quinta-feira, 30 de maio de 2013

OPINIÃO DO DIA – Aécio Neves: a mentira

Nós fomos acusados de forma irresponsável e leviana por uma ministra de Estado. A presidente Dilma, que gosta tanto de uma cadeia de rádio e TV, poderia convocar uma para, de público, pedir desculpas pelas acusações injustas. Ela disse ter havido um ato criminoso e desumano e está na obrigação de pedir desculpas também pela omissão da Caixa. Não aceitamos as desculpas embaraçadas do senhor Jorge Hereda.

Aécio Neves, senador e presidente do PSDB, in O Globo, 29/5/2013

Manchetes de alguns dos principais jornais em circulação

O GLOBO
A encruzilhada da economia: Nem Pibinho segura juros, que vão a 8%
'Top Gun' sobre o Maracanã
Porto do Rio: Planalto apoia píer em Y em outro lugar
Os boatos da vez: ‘Presidente da CEF não será demitido’

FOLHA DE S. PAULO
PIB decepciona, mas BC aumenta juros ainda mais
Para vice dos EUA, Brasil já é mais do que emergente
Governo faz manobra para manter redução na conta de luz
Com temor de gripe A, igreja suspende hóstia na boca e abraço
Chefe do Taleban morre em ataque de drone, diz Paquistão

O ESTADO DE S. PAULO
PIB decepciona, mas BC eleva juros para conter a inflação
Para reduzir conta de luz, Planalto lança minipacote
Cresce número de vítimas em rodovias estaduais paulistas

ESTADO DE MINAS
A salvação é a lavoura
Aeroportos: Leilão de Confins será em outubro
Conta de luz: Manobra para garantir redução
Lei das Domésticas: Patrões e empregados vão poder ratear multa do FGTS

O TEMPO (MG)
Banco Central aumenta a taxa base de juros para 8% ao ano
Inflação afeta PIB brasileiro
Para Alves, é preciso mudar forma de apreciação de MPs
Dilma não deve desculpas sobre Bolsa Família, diz Gilberto Carvalho
PSDB pede acesso ao inquérito sobre Bolsa Família

CORREIO BRAZILIENSE
Consumo cai, PIB segue fraco e BC aumenta juros
7 mil domésticas perderam o emprego no DF em abril
Suplemento proibido volta a ser vendido
Estão querendo sujar a Ficha Limpa

GAZETA DO POVO (PR)
No escuro: PIB cresce apenas 0,6% no trimestre; BC surpreende e sobe juro básico para 8% ao ano
Superávit de Curitiba foi de R$ 254 milhões
Lei de Drogas vai pressionar os presídios
Justiça libera os acusados pelas 242 mortes da boate Kiss
Dilma edita decreto para manter a conta de luz mais baixa

ZERO HORA (RS)
PIB decepciona, juro sobe e dólar dispara
Liberdade e revolta
Exumação de Jango terá peritos cubanos
Barbosa vai vistoriar o Central

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Economia sob pressão
Arena já está R$ 118 milhões mais cara
Relatório das domésticas muda de novo

A encruzilhada da economia: Nem Pibinho segura juros, que vão a 8%

A economia brasileira teve crescimento de 0,6% no primeiro trimestre, muito abaixo das previsões. A indústria decepcionou, com recuo de 0,3%, investimentos não decolaram e o consumo das famílias deu novo sinal de desaceleração, com a inflação corroendo a renda do trabalhador. Apesar desse resultado pífio, a diretoria do BC, por unanimidade, subiu os juros em 0,5 ponto, para 8% ao ano, num claro sinal de que a inflação em alta já preocupa mais do que o PIB fraco

Economia não decola

PIB cresce só 0,6% no 1º tri, no piso das projeções. Analistas já veem alta de apenas 2% este ano

Henrique Gomes Batista, Clarice Spitz e Renata Cabral

Mais uma vez o resultado da economia brasileira frustrou governo, empresários e mercado financeiro. O Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) medido pelo IBGE cresceu apenas 0,6% no primeiro trimestre de 2013, em relação aos últimos três meses de 2012 (já descontados efeitos sazonais), no piso das estimativas de analistas e abaixo da previsão oficial, de alta de 0,9% a 1%. A taxa de 0,6% é exatamente a mesma do quarto trimestre do ano passado, indicando que não ocorreu, até o momento, a esperada aceleração do crescimento. Nos últimos 12 meses, o PIB cresceu só 1,2%. E, frente ao primeiro trimestre do ano passado, a expansão da economia foi de 1,9%.

Após a divulgação do PIB do primeiro trimestre, analistas do mercado reduziram suas projeções para o resultado fechado do ano e já há quem estime uma expansão de só 2% em 2013, dado que será conhecido em março do ano que vem, ou seja, às vésperas das eleições presidenciais.

Em valores, o PIB somou R$ 1,11 trilhão. Além de ter crescido pouco, o PIB teve uma composição ruim no primeiro trimestre.

Sem agro, alta seria de só 0,2%

Se não fosse a forte expansão da agropecuária, que avançou 9,7%, o PIB teria crescido só 0,2% no primeiro trimestre. A indústria caiu 0,3%, devido sobretudo à piora na extrativa mineral.

A alta de 9,7% na agropecuária foi a maior desde o segundo trimestre de 1998. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o setor avançou 17%. Além das safras recordes de soja e milho, o resultado foi influenciado pela fraca base de comparação.

- Tivemos um ganho de produtividade frente a 2012, graças a um clima mais favorável. A partir de agora, os ganhos serão menores - afirmou Lucilio Alves, professor da Esalq/USP.

Até mesmo os segmentos que vinham sustentando a alta do PIB decepcionaram. O setor de serviços cresceu apenas 0,5%, com quase todas suas atividades com resultados mornos.

Pelo lado da demanda, o consumo das famílias, que até então era o motor da economia, teve uma alta de apenas 0,1%, ou seja, viveu um quadro estagnação em relação ao fim do ano passado.

- O governo está retornando algumas alíquotas de IPI que haviam sido reduzidas, a inflação aumentou e isso corroeu os salários reais. Além disso, o crédito também desacelerou. Isso desestimulou o consumo das famílias - disse Rebeca de Palis, gerente de Contas Nacionais do IBGE.

Os investimentos deixaram para trás quatro trimestres seguidos de quedas e subiram 3% nos três primeiros meses do ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Em relação ao trimestre anterior, o avanço foi de 4,6%.

Para Rebeca de Palis, o resultado do PIB mostrou uma mudança de perfil: investimentos crescendo mais que o consumo das famílias. Mas, para Cristina Mendonça de Barros, sócia da MB Associados, ainda é prematuro para se falar em um novo parâmetro do crescimento brasileiro:

- O investimento foi positivo, mas daí a dizer que ele foi retomado é algo que ainda precisamos ver. Temos um ambiente regulatório incerto e dúvidas sobre a competitividade nacional.

A economista Monica de Bolle, da Galanto Consultoria, cita o setor externo como um vilão. Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, as exportações caíram 5,7%, enquanto as importações cresceram 7,4%. Ou seja, o setor externo teve contribuição negativa para o PIB - sem isto, a economia teria avançado 3,6% frente ao mesmo período de 2012, em vez de 1,9%.

Com o fraco resultado da balança comercial, a necessidade de financiamento externo do Brasil mais do que dobrou - passou de R$ 25,86 bilhões no primeiro trimestre de 2012 para R$ 55,41 bilhões agora.

- Demanda externa mais fraca, preços de matérias-primas mais baixos e câmbio parado fazem com que a perspectiva não seja boa. Se acentuar (o déficit na balança), vai haver um problema para o crescimento ou o governo vai ter de deixar o câmbio se desvalorizar, e aí existe um problema de inflação - disse Monica.

Para Armando Castelar, da FGV, será muito difícil o país crescer no ritmo de 3% projetado pelo governo para este ano:

- Para isso, os outros três trimestres precisam crescer 1,15%, ou seja, o dobro da velocidade dos três primeiros meses do ano, o que é muito improvável.

Fonte: O Globo

Os boatos da vez: ‘Presidente da CEF não será demitido’

Em nota, o Planalto negou que vá demitir o presidente da Caixa, Jorge Hereda, em meio às críticas à atuação da instituição no boato sobre o fim do Bolsa Família. A PF diz que não descartou nenhuma linha de investigação

Bolsa Família: Planalto nega demissão do presidente da Caixa

Baiano Jorge Hereda teve de pedir desculpas por erro da instituição após boatos sobre o fim do programa

Catarina Alencastro, Luiza Damé e Gabriela Valente

Sob pressão. Jorge Hereda, presidente da Caixa, que admitiu erro operacional; e o Planalto negou a demissão dele

BRASÍLIA - Em meio às críticas sobre a atuação da Caixa Econômica Federal no caso do boato sobre o fim do Bolsa Família, o Palácio do Planalto saiu em defesa ontem do presidente da instituição, Jorge Hereda. Em nota, a Presidência da República negou que Hereda vá ser demitido. Segundo o Planalto, não são verdadeiras as especulações sobre a saída do dirigente devido à corrida de beneficiários do Bolsa Família às agências da Caixa há cerca de dez dias por conta de falsa notícia de mudanças no pagamento do benefício.

"São falsas as especulações de mudanças na direção da Caixa Econômica Federal. A diretoria é formada por técnicos íntegros e comprometidos com as diretrizes da CEF, com seus clientes e com os beneficiários de programas tão importantes para o Brasil como Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida", diz a nota da Secretaria de Comunicação Social da Presidência.

Boatos sobre o fim do principal programa social do governo começaram a circular no sábado dia 18 e provocaram congestionamento nas agências da Caixa em 13 estados. Só naquele fim de semana foram feitos cerca de 900 mil saques, num total de R$ 152 milhões. Durante viagem à Etiópia no último sábado, a presidente Dilma Rousseff admitiu que o programa pode ter falhas e disse que o governo vai investigar o que aconteceu. Dilma afirmou que, a partir de agora, a possibilidade de novas corridas às agências será cogitada e prevenida.

No início da semana, Hereda veio a público para assumir o erro da Caixa. Segundo ele, a "área operacional" da instituição havia decidido antecipar o pagamento de beneficiários do Bolsa Família em todo o país a partir de 17 de maio. Antes, portanto, do boato do dia 18.
Mas a antecipação não fora noticiada. Inicialmente, a Caixa informou que os pagamentos antecipados só tinham sido autorizados por conta do corre-corre aos terminais eletrônicos de saque. O Ministério de Desenvolvimento Social não dá esclarecimentos sobre o caso. A ministra Tereza Campello está em férias. Desde anteontem, a Caixa também se recusa a dar mais esclarecimentos sobre o episódio. O GLOBO enviou pedido de informações sobre qual setor autorizou a antecipação dos pagamentos e quem deu autorização para a medida. Mas não houve resposta.

O arquiteto baiano Jorge Hereda está no governo desde 2003. Foi secretário de Habitação do Ministério das Cidades, vice-presidente de Governo da Caixa e, em março de 2011, assumiu a presidência da instituição. Hereda chegou ao Ministério das Cidades quando o titular era o gaúcho Olívio Dutra, indicado pelo PT de São Paulo. Hereda foi secretário de Marta Suplicy na prefeitura de São Paulo e é considerado um nome da ex-prefeita, atual ministra da Cultura.

Hereda se acostumou a enfrentar turbulências. Chegou à presidência da Caixa depois de Maria Fernanda Coelho deixar o cargo, desgastada após a compra do banco PanAmericano. Quando Hereda foi alçado à presidência, José Urbano Duarte, técnico de carreira do banco, assumiu seu lugar na vice-presidência de Governo. A mudança ainda serviu para acomodar o PMDB no banco. Foi destinada uma vice-presidência para o baiano Geddel Vieira Lima.

Hereda é especialista em habitação

O perfil de Hereda se encaixava nos planos do governo de turbinar ainda mais o principal programa habitacional do país, o Minha Casa Minha Vida. Hereda nasceu em Salvador, é graduado em arquitetura pela Universidade Federal da Bahia e fez mestrado em arquitetura e urbanismo na USP. É visto pela própria equipe como um chefe apaixonado pelo tema habitação e também um "workaholic".

Aguentar uma alta carga de horas de trabalho foi fundamental, de acordo com colaboradores, quando a presidente Dilma Rousseff encomendou aos bancos públicos que liderassem uma forte concorrência e derrubassem as taxas de juros aos consumidores. Por não ter capital aberto, não ter acionistas e, consequentemente, não sofrer a pressão para dar lucro, a Caixa foi o banco mais audacioso no corte das taxas, no programa Melhor Crédito.

Entre os assessores, há uma brincadeira para definir Hereda: às vezes, ele é baiano, outras vezes nem tanto. O humor, segundo os mais próximos, varia bastante. Principalmente quando está no meio de turbilhão de notícias negativas. Foi o que aconteceu há dois meses, quando surgiram notícias de casas defeituosas no Minha Casa Minha Vida. Em entrevista ao GLOBO, Hereda prometeu "radicalizar" com as construtoras para que o mutuário não fique no prejuízo.

Rapidamente, anunciou medidas como a criação de um 0800 para receber reclamações e de um cadastro negativo em que as empreiteiras constantes dele estariam proibidas de fechar qualquer negócio que envolvesse a Caixa. O governo usou a força do banco para tentar aplacar as notícias de casas prestes a desabar mesmo antes da entrega para o mutuário. O banco é responsável por 70% do financiamento habitacional, logo, é interesse das construtoras não entrarem nessa na lista negra.

Depois de O GLOBO mostrar que um grupo de ex-servidores do Ministério das Cidades montou várias empresas de fachada para fraudar o programa habitacional, o governo encomendou a Hereda uma avaliação para que a Caixa assuma toda o repasse de recursos e coordenação do programa no país inteiro. A mudança ainda está em estudo. Até agora, nas cidades com menos de 50 mil habitantes, os repasses podem ser feitos por bancos menores.

Fonte: O Globo

Ministro dispensa pedido de desculpa de Dilma

Gilberto Carvalho afirma não haver motivo para a presidente pedir perdão. Planalto nega intenção de mudar comando da Caixa e reafirma que governo investiga boatos com cuidado

Karla Correia

BRASÍLIA – O Palácio do Planalto iniciou ontem uma operação para acalmar os ânimos em torno das investigações sobre o boato que divulgou o fim do Bolsa-Família. Os rumores levaram milhares de pessoas às agências da Caixa Econômica Federal, em 12 estados. A Presidência também publicou nota oficial na qual nega a intenção de fazer mudanças no comando da Caixa. Na segunda-feira, o presidente da instituição, Jorge Hereda, admitiu que os recursos foram liberados para saque na sexta-feira, dia 17, na véspera do tumulto causado pelo suposto fim do programa.

Ainda ontem, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, veio a campo para rebater críticas da oposição. Presidente do PSDB e provável candidato ao Planalto em 2014, o senador Aécio Neves (MG) afirmou que a presidente "deve desculpas" aos brasileiros por causa do imbróglio envolvendo o Bolsa-Família.

"Não vejo razão nenhuma para desculpas. A presidente Dilma não fez nenhuma ilação. Ela teve todo o cuidado de determinar a investigação do assunto", defendeu Carvalho. "Acho que ela agiu de maneira muito adequada e não há, por parte do governo, nenhuma atitude da presidente que possa levá-la a pedir qualquer tipo de desculpa", disse o ministro.

O recuo do presidente da Caixa – que chegou a afirmar que a liberação dos pagamentos só havia acontecido depois da corrida às agências do banco – causou mal-estar entre Hereda e a presidente Dilma Rousseff. A nota divulgada ontem, contudo, afirma serem falsas as "especulações de mudanças" na direção da instituição. "A diretoria é formada por técnicos íntegros e comprometidos com as diretrizes da CEF, com seus clientes e com os beneficiários de programas tão importantes para o Brasil, como o Bolsa-Família e o Minha Casa, Minha Vida", diz o comunicado.

Na segunda-feira, Hereda, pediu desculpas pelas informações erradas prestadas pelo banco sobre os saques do Bolsa-Família fora do cronograma. Segundo ele a "imprecisão" se justificou pelo momento de crise que o banco enfrentava em razão dos boatos. "Só quem viveu uma crise sabe é o que ter, naquele momento, todas as informações necessárias e ser preciso nas informações", afirmou. Hereda ainda negou que a antecipação dos pagamentos tenha contribuído para a propagação dos boatos.

Férias. A nota do Planalto não mencionou a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello. Responsável pela pasta executora do programa, Tereza ausentou-se do ministério para uma viagem de férias com a filha na Disneyworld, justamente no auge da pane que atingiu o Bolsa-Família, e seria alvo de críticas dentro do governo.

A reação do governo, na sequência dos tumultos em agências da Caixa, apontava na direção de que os rumores sobre o programa eram fruto de uma ação orquestrada contra o Bolsa-Família. A presidente chegou a falar em público que o autor dos boatos era "criminoso e desumano". No Twitter, a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, atribuiu os boatos a uma "central de notícias da oposição".

Fonte: Estado de Minas

Governo nega-se a divulgar detalhes sobre pagamentos

BRASÍLIA - O governo federal se negou a divulgar informações detalhadas sobre o pagamento adiantado do Bolsa Família, que pode ter originado os boatos sobre o fim do programa e a corrida aos caixas eletrônicos da Caixa Econômica Federal no dia 18 passado.

Questionados pela Folha em relação a pontos ainda obscuros do episódio, tanto o banco como o Ministério do Desenvolvimento Social afirmaram que não responderiam as perguntas.

Foram requisitados os documentos internos que oficializaram a liberação, tanto no dia 17 (sexta-feira) quanto, se houver, no dia 18 (sábado).

A Folha pediu ainda nome e cargo das pessoas que tomaram a decisão, assim como quem foi informado dela.

Segundo o governo, essa decisão, apesar de envolver a disponibilização de R$ 2 bilhões e a alteração do principal programa social do país, foi tomada de maneira independente por um grupo de técnicos, sem conhecimento da cúpula dos órgãos.

Não foi informada ainda, apesar de pedida, a norma que possibilita a esses funcionários ter essa autonomia.

Resposta oficial

Para essa e as outras perguntas, o banco respondeu, por meio de sua assessoria de comunicação: "A Caixa informa que o posicionamento do banco foi realizado durante entrevista coletiva e por meio de nota de imprensa".

O ministério foi em linha similar, ao dizer que as "questões já foram esclarecidas na [entrevista] coletiva do presidente da Caixa".

Fonte: Folha de S. Paulo

Politização torna coleta de provas mais difícil, diz PF

Para agentes, embate entre governo federal e oposição atrasa identificação dos boatos sobre o Bolsa Família

Pagamento antecipado pode ter estimulado corrida aos bancos, mas ação de telemarketing ainda é alvo de apuração

Matheus Leitão

BRASÍLIA - Estimulada por integrantes do governo e da oposição, a tentativa de politizar a investigação sobre o boato do encerramento do Bolsa Família tem prejudicado as apurações e diligências feitas por agentes da Polícia Federal.

Segundo a Folha apurou, os investigadores reclamam, nos bastidores, que o viés político do caso dificulta sobretudo a coleta de provas nos Estados em que houve saques em massa dos benefícios.

Instaurado para descobrir a origem da falsa notícia sobre o fim do programa social, que teria causado corrida aos bancos nos dias 18 e 19, o inquérito corre em meio ao acirramento das declarações de conteúdo político.

Já no primeiro dia a ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) escreveu no Twitter que os boatos "devem" ter sido criados pela oposição ao governo Dilma Rousseff.

A declaração, embora posteriormente suavizada pela ministra, tem gerado reações da oposição, que chegou a pressionar o diretor-geral da PF, Leandro Daiello, para uma solução rápida do caso.

Vaivém

Para a corporação, outro fator que causou constrangimento dentro da polícia foi o desencontro de informações prestadas pela Caixa Econômica Federal publicamente e para os investigadores.

Em um primeiro momento, o banco estatal afirmou que liberou o benefício após a confusão provocada pelos boatos, e com o único objetivo de aplacar o pânico dos beneficiários do programa.

Após a Folha revelar que uma dona de casa em Fortaleza (CE) conseguiu retirar seu pagamento de forma antecipada, o banco admitiu que houve mudança no calendário de repasses na véspera da eclosão das falsas notícias em 13 Estados do país.

Varredura

A PF tem ouvido pessoas atendidas pelo programa em todos os Estados em que houve corrida às agências da Caixa. As regiões Norte e Nordeste são os principais focos da investigação policial por ora.

Os depoimentos têm levado os investigadores a nomes novos, que estão sendo ouvidos em seguida.

Os agentes esperam chegar à origem da boataria para tentar responder se a difusão da falsa notícia ocorreu de forma articulada ou não.

Linha cruzada

Investigadores que apuram o envolvimento de empresa de telemarketing no Rio no caso descobriram que um beneficiário do programa recebeu a suposta ligação em uma linha telefônica ilegal, procedente do morro do Alemão.

A linha irregular cria obstáculos para o rastreamento da chamada. Para os investigadores, a suspeita é que o telefonema tenha sido feito por uma central comunitária instalada na favela.

Uma operadora informou à PF que o telefone do beneficiário cadastrado no Bolsa Família estava desconectado por falta de pagamento.

O fato de a Caixa ter adiantado o dinheiro é uma das linhas de investigação.

De acordo com os policiais, a antecipação não explica a boataria generalizada, mas pode ter gerado "ilações" a respeito. Para a PF, o adiantamento do pagamento pela Caixa pode ter contribuído para o aumento dos saques.

Fonte: Folha de S. Paulo

PSDB pede acesso ao inquérito sobre Bolsa Família

A ação deverá ser apresentada pelo líder do partido na Câmara, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP)

Da Redação

A cúpula do PSDB entrará na sexta-feira (31) com um mandado de segurança na Justiça Federal para ter acesso ao inquérito conduzido pela Polícia Federal que investiga os motivos dos boatos que provocaram uma onda de saques dos beneficiários do Bolsa Família. A ação deverá ser apresentada pelo líder do partido na Câmara, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).

No entendimento de Sampaio, o partido passou a ser parte integrante do processo no momento em que a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, disse, nas redes sociais, que os boatos sobre o fim do programa tinham sido espalhados pela oposição.

Essa compreensão, segundo o tucano, teria sido confirmada pelo próprio diretor-geral da PF, Leandro Daiello, em reunião realizada nesta terça-feira, 28, em que lideranças da oposição cobraram agilidade nas investigações. No encontro, Sampaio chegou a apresentar o advogado do partido para ter acesso aos documentos. Na ocasião, Daiello não teria feito objeção. Ao retornar à PF, nesta quarta-feira, o advogado não chegou nem a ser recebido pelo diretor-geral. "Vou recorrer à Justiça para assegurar um direito que me foi confirmado, do próprio delegado Daiello", disse o delegado Sampaio

Fonte: O Tempo (MG)

Relação com a base azedou de vez

A desarticulação da base aliada

Presidente da Câmara afirma que o Planalto peca na relação política e reconhece problemas do Executivo no trato com governistas

Paulo de Tarso Lyra, Juliana Colares

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), expôs ontem o crônico problema na articulação política do governo com o Congresso. Um dia depois de o Planalto ser derrotado com a não votação da MP 605/2012 no Senado, que define recursos para garantir a redução da conta de luz elétrica — o que obrigou o governo a fazer um “contrabando” na MP 609/2013 (veja a página 3) —, Alves disse que existem problemas na relação entre o Executivo e o Legislativo. “Não estou aqui para tapar o sol com a peneira, mas precisamos saber por que a base tem 421 deputados e não conseguiu colocar 257 para uma votação importante na segunda à noite”, declarou. O texto só foi aprovado na terça.

O discurso de Alves reforça o momento de tensão vivido com o PMDB, que, comandando as duas Casas do Congresso, passou a ditar o ritmo de votações do parlamento. Há duas semanas, a MP dos Portos só foi aprovada após um esforço atípico. Depois de dois dias seguidos e 41 horas de discussão na Câmara, o Senado aprovou a matéria a toque de caixa, no mesmo dia. “Precisamos tirar lições do que houve para não passar de novo por isso, que foi um vexame”, classificou o presidente da Câmara. “Não adianta dizer que está tudo bem, porque não está. Tem problema em algum lugar”, resumiu Alves.

O peemedebista lembra que, pelo fato de esta ser uma semana com o feriado de Corpus Christi, deveria ter aumentado a responsabilidade do governo em mobilizar os parlamentares aliados. “Mais razões para trabalhar na segunda, na terça e na quarta. Devem procurar as razões, isso não cabe a mim, cabe aos líderes partidários. A presidente Dilma Rousseff tem sido correta com o parlamento, e temos que responder votando”, declarou.

Na base, sobram críticas à dificuldade de articulação do governo com o Congresso. Na leitura de parlamentares do PMDB, o Palácio do Planalto foi o responsável pelo mal-estar gerado na última terça-feira, quando o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL) — que havia prometido que o Senado não votaria medidas provisórias com menos de sete dias para o fim da validade —, recusou-se a colocar em votação as MPs da energia elétrica e da desoneração da folha de pagamento de setores da construção civil e do varejo.

Peemedebistas avaliaram que o governo falhou ao não agir para evitar que as MPs passassem tempo demais nas comissões especiais, o que fez com que elas chegassem aos plenários da Câmara e do Senado às vésperas do fim da validade.

Afago e cobrança

O PMDB se aproveita do momento de fragilidade na articulação política para emparedar o governo, deixando claro ao Executivo o grau de dependência que o governo tem em relação ao principal aliado. Renan, por exemplo, já havia se tornado credor do Planalto com a aprovação da MP dos Portos. Três dias depois, foi convidado pela presidente Dilma para participar com ela da inauguração da Arena Pernambuco, e recebeu, na mesma data, afagos por meio da liberação de recursos para o combate à seca em Alagoas.

Outro expoente da estratégia do PMDB é a postura do líder do partido na Câmara, Eduardo Cunha (RJ). Durante a tramitação da MP dos Portos, Cunha apresentou a polêmica emenda “Tio Patinhas”, que revoltou o Planalto e provocou as longas discussões que atrasaram a tramitação da proposta. Agora, decidiu ajudar o Planalto — e também somar créditos. Foi ele quem articulou a transferência do conteúdo da MP 605 para a MP 609, providenciando a solução buscada pelo governo. “Pensando na importância da matéria, o líder Eduardo Cunha me apresentou a proposta e depois acertou com o líder (do governo na Câmara) Arlindo Chinaglia”, disse Alves.

As ações do PMDB, entretanto, não estão passando despercebidas, embora o Planalto se encontre, ao menos por enquanto, de mãos atadas. Na noite de terça, após o fracasso da votação da MP 605, a chefe da Casa Civil, ministra Gleisi Hoffmann, reclamou com Dilma da postura de Renan, que se recusou a ler as medidas provisórias, inviabilizando a votação. “Dilma defendeu Renan. Ela sabe que não pode brincar com a fidelidade do PMDB”, provocou um interlocutor do presidente do Senado.

Debandada pré-feriado

Na véspera do feriado, o plenário da Câmara ficou vazio. Pela manhã, o painel eletrônico registrava a presença de 261 deputados, mas apenas oito estavam no local. Grande parte registrou a presença e viajou em seguida para os respectivos estados. Na terça, alguns congressistas demonstravam desconforto com a sessão prolongada que aprovou modificações na chamada Lei das Drogas. Já no Senado, pela manhã, parlamentares se revezavam entre as comissões. “Eu deixei de viajar para participar da CCJ”, disse Antônio Carlos Valadares (PSB-SE). À tarde, porém, apesar de 57 parlamentares terem registrado presença no plenário, no fim do dia, somente três estavam no local.

Desencontros recentes

Confira cinco temas que tumultuaram a relação do governo com a base no Congresso nas últimas semanas

MP dos Portos

O governo não negociou com o Congresso o encaminhamento da matéria e o projeto emperrou na Câmara: só foi aprovado após uma votação que durou 41 horas, atravessando duas madrugadas. No mesmo dia, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) aprovou a MP, em menos de sete horas, e se tornou credor do governo. Entretanto, Renan anunciou que a Casa não votaria mais medidas provisórias com menos de sete dias de validade.

MP da Energia Elétrica

Mais uma vez, o governo deixou até o último minuto a aprovação da MP. O texto passou na Câmara, mas Renan vetou a tramitação no Senado.

CPI da Petrobras

Parlamentares do PMDB, acompanhados de outros partidos, apoiaram a criação de uma CPI para investigar os negócios da estatal.

Liberação de emendas

O governo não liberou as emendas parlamentares no início do ano e, antes da votação da MP dos Portos, prometeu disponibilizar R$ 1 bilhão — acabou aumentando a generosidade para R$ 7 bilhões. Mas a manobra grupos de parlamentares da própria base ressuscitassem a ideia do Orçamento impositivo para que os congressistas não fiquem mais dependentes da boa-vontade do Planalto.

Novos partidos

O Executivo apoiou a aprovação do projeto que retira dos novos partidos o direito de ter acesso ao Fundo Partidário e ao tempo de televisão. O imbróglio dividiu o Congresso e o STF suspendeu a tramitação da proposta.

PEC contra o STF

Apesar de ser um assunto do Congresso, o governo não conseguiu barrar a proposta — apresentada por um petista — que submete decisões do STF ao Legislativo. Mais uma vez, a base está dividida entre interesses partidários e do Planalto.

Fonte: Correio Braziliense / Estado de Minas

Eduardo faz novas críticas, mas preserva Lula

Governo aproveita um ato em Moreno para destacar de novo ações do governo com DNA lulista. Mas resultado do PIB ''reacende'' o seu tom de aliado-crítico

Débora Duque

Diante dos olhares atentos de famílias, cuja renda mensal não ultrapassa a faixa de R$ 1.600, à espera das chaves da casa própria, o governador Eduardo Campos (PSB) não se arriscou a fazer suas críticas ou ressalvas habituais às políticas econômicas e sociais do governo federal. No palanque montado para a inauguração do conjunto residencial “Miguel Arraes”, nessa quarta-feira, em Moreno, o socialista-presidenciável optou por elogiar com ênfase o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff pelo programa “Minha Casa, Minha Vida”. O tom crítico – como o que utilizou na segunda (27) ao tratar do Bolsa Família – ficou, mais uma vez, reservado às entrevistas e aos encontros com políticos e empresários.

“A gente sabe o valor que é fazer o que o presidente Lula fez no segundo mandato. (Enquanto) soprava uma crise internacional, ele chamou a então chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e governadores para entender porque casa para o povo pobre era tão cara”, exaltou Eduardo, tendo à sua frente integrantes das 500 famílias beneficiadas pelo programa habitacional do governo federal. “Foi então que Lula chamou governadores e prefeitos para tirarem o imposto dos materiais de construção para a gente fazer milhares de casas, fazendo com que o Brasil seja um país mais justo”, reforçou.

Passado o ato público e já rodeado por gravadores, Eduardo retomou sua condição de aliado-crítico da gestão petista. E, ontem, ganhou um novo mote com o anúncio de que o crescimento PIB, em 2013, será menor do que o previsto inicialmente (leia mais em economia). No primeiro trimestre deste ano, o aumento foi de apenas 0,6% quando a expectativa era de que fosse de 0,9%.

“Como governador e uma pessoa que tem responsabilidade com a vida de tantas pessoas, lamento o resultado. Acho que a gente tem que discutir menos eleição e mais economia. Tudo o que está acontecendo só faz reforçar meus argumentos de que 2013 é um ano singelo e é hora de unir forças”, afirmou.

Mais cedo, durante a inauguração do novo terminal integrado de passageiros, Eduardo questionou – também em entrevista – a estratégia do Banco Central de aumentar a taxa de juros para tentar controlar a alta da inflação. “Não há solução mágica. A questão não passa só por política monetária, mas por outras políticas também”, disse.

O enaltecimento das ações com DNA lulista tem sido uma constante em atos públicos do governador. No último dia 10, em Petrolina, chegou a dizer que Lula tinha sido o “melhor presidente da história para os pernambucanos”. Por enquanto, o público-alvo de suas ponderações sobre questões como revisão da política econômica, novo pacto federativo e a “dependência financeira” gerada pelos programas sociais do governo, um dos motores dos índices de aprovação das três gestões petistas, tem se restringido à classe política e ao setor empresarial.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Eduardo garante que o PSB fica unido

Governador janta no Rio com o ex-ministro Ciro Gomes, numa tentativa de distensionar a relação entre ambos

Sem fazer alarde, o governador Eduardo Campos (PSB) aproveitou a viagem que fez ao Rio de Janeiro, na segunda-feira (27), para jantar com o ex-ministro Ciro Gomes (PSB), seu histórico desafeto político dentro do partido. Segundo informações repassadas por aliados do governador, a iniciativa partiu do próprio Eduardo e tinha como objetivo distensionar a relação com o político cearense.

Nessa quarta-feira, o governador confirmou o encontro, mas se recusou a comentar o teor da conversa. “Aconteceu um jantar e é inteiramente natural que aconteça. Foi muito positivo. Falamos sobre o Brasil, sobre a economia, não é o caso de ficar comentando conversas que tive”, disse.

Desde que Eduardo intensificou sua movimentação para candidatar-se à Presidência da República, em 2014, Ciro não tem disfarçado sua contrariedade. Em defesa do apoio à reeleição da presidente Dilma (PT), ele já chegou a declarar que a candidatura de Eduardo, presidente nacional do PSB, era “inoportuna”. Também disse que o correligionário não tinha “projeto” para o País.

O governador, no entanto, procura minimizar as críticas que tem ouvido de Ciro e nega que o partido esteja dividido quanto à posição a ser tomada na disputa presidencial. “Não tem insatisfação interna. Há um ambiente de grande entrosamento. O que existe é um debate saudável. O partido vai estar unido quando entender que deve tomar uma decisão”, afirmou ontem.

A principal razão para a insatisfação de Ciro é o fato de ter tido sua candidatura presidencial rifada, em 2010, por uma articulação do próprio Eduardo. Internamente, socialistas acreditam que a dissidência do cearense pode ser contornada, sem dificuldades, por gestos políticos do governador.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Aécio põe Serra no programa do PSDB

Inserções que voltam ao ar hoje abordam portas de saída para o Bolsa Família

Maria Lima

BRASÍLIA - Como narrador do programa semestral de dez minutos do PSDB, o presidente nacional do partido e pré-candidato a presidente Aécio Neves (MG) volta hoje em horário nobre de rádio e TV ao lado do ex-governador José Serra, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. De olho em 2014 e empenhados no projeto do partido de voltar ao poder central do país, os tucanos vão abordar os programas que deram origem ao Bolsa Família e conquistas dos governos do PSDB na área de Educação e no combate à inflação. Protagonista das inserções, que continuam no ar até amanhã, Aécio fez questão de dar espaço no grande programa a José Serra, que será mostrado discursando na convenção nacional do último dia 18, sobre a busca da convergência não só do PSDB, mas de todas as forças da oposição para derrotar o PT.

"Vou mostrar para vocês o jeito do PSDB cuidar das pessoas", diz Aécio, abrindo o programa que exibe pessoas simples falando do resultado de programas bem-sucedidos em várias cidades, inclusive Diamantina, reduto do senador mineiro. Em São João Del Rei, sua terra natal, Aécio aparece contando um pouco de sua história, que remete ao avô Tancredo Neves.

O programa, feito pelo publicitário Renato Pereira, sofreu ajustes de última hora para atualizar alguns temas. Quando a polêmica em torno dos pagamentos antecipados do Bolsa Família é abordada, Aécio fala da necessidade de portas de saída para os beneficiários, para que não fiquem tão dependentes: "não pode ser o objetivo de um pai deixar de herança para um filho um cartão do Bolsa Família".

O pré-candidato tucano também abordará a importância da parceria do governo com o setor privado para o Brasil avançar nas áreas de infraestrutura: "O setor privado não é inimigo, é parceiro".

Como nas inserções que já estão no ar desde semana passada, o programa é dirigido às classes C e D, com linguagem simples e direta. No contraponto com o PT, em vez de Lula e Dilma, que falam dos programas do partido, será mostrado o cidadão comum falando de como sua vida foi impactada com programas de gestões tucanas nos estados.

O programa vai tentar reforçar o vínculo do público com Aécio, já que as pesquisas feitas mostram que as pessoas não se identificam muito com os partidos, mas com as pessoas. Ele é conhecido praticamente só no Centro-Sul do país, depois de dois mandatos como governador de Minas. Para tentar evitar o distanciamento, ele sempre aparece sem terno, de camisa branca, e, muitas vezes, conversando com pessoas comuns.

RespostaS dos jovens

Segundo a assessoria do PSDB, os grupos testados em pesquisas qualitativas mostraram uma grande empatia por Aécio mesmo entre os que não o conheciam. E essa empatia é bem explorada no programa.

A propaganda partidária do PSDB evita explorar a miséria e a pobreza, como nos programas do PT, dizem os tucanos envolvidos no projeto. Vão ser mostradas pessoas simples, mas estruturadas, trabalhando. Nas pesquisas feitas para orientar os publicitários do PSDB, principalmente os jovens mostraram grande interesse em alternativas e portas de saída para os programas assistenciais. Por isso haverá um enfoque forte em programas de emancipação dos beneficiários de bolsas.

Vai haver um foco grande também no sucesso dos programas de Educação nas gestões do PSDB. Especificamente em Minas Gerais, que, segundo os tucanos, apresenta o melhor resultado de ensino fundamental do país, de acordo com dados do Ideb.

Fonte: O Globo

Seguro eleitoral - Denise Rothenburg

Os petistas fizeram seus cálculos e descobriram que a tendência de apoio do PMDB aos seus candidatos é mínima

Desconfiados das reais intenções do PT em vários estados, os peemedebistas preparam carreira solo nos grandes colégios eleitorais do país. São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso do Sul e por ai vai. Assim, o maior aliado do governo Dilma Rousseff começa a fechar uma espécie de “rota de fuga”, para poder buscar outro caminho, caso algo dê errado logo ali na frente.

Embora os peemedebistas reclamem do PT, a verdade é que o mapa de prováveis alianças para 2014 indica que os petistas estão muito mais dispostos a apoiar o PMDB do que o inverso. Há boa vontade em apoiar um nome do PMDB em pelo menos seis estados: Pará, Rondônia, Alagoas, Sergipe, Amazonas e Amapá.

No caso desse último, entretanto, ainda depende do rumo que tomará o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, uma vez que o governador do Amapá, Camilo Capiberibe, é do PSB e o vice é do PT. Eduardo Campos é visto hoje, entre os políticos, como a peça mais importante que falta para clarear o quadro dos estados, nessa corrida tão antecipada.

Enquanto isso, no PT...

Os petistas fizeram seus cálculos e descobriram que a tendência de apoio do PMDB aos seus candidatos é mínima. Existe, hoje, apenas no Piauí e no Distrito Federal, onde o vice de Agnelo Queiroz é o peemedebista Tadeu Filippelli. Em conversas reservadas, há quem diga que Filippelli poderia até lançar-se em uma candidatura alternativa, de forma a não ficar tão destoante da maior parte do partido, país afora. Mas a cúpula nacional do PMDB trata essa hipótese como “intriga sem fundamento”, uma vez que a ordem em Brasília é repetir o desenho da aliança nacional.

Diante desse quadro de pouco apoio nos estados, o presidente do PT, Rui Falcão, tem dito aos peemedebistas que, se eles quiserem suporte no Rio de Janeiro, por exemplo, deveriam arrumar um jeito de ajudar a reeleição de Tarso Genro, no Rio Grande do Sul. O PMDB, todavia, tem candidato próprio lá.

Por falar em “intrigas”...

O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp, de Rondônia, faz questão de alertar que essa situação de candidaturas próprias do seu partido não representa riscos para o cenário nacional. Ele tem dito que o vice-presidente da República, Michel Temer, conseguiu construir um leque de apoios desses palanques à chapa Dilma-Michel. “Está melhor do que foi na última eleição”, assegura.

O problema é que, entre as garantias do presidente em exercício do PMDB e o calor da campanha, a distância é grande. Essa estratégia peemedebista indica, para muitos políticos, a tal “rota de fuga” referida acima. O partido, aliás, sempre foi craque nessa construção. Sempre tem um pedaço enorme em uma banda e grupos menores que abrem trilhas para outras candidaturas.

Para completar, tem sempre uma terceira turma peemedebista disposta a criar fatos e situações que deixem qualquer governo dependente da boa vontade do partido. Vide o pedido de CPI da Petrobras, já referido aqui na coluna em outras oportunidades, e o elenco de matérias que o governo não quer nem ouvir falar — PEC 300 (dos policiais), fator previdenciário, orçamento impositivo e outras “coisinhas” mais.

E no PSB...

O jogo fica cada vez mais nebuloso. A última forma foi um freio na troca de partido por parte do vice-governador de Pernambuco, João Lyra Neto. Além de Carlos Lupi pedir a ele que não saísse do PDT, o PSB ainda pesa prós e contras dessa filiação. Tudo porque, à primeira vista, poderia parecer que Eduardo Campos desistiu de ter o PDT na sua chapa. Nem o governador pernambucano deseja mostrar suas cartas agora e nem os pedetistas estão interessados em fechar desde já. Como esse baile ainda está no começo, a ordem de cada um é valorizar o passe.

E tem mais!

O gingar das medidas provisórias no Congresso indicam que o governo passa agora a depender de “gambiarras”, como a inclusão da medida provisória da energia elétrica em outras correlatas que tramitam na Casa. Afinal, não está descartado que outros textos terminem sem prazo para votação no Senado, como ocorreu com a MP que trata da redução dos valores da conta de luz. Sendo assim, ou Dilma acerta logo o passo na Câmara, ou a legislação brasileira ficará cada vez mais confusa, com leis misturando alhos e bugalhos. Essa, entretanto, é outra história.

Fonte: Correio Braziliense

Brasil, uma onda - Eliane Cantanhêde

Este filme a gente já viu. No começo do ano, o ministro Guido Mantega estufa o peito e promete um pibão. No meio do ano, o mesmo Mantega diz que não é bem assim e revisa para baixo. No fim do ano, o mesmíssimo Mantega se conforma com um pibinho de dar dó.

O PIB deste ano seria de 4,5%, caiu para 3,5% e a nova previsão será abaixo disso, depois do banho de água fria de ontem, quando foi anunciado um crescimento de apenas 0,6% no primeiro trimestre em relação ao último trimestre de 2012. Planalto e mercado esperavam 0,9%.

Quem está segurando o crescimento positivo é justamente a agricultura, que aumentou 9,7% e compensou mais uma queda da indústria e o recuo no ritmo do consumo das famílias, muito provavelmente por causa da inflação. Preços mais altos, menos compras, certo?

É assim que a tão badalada economia brasileira vai perdendo o encanto, com PIB baixo, inflação no teto, juros em alta (apesar de toda a propaganda) e, agora, o dólar disparando, a balança comercial dando uma má notícia atrás da outra e nada de respostas na área fiscal.

Aquela onda de Brasil grande parece ir morrendo na praia, enquanto a imprensa internacional vê o país sob Dilma Rousseff como imprevisível, sem rumo, movido com um viés intervencionista. E continua sem avançar nas reformas estruturais.

Pode-se acrescentar a isso uma novidade de 2013: a toda hora o Planalto bate de frente com o Congresso, onde tem uma base aliada gigantesca, mas, pelo visto, nada fiel.

Aprovar a MP dos Portos já foi um inferno. Agora, o jeito foi incluir um "caco" na MP da Cesta Básica para cumprir a promessa de baixar a conta de luz. Uma promessa, lembre-se, feita em rede nacional de TV, com requinte de campanha eleitoral.

No caso do PIB, a culpa é do Mantega. No das MPs, da Ideli. No do Bolsa Família, da Caixa. Mas todos eles têm chefe. Ou seria "chefa"?

Fonte: Folha de S. Paulo

Mando de campo - Dora Kramer

Quando o presidente do Senado pediu ao plenário que votasse a MP dos Portos dizendo que seria uma exceção e que dali em diante as medidas provisórias teriam de chegar com sete dias de antecedência para serem examinadas, o governo não acreditou na hipótese de Renan Calheiros cumprir o prometido.

Embora reconhecendo a situação absurda em que os senadores se veem obrigados a votar matérias sem tempo para discussão de conteúdo, chegou-se nas internas governistas a fazer pouco da promessa de devolução das medidas ao Planalto, dizendo que esse era um problema para a Câmara resolver.

Mais especificamente o PMDB, que deveria se mobilizar para garantir a tramitação das MPs em tempo hábil para serem remetidas ao Senado.

O descrédito tinha alguma razão de ser. Afinal, já haviam sido abertas várias "exceções" desde que o antecessor de Calheiros, José Sarney, prometera algo semelhante e não cumpriu.

Além disso, a Câmara aceitou votar em cima da hora a MP que reduz as tarifas de energia elétrica mediante um acordo conduzido pelo presidente da Casa, Henrique Alves, do PMDB. Tudo indicava que o partido poderia mais uma vez usar a maioria para fazer a vontade do Executivo, deixando à minoria a revolta de ser coadjuvante no papel de serviçal do Palácio do Planalto.

Fosse outra época, antes de os abusos se tornarem tão abusivamente explícitos; não fosse o presidente do Senado uma figura extremamente desgastada e, por isso, sem a posse de margem para manobras; não estivessem tão agastados os ânimos no Congresso; não tivessem sido ultrapassados todos os limites, talvez ainda houvesse algum espaço para o Senado deixar de lado sua condição de Casa revisora para continuar como entregador de pratos feitos.

Mas, não há mais - e por isso senador Calheiros não tem outro jeito a não ser manter a decisão de dar um alto lá no Palácio do Planalto. A conferir, contudo, se a atitude é de validade provisória ou permanente. A escolha é do Senado e poderia ter sido feita muito antes de a situação chegar aos píncaros da humilhação. A recusa atual é a prova cabal de que só é submisso quem quer.

O Executivo não tem como retaliar. Se o governo for ponderado, faz uma pausa para meditação a fim de avaliar se vale a pena continuar recorrendo a golpes regimentais, vivendo em risco permanente, ou se não seria melhor estabelecer com o Legislativo um acordo de procedimentos a ser de fato respeitado.

O Congresso, de seu lado, nessa questão de medidas provisórias tem o mando de campo. Dispõe de amparo constitucional para observar os prazos sem se deixar levar pelo atropelo. Nunca é demais relembrar: tem a prerrogativa de devolver MPs que não obedeçam aos preceitos da relevância e da urgência.

Não faz muito, o Supremo Tribunal Federal convalidou essa prerrogativa, mas nada mudou. Tem conserto? Evidentemente, desde que o Parlamento resolva de uma vez por todas aderir à regra e praticar o que diz a cláusula pétrea da Constituição sobre a autonomia dos Poderes.

O Planalto excede, mas só o faz porque o Congresso concede.

Não ajuda. Os argumentos apresentados pelo procurador-geral Roberto Gurgel para contestar os embargos de declaração dos advogados dos réus do mensalão são qualificados como "muito fracos" no Supremo Tribunal Federal. Uma peça única "genérica", na expressão de um ministro.

Em miúdos, significa que Gurgel deixou passar uma oportunidade de contribuir para a rejeição dos embargos. Não quer dizer que por isso serão aceitos. Mas, se recusados, não o serão devido às contrarrazões do procurador.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Dilma entre dois flancos - Tereza Cruvinel

As adversidades na economia e na política vão tornando a candidatura da presidente Dilma à reeleição cada vez mais dependente de sua própria popularidade

Ontem foi um dia de realidades adversas para a presidente Dilma Rousseff e seu governo. Na economia, a repercussão frustrante de um crescimento inferior ao esperado no primeiro trimestre. Mais uma vez, o ministro da Fazenda teve que rebaixar suas previsões para o ano, seguindo o que já fizera o mercado. Na política, finalmente começaram todos a colocar um dedo numa ferida que vem sendo tratada com subterfúgios, a crise de compromisso da base parlamentar. Paradoxalmente, a presidente que enfrenta esses problemas mantém o mais índice de popularidade da era democrática, segundo as últimas pesquisas a respeito.

Deixemos a economia para os especialistas — que, por conta do “pibinho” e apesar da inflação de alimentos, apostavam ontem em alta mínima dos juros — e fiquemos na política. Por algum tempo, o Planalto fingiu desconhecer os problemas em sua base de sustentação parlamentar. Por alguns dias, foi mais cômodo apontar o líder do PMDB, Eduardo Cunha, como bruxo da vez. Se criou problemas, foi graças ao problema maior existente. As cúpulas do PT e do PMDB usaram os analgésicos que puderam, esperando uma resposta do governo. Como ela não veio, e a febre continuou subindo, nas últimas horas começaram todos a colocar o dedo na ferida: ou Dilma muda de atitude em relação à coalizão, ou terá problemas pela frente. Já está tendo.

O problema aflorou no jantar de segunda-feira à noite, entre os senadores petistas e o presidente do PT, Rui Falcão, foi objeto de uma reunião, anteontem, entre líderes governistas e ministros palacianos, e ontem foi escancarado por declarações do líder petista na Câmara, José Guimarães, e pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, direitíssimo ao ponto. “Não adianta tapar o sol com a peneira. Algo não vai bem na base governista.”

Se, na segunda-feira à noite, dos 423 deputados que teoricamente integram a base, pelo menos 257 (metade da casa mais um) tivessem comparecido à sessão noturna, teriam sido aprovadas em tempo hábil as medidas provisórias 601 e 605. Mas só havia 210 deputados em plenário, parte deles, da oposição, que aproveitou para obstruir. Às 22h, Alves encerrou a sessão. Os governistas não iriam chegar para votar. Deixaram para pegar o avião para Brasília no dia seguinte. O nome disso é descompromisso. As MPs foram votadas no dia seguinte pela manhã, mas deixando menos de sete dias de prazo para a apreciação do Senado. E como Renan Calheiros havia se comprometido com seus pares, ao votar a MP dos Portos faltando quatros horas para a perda de validade, que não colocaria novas propostas em votação com prazo de tramitação inferior a sete dias, teve que honrar a palavra, impondo um grande prejuízo ao governo. Uma das medidas trata da redução da tarifa de energia. Outra da desoneração de encargos trabalhistas para alguns setores empresariais. Vai-se dar um jeito de salvar as matérias enfiando-as como emendas em outras MPs. É analgésico, mas não é remédio.

Que problemas são esses na base? São difusos, mas podem ser resumidos com a palavra insatisfação. A interlocutora oficial, a ministra Ideli Salvatti, nunca foi devidamente empoderada por Dilma para negociar com o Congresso. Quem ocupa o postos precisa ter autonomia para firmar acordos, e tais acordos precisam ser honrados. Os deputados sentem-se como meros apertadores de botão e os líderes como mandaletes do Planalto. Há demandas não atendidas, seja na liberação de emendas ou no preenchimento de cargos, mas, quando o ânimo subjetivo é bom, problemas desse tipo vão sendo resolvidos sem gerar crise. Eles decorrem, em grande parte, da personalidade altaneira da presidente, de sua falta de familiaridade com o funcionamento do Congresso e seu centralismo, que pode ser benéfico à gestão (num país onde a burocracia impõe o passo de cágado), mas é nocivo à política. Foram agravadas pelas disputas eleitorais antecipadas nos estados, entre o PT e PMDB. Nessas circunstâncias adversas, na política e na economia, a candidatura de Dilma à reeleição passa a depender, cada vez mais, de sua própria popularidade.

Sem cerimônia

Os senadores petistas e o presidente do partido, Rui Falcão, no jantar em que avaliaram a conjuntura, concluíram que o governador Eduardo Campos reduziu sua movimentação pública, mas acelerou as articulações nos bastidores, perdendo completamente a cerimônia ao investir sobre bases do PT e dos partidos aliados. O movimento mais ousado foi no Ceará: segundo senadores do PT, ele convidou a ex-prefeita petista de Fortaleza Luizianne Lins a ingressar no PSB e para concorrer ao governo. Com isso, sinalizou que espera ou conta com a saída dos irmãos Cid e Ciro Gomes do PSB. Anteontem, ele teve um encontro com Ciro Gomes em Recife, sobre o qual nada declararam, por ora. Ciro e seu irmão, o governador Cid, como é sabido, preferem apoiar Dilma. E não perdoam Campos por ter impedido a candidatura presidencial de Ciro em 2010, forçando o apoio a Dilma com o argumento de que o ciclo de poder do PT ainda não havia se esgotado.

Campos poderia dizer, porém, que o PT abriu fogo primeiro, ao barrar adesões ao PSB, como fez em Goiás, desviando para o PMDB a filiação do empresário José Batista Júnior, o “Júnior da Friboi”. Mas é certo que, entre os dois partidos, acabou-se a cerimônia e deve começar a guerrilha. Os petistas estão cercando os governadores do PSB. Camilo Capiberibe (AP) externou preferência por Dilma, e Renato Casagrande (ES) tem dito que pode não apoiar ninguém para presidente, ao disputar a reeleição. “Eduardo não terá a unanimidade no PSB, mas posso garantir que terá o apoio de uma significativa maioria”, diz o senador Rodrigo Rollemberg (DF), um de seus articuladores no Congresso.

Fonte: Correio Braziliense

Outro vexame político – O Estado de S. Paulo / Editorial

O governo decidiu ontem manter por decreto a redução das tarifas de energia, enquanto estuda a forma de manter a desoneração da folha de pagamento a diversos setores da economia. O Planalto, portanto, perdeu as esperanças de levar o presidente do Senado, Renan Calheiros, a pôr afinal em votação as respectivas medidas provisórias (MPs), cuja validade expira um minuto antes da meia-noite da próxima segunda-feira. Havia quem imaginasse que ele poderia ser induzido a mudar de ideia para poupar o Senado da pecha de ir de encontro aos interesses da população e do empresariado. O que não muda é a constatação de que a presidente Dilma Rousseff mais uma vez saiu humilhada de um embate no Congresso Nacional. Ela assumiu o Planalto há exatos 2 anos, 4 meses e 30 dias. E continua tão despreparada a interagir com o Legislativo como ao tomar posse.

O vexame político não surpreende. Duas semanas atrás, quando teve de votar a toque de caixa a Medida Provisória dos Portos, também em vias de caducar, Calheiros prometeu que a partir de então apenas mandaria a plenário as MPs que chegassem ao Senado pelo menos sete dias antes de perder eficácia. Do contrário - argumentou, coberto de razão - o papel da instituição se limitaria a carimbar e despachar, sem debates nem mudanças, as medidas que a Câmara dos Deputados teve tempo de sobra para discutir, emendar e enfim aprovar. Para todos os efeitos práticos, a função do Senado, nesses casos, se tornaria meramente homologatória. (Pelas regras atuais, o Congresso tem 120 dias para se pronunciar sobre uma MP. A norma não estabelece prazos específicos para cada Casa.)

O Planalto ou entendeu que a promessa de Calheiros não passava de uma bravata ou foi espetacularmente incapaz de agir de acordo. E isso, estando em jogo duas matérias da mais alta importância para a presidente. A MP 601, a da desoneração, foi emitida em dezembro passado. Inclui, entre outras provisões destinadas a aquecer a economia, a prorrogação do Programa Reintegra, que devolve aos exportadores até 3% dos tributos que tiverem pago. A MP 605, a das contas de luz, data de janeiro - e deu ensejo ao primeiro comício reeleitoral de Dilma, disfarçado de pronunciamento oficial em rede nacional. O texto remaneja recursos federais de modo a assegurar reduções tarifárias de 18% para consumidores residenciais e de até 32% para a indústria. Juntas, as MPs representam para o setor produtivo um alívio da ordem de R$ 8,3 bilhões - e um incentivo para o voto em Dilma no ano que vem.

Com tantas fichas em jogo, o governo não soube mobilizar o comando da Câmara e as lideranças da base aliada para que as medidas fossem votadas com a presteza necessária, a fim de não correrem o risco de morrer na praia do Senado. Mas o fiasco supremo do Planalto foi não conseguir a aprovação das matérias - e o seu envio à outra Casa - nem mesmo na segunda-feira, quando terminava a contagem regressiva para atender à demanda de Calheiros. Só no dia seguinte a Câmara terminou de fazer a sua parte. Tarde demais para o cronograma do presidente do Senado. Ele apenas entreabriu uma fresta: caso as lideranças partidárias, sem exceção, aceitassem votar as MPs a tempo de salvá-las, abriria mão de sua exigência. A oposição, representada pelo PSDB, DEM e PSOL, disse não. Talvez possa ser pressionada a ceder.

O governo perdeu o prazo segunda-feira porque a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e sua colega Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, deram um show de bate-cabeça que elevou ao suprassumo a já notória descoordenação política da presidência Dilma. O que emperrava a votação era o destino do projeto de lei complementar que extingue a multa adicional de 10% sobre o saldo do FGTS dos empregados demitidos sem justa causa. A facada acrescenta R$ 3,2 bilhões aos cofres da União, e a ministra política trabalhava com a posição da Casa Civil, segundo a qual a proposta era inegociável - quando já estava sendo negociada. (Irá a plenário em 3 de julho.) Alheia à novidade, Ideli não pôde usá-la para dobrar a resistência de partidos da própria base na Câmara a votar as MPs. A sessão caiu e o respeito dos políticos pela presidente, também.

Resultado do PIB frustra mercado, e analistas reduzem previsão de alta no ano para até 2%

Governo destaca melhora dos investimentos e descarta novas medidas de estímulo ao consumo

Givaldo Barbosa

RIO, BRASÍLIA E SÃO PAULO - O fraco desempenho do PIB decepcionou o mercado, e analistas já começaram a rever para baixo o crescimento da economia neste ano. As novas projeções indicam, de acordo com a maioria dos economistas ouvidos pelo GLOBO, uma expansão da ordem de 2% a 2,6%. Mesmo quem ainda não refez as contas, já admite que a projeção será menor após a revisão.

José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, projetava alta de 1% para o PIB no trimestre. Após a divulgação do resultado, reduziu a projeção de crescimento para 2013 de 2,9% para 2,5%. Mas avalia que há chance de uma expansão com fôlego ainda menor, entre 2% e 2,5%.

- Esperávamos alta entre 2% e 3% no consumo das famílias e erramos. Elas devem continuar consumindo no mesmo patamar deste início de ano.

Para Daniel Cunha, economista da XP Investimentos, o resultado incomoda porque as estatísticas baixas persistem há um ano e meio. O contexto se mostra cada vez mais negativo para o consumo, dada a inflação e a inadimplência. Além disso, a revisão é necessária diante da percepção de que a indústria não vai conseguir reagir sem que haja investimentos maciços em quase todos os setores.

- A expectativa pela retomada era alta, mas os dados desta quarta-feira mostraram que há alguns heróis, como a agricultura, e muitos vilões, com a indústria. Para o segundo trimestre, baixamos a previsão de 0,6% para 0,5%. Para o PIB de 2013, a expectativa era de 3% e revisamos para 2,6%.

Se a atividade permanecer, em média, em 0,6% em todos os trimestres, o PIB de 2013 fechará em 2,6%, abaixo dos 3,5% projetados pelo governo.


Fernando Fix, economista-chefe da Votorantim Wealth Management, esperava alta de 0,9% no primeiro trimestre e 0,6% para o segundo. Mas, diz, o crescimento dependerá do consumo. Para o ano, a previsão inicial de 2,9% será "sem dúvida revisada".

- O segundo trimestre ficará perto do nível do primeiro. Se o consumo acelerar, o avanço será superior a 0,6%. Caso contrário, será menor que 0,6%.

Mantega atribui resultado ao cenário externo

De acordo com o economista, a inflação afetou o poder de compra das famílias. Por isso, a alta nos preços proporcionará reajustes salariais mais altos, como já acontece com a construção civil.

- O aumento de salários afeta a competitividade da indústria. Setores que sofrem concorrência com importados sofrem mais. Por isso, a indústria teve um resultado ruim, e é essencial que o governo incentive investimentos a médio e longo prazos.

Diante do fraco desempenho do PIB, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que o governo terá que rever para baixo a projeção oficial para o ano, de 3,5%. Nos bastidores, já se trabalha com algo em torno de 3%. Ele disse que este ano será melhor que 2012, pois os investimentos começaram a reagir aos estímulos, mas descartou novos incentivos ao consumo, para evitar mais pressões inflacionárias.

- O consumo tem de se recuperar a partir do dinamismo dos investimentos e os estímulos ao investimento estão todos em cima da mesa. O consumo não será o carro-chefe do crescimento. Queremos que seja o investimento.

O ministro atribuiu o resultado do PIB ao cenário externo, que prejudicou as exportações de manufatura6dos, e lembrou que o resto do mundo continua crescendo pouco, o que reduz a demanda por produtos brasileiros. A exceção, diz, são alimentos.

- Para a agricultura, não existe crise.

Ele frisou que os indicadores do segundo trimestre, especialmente os de investimentos, mostram um cenário positivo. Para Mantega, o consumo deve crescer, mas em ritmo menor que em 2012.

- A a qualidade do crescimento é melhor porque conseguimos despertar o investimento.

Perguntado sobre a reação da presidente Dilma Rousseff aos números do IBGE, afirmou:

- A presidente ficou muito satisfeita com o resultado do investimento.

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, reagiu com otimismo às notícias.

- Temos a confirmação de que o crescimento está em curso. A economia está crescendo ao ritmo de 2,2% (ao ano), mesmo do último trimestre do ano passado, mas com uma diferença qualitativa positiva, de que os investimentos estão em ascensão. Isso significa um crescimento mais saudável.

Para ele, o avanço de 4,6% dos investimentos frente ao trimestre anterior confirma a recuperação, assim como a evolução dos desembolsos do BNDES para operações de crédito.

Fonte: O Globo

Oposição vê ‘fracasso’ na política econômica

Os partidos de oposição ao governo Dilma Rousseff criticaram o desempenho da economia no primeiro trimestre, que ficou abaixo do esperado. O líder da minoria na Câmara dos Deputados, Nilson Leitão (PSDB-MT), criticou a atuação do governo, que teria influência no resultado do PIB. “Vejo esse resultado com preocupação e tristeza. O governo não fez a tarefa de casa”, afirmou.

Para o parlamentar, apesar do crescimento de 9,7% em relação ao quarto trimestre de 2012, o PIB da agropecuária não cresceu o que deveria. Ele criticou a falta de infraestrutura como fator que implica aumento de custos e redução da competitividade. “O agronegócio perde muito. Teria uma oportunidade de ter o dobro de lucro que tem hoje.”

Para o presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN), o governo insiste em medidas equivocadas. a pior do que o PIB de 0,6% é o governo insistir em remédios que já não dão certo para reativar a economia”, disse, em nota.

De acordo com Agripino Maia, o governo precisa mudar a política de criação de cargos e cortar gastos. “Insistem nas velhas fórmulas sem fazer o que é preciso cortar gasto público de má qualidade.”

Fracasso

O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), assinalou que o governo de Dilma Rousseff "vem fra¬cassando nas tentativas de impulsionar o desenvolvimento econômico do País".

Para Ferreira, o País continua “parado e estagnado”. “O resultado é preocupante”, disse, ressaltando também que as contas externas do Brasil estão se deteriorando. Questionado se o resultado do PIB industrial (que¬da de 0,3%) mostra um fracasso das políticas de desoneração, o senador afirmou que as medi¬das não têm surtido efeito e, além disso, têm contribuído para aumentar o “rombo fiscal” do governo. “São decisões feitas ao sabor do momento.”

Segundo o líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), o governo não está conseguindo adotar medidas que façam a economia crescer, e isso é preocupante. “Isso evidencia que, ao longo do ano, nós teremos, no máximo, a continuar nessa posição, 2,4%. É muito abaixo de 3,5%, que foi a previsão do governo, e de 2,8%, que é a previsão do mercado. Não vejo motivo para comemo¬ração, vejo motivo para muita preocupação.”

Ao mencionar o “pibinho” de 2012, de 0,9%, Sampaio afirmou que os dados do IBGE re-forçam os problemas de falta de infraestrutura do País. Em sua avaliação, setores como a agricultura poderiam ter resultados mais expressivos se a questão do escoamento dos grãos estivesse resolvida. “O resultado é isso: um PIB baixíssimo, preocupante.”

Fonte: O Estado de S. Paulo

BC enfrenta a inflação - Miriam Leitão

O Banco Central escolheu combater a inflação a tentar preservar o crescimento que, durante o dia, teve um número decepcionante. Foi uma atitude corajosa que provocará muitas críticas dos empresários e dentro do governo, mas o que está derrubando o PIB é a inflação. Esse foi o entendimento. O PIB começou o ano crescendo, mas num ritmo abaixo do previsto. Apesar disso, a inflação tem estado alta, resistente e espalhada.

Há fatores que vão derrubar a inflação nos próximos meses, mas há pontos que podem complicar, como, por exemplo, o dólar, que ontem subiu bastante. A economia americana em recuperação, com redução dos estímulos monetários, pode mesmo produzir mais inflação. De qualquer maneira, o que o BC quis deixar claro é que tem autonomia para lutar contra a alta de preços e quer que a queda de preços no atacado seja repassada ao varejo. A decisão unânime fortalece ainda mais a instituição.

A decisão acontece num dia difícil. O PIB divulgado pelo IBGE ficou abaixo do que o governo gostaria, o mercado previa, e o BC tinha calculado. A economia brasileira parece um carro sem potência tentando subir uma ladeira. Os dados dos trimestres anteriores mostram isso.

O PIB do primeiro trimestre repetiu a taxa de 0,6% do trimestre anterior e há boas e más notícias: o consumo das famílias caiu fortemente, a indústria encolheu, os setores de mineração e petróleo despencaram, o setor de serviços cresceu pouco, o investimento subiu, a agricultura teve um desempenho exuberante.

A maioria dos economistas e dos departamentos econômicos dos bancos errou. Poucos acertaram o PIB do primeiro trimestre. A Gradual Investimento e a MB Associados acertaram. No começo do trimestre, quando a maioria dos grandes bancos e consultorias previa um ano começando forte, o economista José Roberto Mendonça de Barros tinha outra visão. A recuperação começaria mais lenta e pegaria mais ritmo ao longo dos trimestres, mas, de qualquer maneira, não seria um ano brilhante. Suas previsões eram de 0,6% no primeiro trimestre; 0,7%, no segundo; e ainda precisaria de dois trimestres de 1% para se chegar ao crescimento de 2,5%. Ontem, a equipe da MB Associados informou que as previsões devem ser revistas para baixo. Pode ser menor que 2,5%.

Aliás, ontem começou uma onda de revisão das previsões de crescimento nos bancos que apostavam em 0,9% ou até 1,1% para o primeiro trimestre. O ano será melhor do que 2012, mas de novo será de baixo crescimento.

A produção industrial ficou no negativo. Caiu a produção de petróleo e a mineração. O setor de serviços, de um trimestre para o outro, desacelerou de 0,7% para 0,5%. É bom lembrar que a inflação do setor está em 8%. O consumo das famílias se mantém em terreno positivo, mas o ritmo desabou: de 1% no quarto trimestre para 0,1%. De novo, a culpada é a inflação, que no fim do trimestre estava em 6,59% no acumulado de 12 meses. A agricultura teve um crescimento de 9,7% em relação ao último trimestre. A melhor notícia depois da agricultura foi o investimento, que teve uma alta forte de 4,6%. A maior parte desse número é explicada pela compra de caminhões.

A taxa de investimento, como proporção do PIB, foi a mais baixa para um primeiro trimestre desde 2009, em 18,4%. A taxa de poupança é a menor desde 2003, em 14,1%. Esse é o resultado de anos de política econômica que deu prioridade ao consumo e criou instabilidade regulatória para as empresas. Mas a maior das incertezas é a inflação. Ela reduz o consumo e dificulta o planejamento das empresas. Foi isso que levou o BC a acelerar a alta de juros para 8%.

Fonte: O Globo

Ria, Rosa, ria – Manuel Bandeira

A Guimarães Rosa

Acaba a Alegria
Dizendo-nos: - Ria!
Velha companheira,
Boa conselheira!

Por isso me rio
De mim para mim.
Rio, rio, rio!
E digo-lhes: - Ria,
Rosa, noite e dia!
No calor, no frio,
Ria, ria! Ria,
Como lhe aconselha
Essa doce velha
Cheirando a alecrim,
A alegre Alegria!