasil não foi descoberto em 2003.

Onde esteve o PT em momentos cruciais, que ajudaram o Brasil a ser o que é hoje? Como já disse aqui, todas as vezes que o PT precisou escolher entre o PT e o Brasil, o PT escolheu o PT.

Foi assim quando negou seu apoio a Tancredo no Colégio Eleitoral para garantir o nosso reencontro com a democracia. Foi assim quando renegou a constituição cidadã de Ulysses. Quando eximiu-se de qualquer contribuição à governabilidade no governo Itamar Franco e quando se opôs ao Plano Real e à Lei de Responsabilidade Fiscal. Em todos esses instantes o PT optou pelo projeto do PT.

Fato é que, no governo, deram continuidade às políticas criadas e implantadas pelo presidente Fernando Henrique. E fizeram isso sem jamais reconhecer a enorme contribuição dada pelo governo do PSDB na construção das bases que permitiram importantes conquistas alcançadas no período de governo do PT.

No governo ou na oposição temos as mesmas posições. Não confundimos convicção com conveniência. Nossas convicções não nos impedem de reconhecer que nossos adversários, ao prosseguirem com ações herdadas do nosso governo, alcançaram alguns avanços importantes para o Brasil. Da mesma forma, são elas, as nossas convicções, que sustentam as críticas que fazemos aos descaminhos da atual gestão federal.

Senhoras e senhores senadores. A presidente Dilma Rousseff chega à metade de seu mandato longe de cumprir as promessas da campanha de 2010. Há uma infinidade de compromissos simplesmente sublimados. A incapacidade de gestão se adensou, as dificuldades aumentaram e o Brasil parou.
Os pilares da economia estão em rápida deterioração, colocando em risco conquistas que a sociedade brasileira logrou anos para alcançar, como a estabilidade da moeda.

Senhoras e Senhores. Sei que a grande maioria das senadoras e senadores conhece as dezenas de incongruências deste governo, que têm feito o país adernar em um mar de ineficiência e equívocos.

Mas o resultado do conjunto da obra é bem maior do que a soma de suas partes.

Nos poucos minutos de que disponho hoje gostaria de convidá-los a percorrer comigo 13 dos maiores fracassos e das mais graves ameaças ao nosso futuro produzidos pelo governo que hoje comemora 10 anos.

13 pontos

1. O comprometimento do nosso desenvolvimento:
Tivemos um biênio perdido, com o PIB per capita avançando minúsculo 1%. Superamos em crescimento na região apenas o Paraguai. Um quadro inimaginável há alguns anos.

2. A paralisia do país: o PAC da propaganda e do marketing
O crítico problema da infraestrutura permanece intocado. As condições de nossas rodovias, portos e aeroportos nos empurram para as piores colocações dos rankings mundiais de competitividade. O Brasil está parado. São raras as obras que se transformaram em realidade e extenso o rol das iniciativas só serve à propaganda petista.

3. O tempo perdido: a indústria sucateada
O setor industrial – que tradicionalmente costuma pagar os melhores salários e induzir a inovação na cadeia produtiva – praticamente não tem gerado empregos. Agora começa a desempregar, como mostrou o IBGE. Estamos voltando à era JK, quando éramos meros exportadores de commodities.

4. Inflação em alta: a estabilidade ameaçada
O PT nunca valorizou a estabilidade da moeda. Na oposição, combateu o Plano Real. O resultado é que temos hoje inflação alta, persistentemente acima da meta, com baixíssimo crescimento. Quem mais perde são os mais pobres.

5. Perda da Credibilidade: a contabilidade criativa
A má gestão econômica obrigou o PT a malabarismos inéditos e manobras contábeis que estão jogando por terra a credibilidade fiscal duramente conquistada pelo país. Para fechar as contas, instaurou-se o uso promíscuo de recursos públicos, do caixa do Tesouro, de ativos do BNDES, de dividendos de estatais, de poupança do Fundo Soberano e até do FGTS dos trabalhadores. Recorro ao insuspeito ministro Delfim Neto, próximo conselheiro da presidente da República que publicamente afirmou: “Trata-se de uma sucessão de espertezas capazes de destruir o esforço de transparência que culminou na magnífica Lei de Responsabilidade Fiscal, duramente combatida pelo Partido dos Trabalhadores na sua fase de pré-entendimento da realidade nacional, mas que continua sob seu permanente ataque”.
A quebra de seriedade da política econômica produzidas por tais alquimias não tem qualquer efeito prático, mas tem custo devastador.

6. A destruição do patrimônio nacional: a derrocada da Petrobras e o desmonte das estatais
Em poucos anos, a Petrobras teve perda brutal no seu valor de mercado. É difícil para o nosso orgulho brasileiro saber que a Petrobras vale menos que a empresa petroleira da Colômbia. Como o PT conseguiu destruir as finanças da maior empresa brasileira em tão pouco tempo e de forma tão nefasta? Outras empresas estatais vão pelo mesmo caminho.
Escreveu recentemente o economista José Roberto Mendonça de Barros: “Não deixa de ser curioso que o governo mais adepto do estado forte desde Geisel tenha produzido uma regulação que enfraqueceu tanto as suas companhias”.

7. O eterno país do futuro: o mito da autossuficiência e a implosão do etanol
Todos se lembram que o PT alçou a Petrobras e as descobertas do pré-sal à posição de símbolos nacionais. Anunciou em 2006, com as mãos sujas de óleo, que éramos autossuficientes na produção de petróleo e combustíveis. Pouco tempo depois, porém, não apenas somos importadores de derivados, como compramos etanol dos Estados Unidos.

8. Ausência de planejamento: o risco de apagão
No ano passado, especialistas apontavam que o governo Dilma foi salvo do racionamento de energia pelo péssimo desempenho da economia, mas o risco permanece. Os “apaguinhos” só não são mais frequentes porque o parque
termoelétrico herdado da gestão FHC está funcionando com capacidade máxima. A correta opção da energia eólica padece com os erros de planejamento do PT: usinas prontas não operam porque não dispõem de linhas de transmissão.

9. Desmantelamento da Federação: interesses do país subjugados a um projeto de poder
O governo adota uma prática perversa que visa fragilizar estados e municípios com o objetivo de retirar-lhes autonomia e fazê-los curvar diante do poder central. O governo federal não assume, como deveria, o papel de coordenador das discussões vitais para a federação como as que envolvem as dívidas dos estados, os critérios de divisão do FPE e os royalties do petróleo, assistindo passivamente à crescente conflagração entre as regiões e estados brasileiros. Assiste, também, ao trágico do nordeste, onde faltam medidas contra seca.

10. Brasil inseguro: insegurança pública e o flagelo das drogas Muitos brasileiros talvez não saibam, mas apesar da propaganda oficial, 87% de tudo investido em segurança pública no brasil vem dos cofres municipais e estaduais
e apenas 13% da União. Os gastos são decrescentes e insuficientes: no ano passado, apenas 24% dos R$ 3 bilhões previstos no Orçamento foram investidos. E isso a
despeito de, entre 2011 e 2012, a União já ter reduzido em 21% seus investimentos em segurança. Um dos efeitos mais nefastos dessa omissão é a alarmante expansão do consumo de crack no país. E registro a corajosa posição do governador Geraldo Alckmin nessa questão.

11. Descaso na saúde, frustração na educação
O governo federal impediu, através da sua base no Congresso, que fosse fixado um patamar mínimo de investimento em saúde pela esfera federal. O descompromisso e as sucessivas manobras com investimentos anunciados e não executados na área agridem milhões de brasileiros. Enquanto os municípios devem dispor de 15% de seus recursos em saúde, os estados 12%, o governo federal negou-se a investir 10%. As grandes conquistas na área da saúde continuam sendo as do governo do PSDB:
Saúde da Família, genéricos, política de combate à Aids. Com a educação está acontecendo o mesmo. O governo herdou a universalização do ensino fundamental, mas foi incapaz de elevar o nível da qualidade em sala de aula. Segundo denúncias da imprensa, das seis mil novas creches prometidas em 2010 , no final de 2012, apenas sete haviam sido entregues.

12. O mau exemplo: o estímulo à intolerância e o autoritarismo.
Setores do PT estimulam a intolerância como instrumento de ação política. Tratam adversário como inimigo a ser abatido. Tentam, e já tentaram por cercear a liberdade de imprensa. E para tentar desqualificar as críticas, atacam e desqualificam os críticos, numa tática autoritária. Para fugir do debate democrático, transformam em alvo os que têm a coragem de apontar seus erros. A grande verdade é que o governo petista não dialoga com essa Casa, mantendo-a subordinado a seus interesses e conveniências, reduzindo- a a mero homologador de Medidas Provisórias.

13 - A defesa dos maus feitos: a complacência com os desvios éticos.
O recrudescimento do autoritarismo e da intolerância tem direta ligação com a complacência com que setores do petismo lidam com práticas que afrontam a consciência ética do país. Os casos de corrupção se sucedem, paralisando áreas inteiras do governo. Não falta quem chegue a defender em praça pública a prática de ilegalidades sobre a ótica de que os fins justificam os meios. Ao transformar a ética em componente menor da ação política, o PT presta enorme desserviço ao país, em especial às novas gerações.

Senhoras e senhores,
A grande verdade é, nestes dez anos, o PT está exaurindo a herança bendita que o governo Fernando Henrique lhe legou.
A ameaça da inflação, a quebra de confiança dos investidores, o descalabro das contas públicas são exemplos de crônica má gestão.
No campo político, não há mais espaço para tolerar o intolerável.
É intolerável, Senhoras e Senhores, a apropriação indevida da rede nacional de rádio e TV para que o governante possa combater adversários e fazer proselitismo eleitoral.
É intolerável o governo brasileiro receber de representantes de um governo amigo do PT informações para serem usadas contra uma cidadã estrangeira em visita ao nosso país.
Diariamente, assistimos serem ultrapassados os limites que deveriam separar o público do partidário.
E não falo apenas de legalidade. Falo de legitimidade.
Vejo que há quem sente falta da oposição barulhenta, muitas vezes irresponsável feita pelo PT no passado.
Pois digo com absoluta clareza: não seremos e nem faremos esta oposição.
Agir como o PT agiu enquanto oposição faria com que fôssemos iguais a eles. E não somos.
Não fazemos oposição ao Brasil e aos brasileiros. Jamais fizemos. Tentando mais uma vez dividir o país entre o nós e o eles, entre os bons e os maus, o PT foge do verdadeiro debate que interessa ao Brasil e aos brasileiros.
Como construiremos as verdadeiras bases para transformarmos a administração diária da pobreza em sua definitiva superação?
Como construiremos as bases para um desenvolvimento verdadeiramente sustentável e solidário com todos os brasileiros?
A esta altura, parece ser esta uma agenda proibida, sem qualquer espaço no governismo.
Até porque, Senhoras e Senhores, se constata aqui o irremediável: não é mais a presidente quem governa. Hoje, quem governa hoje o país é a lógica da reeleição.

Muito obrigado.