sábado, 28 de setembro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Roberto Freire: José Serra

"O PPS está aguardando [resposta de Serra], com boas expectativas. Ele, objetivamente, está entendendo que, para ser protagonista em 2014, seja o protagonismo que for, esse passo deve ser dado: a filiação ao PPS."

Roberto Freire, deputado federal e presidente nacional do PPS, In PPS mantém oferta de filiação a Serra, Valor Econômico, 27/9/2013

Alexandre Cardoso: 'Campos foi arbitrário ao fazer a intervenção no partido no Rio'

Adriano Barcelos

RIO - Afastado do comando do PSB do Rio de Janeiro para dar lugar ao deputado federal Romário, o prefeito de Duque de Caxias (na região metropolitana do Rio), Alexandre Cardoso, criticou ontem a cúpula nacional, que interveio no diretório fluminense sob a alegação de que ele estaria atuando contra os interesses do partido.

Para Cardoso, o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, atuou de forma "arbitrária" ao interferir no diretório. Em sua avaliação, a candidatura do governador pernambucano à Presidência está sendo construída "de cima para baixo".

Ontem, foram encaminhados ao Tribunal Regional Eleitoral os documentos sobre o afastamento de Cardoso e a composição da nova diretoria do partido. A primeira reunião sob comando de Romário será segunda-feira às 16h. O PSB fluminense espera a presença de Campos - um ato político está sendo preparado.

O novo vice-presidente da sigla no Rio, deputado federal Glauber Braga, diz que o desembarque da equipe que participa do governo Sérgio Cabral (PMDB) é fato consumado e não há hipótese de os filiados continuarem ocupando cargos no Estado. O tom agora é de enfrentamento. "Quem tinha relação com o governo Cabral era ele (Alexandre Cardoso), explica Braga, para quem "as portas estão fechadas para o PMDB do Estado do Rio, com cadeado e tudo".

Por que o PSB do Rio foi alvo de intervenção?

Todo mundo que defende o apoio a Dilma no PSB foi defenestrado. Por que o Cid (Gomes, governador do Ceará) está saindo? O PSB está tomando um caminho anti-Dilma e no segundo turno pode até apoiar o (senador) Aécio (Neves, possível candidato do PSDB à Presidência da República em 2014). Esse não é um projeto de partido para mim. Precisamos é de um projeto nacional que dê continuidade ao projeto criado por Lula.

Se Campos quer ser candidato e parte do PSB prefere apoiar Dilma, qual a saída? 

Por que a gente vai romper com o Pezão (Luiz Fernando de Souza, vice-governador do Rio)? O que não se pode é, depois de 11 anos de governo do PT, achar que é oposição no último ano. Depois de sete anos de governo Cabral, achar que é oposição no último ano. Só porque o governo está mal avaliado? Acho que não é ético.

O sr. é contra candidatura própria do PSB ao Planalto?

Não sou a favor de uma candidatura a presidente construída de cima para baixo. O Eduardo é uma pessoa competente? É. Mas foi arbitrário ao fazer uma intervenção em cima de um requerimento de duas pessoas, sendo que uma delas é permanentemente adversária da maioria no PSB. Ele não escutou a maioria. Nós temos 70% dos votos na executiva do PSB e ele escutou quem tem 10%.

Fonte: O Estado de S. Paulo

'Candidato dublê', Lula monta QG de campanha para Dilma

Petistas antecipam criação de núcleos político e de comunicação para 2014

Ex-presidente atuará como substituto de sucessora em eventos eleitorais; equipe de internet será reforçada

Natuza Nery

BRASÍLIA - A um ano das eleições, Luiz Inácio Lula da Silva designou um "destacamento avançado" para começar a estruturar a campanha de 2014 de Dilma Rousseff.

Livre das restrições legais, o ex-presidente definiu que atuará como "candidato dublê", subindo aos palanques nos dias em que sua sucessora não puder cumprir agendas eleitorais em razão das atividades no governo.

O PT também já monta a estratégia de internet.

Em reunião na Granja do Torto, no dia 13, Lula criou dois grupos, segundo a Folha apurou, para, de um lado, iniciar as discussões sobre a comunicação da campanha e, de outro, avançar nas negociações sobre os palanques.

Trata-se, conforme definiu um interlocutor, do embrião da futura campanha.

A formação foi autorizada agora, antes do prazo tradicional, dezembro. Os protestos de junho e a necessidade de alinhar apoios diante do cenário de múltiplas candidaturas rivais precipitaram a estruturação dos núcleos.

No primeiro grupo estão o marqueteiro João Santana e o presidente nacional do PT, Rui Falcão. O ex-ministro Franklin Martins (Comunicação Social) também ajudará. Eles irão traçar as primeiras estratégias de comunicação.

O segundo grupo será integrado pelo próprio Lula, Falcão e o ministro Aloizio Mercadante (Educação). Juntos, já começaram a fazer a corte aos partidos que poderão subir ao palanque da petista. Após 5 de outubro --limite para as trocas partidárias-- as conversas se intensificarão.

Até lá, o mais importante é ajudar a inflar o recém-criado Pros e atraí-lo à coalizão.
Ministros e dirigentes do PT buscam interessados em aderir ao Pros para ampliar seu tempo de TV. Do lado do governo, Dilma amplia o espaço do PMDB na Esplanada após a saída do PSB.

Falcão foi escalado para assumir a coordenação oficial da campanha. Assim como em 2010, haverá uma instância colegiada para esquematizar a ação da candidata.

Para auxiliares de Lula e de Dilma, será dada atenção especial à internet. Os dois grupos entendem que a importância da campanha na web será maior do que em 2010.

De olho nisso, o partido já busca reforços. O objetivo é ampliar o número de funcionários e se aproximar de blogueiros e ativistas digitais.

Os objetivos na internet estão definidos: produzir conteúdo próprio, para depender menos do que chamam de mídia tradicional; política de pronta resposta e, por último, fazer "guerrilha digital".

Além de transferir auxiliares para o comitê eleitoral, Dilma se despedirá de quase um terço de seu primeiro escalão. Ministros darão lugar aos secretários-executivos.

Uma das exceções tende a ser a Casa Civil. Quando a ministra Gleisi Hoffmann deixar o posto para disputar o governo do Paraná, a presidente deve nomear um substituto.

O entendimento é que a pasta precisa ser tocada por alguém de "peso político". Uma das candidatas é Miriam Belchior (Planejamento), mas Dilma, como a Folha apurou, demonstrou resistência a essa solução nas poucas vezes em que tocou no assunto.

Fonte: Folha de S. Paulo

'Muito tempo' para a eleição, pouco para a Rede

Erich Decat

BRASÍLIA - Diante das dificuldades para obter o registro do Rede Sustentabilidade no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a ex-ministra Marina Silva, provável candidata à Presidência, evitou comentar a pesquisa Ibope que apontou queda de 22% para 15% nas suas intenções de voto. Em uma breve declaração, disse que a pesquisa "representa apenas o momento e há muito tempo ainda para as eleições".

Não quis também comentar sobre a possibilidade de o resultado das últimas pesquisas, que a coloca em segundo lugar na disputa, poderem influenciar na decisão do TSE. "O que vai contribuir para a decisão do TSE é o fato de termos atendido os requisitos legais e termos as provas materiais de que temos as assinaturas suficientes para o registro da Rede", afirmou.

Marina esteve ontem novamente no tribunal, desta vez para um encontro com a ministra Luciana Lóssio. A última visita deve ser à presidente do TSE, Cármen Lúcia, prevista para ocorrer segunda-feira. "Fizemos o que fizemos com os ministros anteriores, apresentamos uma série de razões pelas quais compreendemos ser justa a nossa petição de registro da Rede. Já temos mais de 500 mil fichas e a Justiça vai se ater aos autos", afirmou Marina, após o encontro.

A análise do registro do partido Rede Sustentabilidade pode ocorrer no plenário apenas na próxima quinta-feira, dia da última sessão do tribunal antes do prazo final para criação de legendas aptas a disputar as eleições de outubro de 2014. A previsão, segundo integrantes da Corte Eleitoral, é que na terça-feira a documentação siga para o Ministério Público Eleitoral (MPE), que deverá emitir um parecer pela aprovação ou rejeição do registro.

Em tese, o vice-procurador-geral eleitoral, Eugênio Aragão, terá apenas um dia para a elaboração do documento. Ele já manifestou que sem as 492 mil assinaturas exigidas irá indeferir o processo. Após a elaboração do parecer, o assunto segue para a relatora do caso no TSE, ministra Laurita Vaz.

Caso esse calendário se confirme, os ministros do TSE terão uma única sessão para discutir sobre o registro da Rede antes do dia 5 de outubro, prazo final para a criação de partidos para que possam disputar as eleições de 2014. Dentro desse cenário, basta um ministro pedir vista do processo (ou seja, mais tempo para análise) para que a Rede deixe de ter o seu registro a tempo de disputar o próximo pleito. Isso ocorre porque, após a próxima quinta-feira, os integrantes do tribunal voltam a se reunir em sessão ordinária apenas na terça-feira seguinte, dia 8, e o prazo já teria sido ultrapassado.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Marina afirma não temer rigor do TSE em julgamento da Rede

Ex-senadora visitou ministra da corte para expor seus argumentos

Ranier Bragon

BRASÍLIA - A poucos dias de o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidir se a Rede Sustentabilidade poderá disputar as eleições de 2014, a ex-senadora Marina Silva disse ontem não temer eventual rigor dos ministros da corte na análise do registro do partido.

Para que ela consiga disputar o Palácio do Planalto no ano que vem, o TSE precisa aprovar a sigla até sábado da semana que vem. O julgamento está previsto para quarta ou quinta-feira.

Ontem, a ex-senadora visitou a ministra Luciana Lóssio. Trata-se do sexto integrante do tribunal que Marina procura nos últimos dias para apresentar seus argumentos. Ao todo, sete ministros julgarão o pedido.

"Não nos preocupamos com os que estão dizendo que [os ministros] são rigorosos. Isso é totalmente compatível e vem ao encontro do rigor que tivemos", disse a ex-senadora, para quem o partido conseguiu cumprir a regra da lei que exige a coleta mínima de 492 mil assinaturas de apoio pelo país.

"Apresentamos uma série de razões pelas quais compreendemos ser justa a nossa petição de registro da Rede Sustentabilidade. Se contabilizadas as 95 mil assinaturas anuladas injustificadamente, a Rede tem mais de 550 mil assinaturas, portanto está apta ao seu registro."

A Rede apresentou ao TSE apenas 440 mil assinaturas validadas pelos cartórios eleitorais do país, 52 mil nomes a menos do que o mínimo exigido em lei.

Na noite de ontem, o partido entregou ao TSE requerimento pedindo a inclusão de novo lote de assinaturas que, segundo a Rede, faz com que o total de nomes validados chegue a 462 mil --30 mil a menos do que o exigido.

É por esse motivo que a Rede pedirá ao TSE que adote uma postura inédita e considere válidas as assinaturas que, após análise dos cartórios, foram recusadas por alguma divergência com o banco de dados oficial.

Segundo a Rede, a motivação para a recusa desses lotes de assinatura não foi divulgada pelos cartórios, o que seria ilegal na visão do partido.

Fonte: Folha de S. Paulo

Rede de Marina demorou a iniciar coleta de assinaturas para criação de legenda

Especialistas avaliam que mobilização não foi acompanhada pela atenção à burocracia

Paulo Celso Pereira, Carolina Brígido e Isabel Braga

BRASÍLIA - Enquanto os criadores do PROS e do Partido Solidariedade esqueceram a ideologia e, agindo com o regulamento debaixo do braço, garantiram a oficialização de suas legendas nesta semana, a ex-senadora Marina Silva passou os dois últimos anos rodando o país, mobilizando milhares de apoiadores em amplos debates sobre a política nacional e o meio ambiente, mas corre o risco de ficar sem sua Rede Sustentabilidade a tempo de disputar as eleições de 2014. O motivo, segundo vários juristas e até um ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é a demora em iniciar a coleta de assinaturas.

Para dimensionar, o obscuro PROS iniciou a coleta de assinaturas ainda em 2010 e chegou ao TSE com mais de meio milhão delas validadas. Idealizado por um grupo de deputados e capitaneado pelo presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, o Solidariedade busca assinaturas de apoio desde outubro do ano passado. Para garantir as mais de 495.000 assinaturas validadas entregues ao TSE há um mês, contou com a coordenação de um advogado que já tinha criado outros seis partidos e a ajuda de integrantes da Força – segunda maior central sindical do país. Após mais de um ano envolvida no Movimento por uma Nova Política, Marina e seus seguidores começaram de fato a coletar apoios à Rede Sustentabilidade apenas em fevereiro deste ano.

- Talvez tenha ficado um pouco em cima do laço. Agora, ela está correndo contra o relógio - avalia o ministro Marco Aurélio Mello.

Em caráter reservado, a demora no início da coleta de assinaturas é apontada por outros ministros do TSE como razão da dificuldade que encontra agora para cumprir o número mínimo previsto em lei Para alguns, não seria o caso de culpar os cartórios eleitorais que não validaram parte dos apoiadores.

- É função do cartório eleitoral conferir as assinaturas, e assim fizeram para todos os partidos - disse um ministro do TSE.

Outro ministro acrescentou:

- Tentar correr para obter as assinaturas é difícil. Existe uma burocracia, que tem que ser corrigida, mas todos enfrentaram.
Aos seis dos sete ministros do TSE que visitou nos últimos dias, Marina disse que os cartórios não justificaram a recusa de 95 mil assinaturas. No tribunal, não há consenso sobre a necessidade da justificativa dos cartórios. Marco Aurélio Mello, por exemplo, acha que, se os cartórios fossem explicar os motivos de cada recusa, as listas de assinaturas demorariam muito para ser liberadas. Outro ministro que não quis se identificar considera obrigatória a justificativa por parte dos cartórios eleitorais. Esse, inclusive, deverá ser o debate que norteará a discussão da criação da Rede Sustentabilidade na próxima semana.

A contabilidade final, com os números de assinaturas certificadas da Rede Sustentabilidade serão apresentados, no início da próxima semana, para secretaria judiciária do TSE. Pela regra, as fichas coletadas pelos que querem criar um partido são levadas aos cartórios eleitorais, que conferem os dados, dizendo quantas estão válidas entre o total apresentado.

Alguns ministros, em conversar reservas, rechaçam o peso de estar tirando de Marina Silva o direito de concorrer em 2014. Lembram que se a Rede não puder ser criada agora, ela poderá concorrer por um dos 32 partidos existentes. Marina terá até a próxima sexta-feira para escolher uma outra legenda.

A ex-senadora esteve com a ministra Luciana Lóssio, completando assim o périplo pelos gabinetes de todos os integrantes da corte que devem participar do julgamento do partido na próxima semana. Afirmou que a Rede não está em busca de uma diminuição no rigor do tribunal

- Não nos preocupamos com aqueles que estão dizendo que são rigorosos. Isso é inteiramente compatível e vem ao encontro do mesmo rigor que tivemos. Descartamos 220.000 assinaturas e encaminhamos o nome de todas as pessoas que apoiaram a Rede Sustentabilidade para evitar a duplicidade - disse Marina:

- O rigor que os ministros têm, e não pode ser diferente, nós também o tivemos exatamente porque queremos que os fins estejam inteiramente alinhados com os meios.

Miro Teixeira critica cartórios

O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) comprou a causa de Marina e defende, com veemência, o direito da Rede de obter o registro. Para ele, quem não cumpriu com o dever foram parte dos 1,8 mil cartórios eleitorais que demoraram a certificar as assinaturas e não apresentaram justificativas para rejeitar 95 mil delas.

Ele enfatiza que, com a ajudar de milhares de jovens que acreditam na Rede, mais de 900 mil assinaturas foram coletadas em todo o país e o caráter nacional da nova legenda está demonstrado.

- Não é jeitinho que se pede, é justiça. Marina fez quase um milhão de assinaturas em 7 meses. Fez a triagem e entregou 680 mil assinaturas. É impressionante o volume de provas que ela tem das assinaturas.O inadimplente dos prazos são os cartórios, que são órgãos da Justiça eleitoral. Acima da lei está a Constituição do país - disse Miro, acrescentando:

- Como o tribunal vai decidir, não sei, mas a certeza do direito me leva a lutar pela Marina, ao lado de outros como Simon e Freire.

Em 2011, logo depois de anunciar sua saída do PV, Marina passou a rodar construindo o autointitulado Movimento por uma Nova Política, em entrevista chegou a dizer que o importante não era criar o partido para concorrer à eleição. “Partido se cria quando existe um projeto, uma visão política e princípios comuns. Eleição é apenas um dos aspectos da política, que deveria ser exercida, inclusive com mais intensidade, nos intervalos entre os pleitos. É neste momento em se adensam as propostas e os compromissos. No futuro, se parte desse movimento que criamos tiver densidade e profundidade para virar um partido, as pessoas que quiserem poderão até fazê-lo. Será interessante, porque inverterá uma lógica bastante comum hoje: em vez de um partido vampirizando os movimentos, será um partido fortalecendo as causas de um movimento: sustentabilidade e ética na política”, disse Marina em 2011, ao site da Revista Veja.

Fonte: O Globo

Aécio critica 'marketing' de Dilma na internet

Julio Cesar Lima

Em tom de campanha eleitoral, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) criticou o governo federal nesta sexta-feira, 27, durante entrevista coletiva em Curitiba (PR), na abertura do encontro regional do PSDB no Sul. Acompanhado do governador Beto Richa e de outros líderes partidários, Aécio disse que a presidente Dilma precisa governar ao invés fazer "marketing".

Questionado sobre os números da pesquisa Ibope que o apontam como terceiro colocado, atrás da presidente e de Marina Silva, ainda sem partido, Aécio alegou ser natural a presidente estar na frente por aparecer a todo o momento na imprensa.

"O dado que me parece relevante é de que 60 a 65% da população brasileira não quer votar na atual presidente da República, mesmo ela tendo uma exposição diária, na mídia, quase com uma lavagem cerebral, nós temos uma candidata a presidente "fulltime", marketing. O que eu percebo é um sentimento que divido com vários companheiros. O candidato que chegar no segundo turno será vitorioso, o ciclo do PT será encerrado"

Em relação aos novos partidos PROS e Solidariedade, Aécio afirmou que não houve nenhum tipo de entendimento com eles, ainda que o partido Solidariedade, comandado pelo ex- deputado federal tucano Fernando Francischini no Paraná, já converse com Beto Richa, candidato à reeleição no Estado. Ele lamentou o que está acontecendo com a Rede, de Marina, que ainda tenta o registro no TSE, e chamou o PT de "truculento", na relação partidária.

"Sempre fomos contra a portabilidade, fomos contra também à cláusula de barreiras, mas o governo federal estimulou a criação, a desidratação dos partidos de oposição e o que nós defendemos é que é preciso que haja a isonomia. A Rede, nós esperamos, possa alcançar os requisitos legais para que possa estar no jogo político. Acho que o País merece ter uma Marina Silva e um Eduardo Campos. O governo parece querer ganhar por WO por causa da truculência que usa, jamais vista no Brasil. A prioridade do PSDB é falar mais com a sociedade brasileira, é mais do que buscar alianças partidárias", disse.

Aécio também criticou o que ele considera a administração da pobreza pelo PT. "O Pnad/taxa de alfabetismo deixou de cair, a desigualdade estagnou. São dados extremamente preocupantes, um equívoco na interpretação do PT. O PT, ao meu ver, se satisfaz na administração da pobreza e se preocupa pouco na sua superação. Nós não somos contra o Bolsa-Família e no governo do PSDB o Bolsa Família não vai acabar. O Bolsa-Família para o PSDB é um começo, mas para o PT é o ponto final", disse.

Com relação ao mensalão em Minas Gerais, que já teve sua primeira condenação nesta semana, Aécio alegou "não conhecer muito e não ser a pessoa apropriada para comentar".

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio: “Candidato que chegar ao 2º turno contra Dilma vencerá eleições”

A pouco mais de um ano das eleições de 2014, o virtual candidato a presidente da República pelo PSDB, senador Aécio Neves (MG), incorporou o discurso do colega de partido e governador do Paraná, Beto Richa, que deve concorrer à reeleição. Aécio encampou as reclamações de Richa de que a gestão paranaense tem sido vítima de “perseguição” por parte do governo federal. A perspectiva é de que a dupla enfrente como adversárias a presidente Dilma Rousseff e a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, ambas do PT.

Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo na sede do PSDB em Brasília, na última quinta-feira, Aécio definiu como “asfixiante” a forma como o governo federal trata o estado na liberação de transferências. Sem citar números, prometeu “denunciar e cobrar da presidente uma ação republicana”. O senador, que é presidente nacional do partido, está em Curitiba para participar de um encontro regional da legenda.

Chico Marés

Aécio: “Candidato que chegar ao 2º turno contra Dilma vencerá eleições”

Em entrevista coletiva em Curitiba ontem, o senador Aécio Neves comentou seu desempenho recente em pesquisas de intenção de voto – nas quais aparece na terceira colocação. Ele disse que não briga com os institutos, mas que se encontra em desvantagem em relação à presidente Dilma Rousseff, que considera já estar em campanha, e a Marina Silva, que foi candidata à Presidência nas últimas eleições.

“O dado que considero mais importante, até porque aparece em todas as pesquisas, é que pelo menos 60% dos brasileiros não querem votar na atual presidente”, disse. “O candidato que chegar ao segundo turno contra Dilma vai vencer as eleições.”

Aécio também defendeu que a Rede Sustentabilidade, partido de Marina, tenha seu registro aprovado no TSE e disse que “o Brasil merece” opções dentro da oposição, como a própria Marina e Eduardo Campos (PSB).

Desde 2011, a gestão Richa vem sofrendo problemas para conseguir a liberação, por parte da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), de empréstimos nacionais e internacionais acima de R$ 2 bilhões.

Qual é a importância estratégica do Paraná para as eleições de 2014?

O Paraná, além de ser um dos principais estados brasileiros, tem um governador do PSDB com uma história como a do Beto, e por isso é um ponto de referência para nós, do ponto de vista de administração e geopolítico. Na Região Sul, é o nosso bastião mais sólido. Apesar da forma asfixiante com que o governo federal trata o Paraná, e essa é uma questão extremamente grave, o Beto tem conseguido avanços importantes. Seja no fortalecimento dos municípios, seja em programas que são referência, como o Mãe Paranaense. Nós queremos buscar algumas boas experiências da administração Beto como inspiração para a construção de um projeto nacional.

Quando o senhor fala em asfixia é porque acredita em perseguição política por parte do governo federal ao Paraná?

Eu não tenho dúvidas de que sim, que há uma perseguição política ao Paraná. Há um embate eleitoral antecipado indevidamente pelo governo federal, desde o momento em que o ex-presidente Lula lançou a presidente Dilma como candidata. Nós deixamos de ter uma presidente candidata para termos uma candidata a presidente full time. Isso contamina, obviamente, as relações estaduais. O que eu vejo é que estados com dificuldades ou com problemas fiscais muito mais graves do que o Paraná estão tendo muito mais facilidades na obtenção de recursos da União. Nós temos de denunciar e cobrar da presidente uma ação republicana.

Como o senhor vê um possível confronto entre Beto Richa e a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, pelo governo do Paraná? Haverá um tom nacional, polarizado?

Até pela história recente do Brasil, é natural que a campanha caminhe para uma certa polarização. Mas nós não devemos ter medo da polarização. Nós estamos prontos, nacional e regionalmente, para discutirmos qualquer tema. Na área econômica, que é uma questão mais nacional, nós somos os responsáveis pela estabilidade da economia, pela sua modernização, pela sua internacionalização, pela privatização de setores que deveriam ter sido privatizados e pela Lei de Responsabilidade Fiscal. O que o governo do PT fez? Flexibilizou todos esses valores. Nos estados, vamos também para o embate. Nós apostamos em um governo que apoie as pessoas, que ajude as pessoas a se desenvolver. O PT tem a lógica de um governo que faz tudo para as pessoas, um governo paternalista.

Na última propaganda partidária nacional do partido, o senhor falou em inflação, falta de logística e paternalismo do governo petista. Esse será o tripé da campanha do PSDB?

Nós vamos chegar ao final desse governo do PT com a marca da ineficiência. Ineficiência pela má gestão econômica. Ineficiência porque todos os grandes eixos de desenvolvimento, inclusive algumas obras estruturantes que dizem respeito ao estado do Paraná estão no meio do caminho. Os investimentos federais, por exemplo, no Porto de Paranaguá não existem. O governo do estado é quem tem aportado recursos lá. Eu estive recentemente no Centro-Oeste do país, e as carências de infraestrutura, que também afetam o Paraná, são as mesmas de dez anos atrás. O governo do PT quer fazer parecer normal realizar investimentos sem planejamento, sem controle algum, e as obras ficarem pelo meio do caminho. Isso não é normal.

Do ponto de vista eleitoral, o senhor acredita que quanto mais candidatos forem lançados em 2014, com José Serra pelo PPS e Eduardo Campos pelo PSB, melhor será para a oposição?

Meu papel hoje, como presidente do PSDB e não como candidato, é apresentar uma proposta alternativa à que está aí. Eu tenho confiança de que o contraponto real será o do PSDB. Agora, qualquer candidatura é legítima. Eu não ajo como o PT, que busca sufocar a criação de novas alternativas. Eu saúdo a Marina Silva se ela conseguir viabilizar o seu partido, acho que ela traz um componente importante para a disputa, assim como o Eduardo. Nós não temos que temer adversário.

Onde o PSDB errou nas últimas três campanhas presidenciais?

Ao abandonar o nosso legado. Nós precisamos ser afirmativos na defesa do que nós fizemos lá atrás. Seja na estabilidade monetária, seja na internacionalização da economia e nas próprias privatizações. O abandono dos nossos feitos foi um equívoco. E não ir para um embate com o PT na questão social talvez tenha sido outro. O DNA do Bolsa Família é do PSDB. A diferença entre nós e o PT é que, para nós, o Bolsa Família é o ponto de partida. Para o PT, é o ponto de chegada.

Fonte: Gazeta do Povo (PR)

Eduardo recebe a desfiliação do grupo Gomes

Presidente da Assembleia Legislativa do Ceará entrega desfiliação do PSB de cerca de 500 pessoas ligadas aos irmãos Gomes

João Marcelo Melo

O governador e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, recebeu ontem em seu gabinete o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, deputado José Albuquerque, que veio entregar pessoalmente a documentação de desfiliação partidária do grupo ligado aos irmãos Cid e Ciro Gomes. Deixaram o PSB cearense cerca de 500 nomes, dentre os quais quatro deputados federais, nove estaduais, 38 prefeitos (incluindo o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio) e 287 vereadores, além do governador Cid Gomes, ex-presidente estadual dos socialistas no Estado, e seu irmão, Ciro Gomes, secretário estadual de saúde.

A reunião durou cerca de 40 minutos e nem o governador nem o deputado José Albuquerque atenderam a imprensa ao final do encontro. “Transmiti ao governador Eduardo Campos os encaminhamentos que foram tomados na reunião realizada ontem (anteontem), em Fortaleza, de forma bastante objetiva e com muita tranquilidade de ambas as partes”, limitou-se a declarar Albuquerque, em nota divulgada após a reunião. Com a saída do grupo político ligado aos irmãos Gomes, o PSB cearense, que era o maior partido do Estado, se transforma em uma sigla nanica.

Ontem, na Assembleia Legislativa do Ceará, a deputada estadual Eliane Novais (PSB) ocupou a tribuna para informar que foi convidada pela direção nacional do partido para participar da “construção do novo PSB”. Única deputada da bancada de 10 socialistas que não abandonou o partido, a parlamentar comemorou a saída dos ex-colegas e afirmou que, a partir de segunda-feira, o ex-deputado Sergio Novais, seu irmão, será o novo presidente da sigla no Ceará.

O destino das lideranças que deixam o PSB torna-se agora objeto de disputa para sete partidos: PDT, PT, PMDB, PCdoB, PSD, PP e o recém-criado PROS já formalizaram convites. Este último apresenta como vantagem a impossibilidade de os ex-socialistas terem seus mandatos reclamados na Justiça Eleitoral, sob a alegação de infidelidade partidária.

Ataques

Na reunião de anteontem, o ex-ministro Ciro Gomes disse que Eduardo Campos fez uma “canalhice” ao abandonar o apoio ao governo Dilma às vésperas do prazo-limite para a filiação partidária para as eleições de 2014. Após a reunião em Fortaleza, em que foi decidida a saída do PSB, Ciro fez duras críticas a Eduardo. “Essa (de Eduardo) foi em cima da hora, calculada, com todos os requintes dele, digamos assim, de canalhice. Então vamos ter que fazer toda essa programação”, disse o ex-ministro.

Durante a reunião, Ciro Gomes teria dito ainda que o ingresso em uma nova legenda será “tão apressada como uma fuga”. Os irmãos Gomes deixaram claro que escolherão um partido que dê apoio à reeleição de Dilma. Cid Gomes garantiu ainda que só vai para “onde for convidado”.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

PT deveria se preocupar com seu governo, diz Nogueira

O deputado disse ainda que Alckmin era manso contra o crime organizado, enquanto reprimia de forma violenta manifestações nas ruas

O presidente do PSDB de São Paulo, deputado federal Duarte Nogueira, rebateu, nesta sexta-feira, 27, as críticas feitas pelo ex-prefeito de Osasco Emídio de Souza, candidato a presidente do PT paulista, sobre o governo tucano no Estado.

Durante o lançamento de sua candidatura ao comando do PT, Emídio criticou o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e, entre outras provocações, disse que fará questão de ligar para ele quando for derrotado nas eleições de 2014 pedindo que limpe as gavetas. Afirmou ainda que Alckmin era manso contra o crime organizado, enquanto reprimia de forma violenta manifestações nas ruas.

Nogueira lembrou que Emídio apoiou o deputado federal condenado no mensalão João Paulo Cunha (PT-SP) como candidato à sua sucessão, em 2012 e que, por isso, "deveria se preocupar mais com os problemas do próprio partido e do governo pelo qual é responsável o PT". Ainda segundo ele "se (os petistas) se preocupassem mais em trabalhar que em fazer campanha, o Brasil teria outro rumo hoje que não o da inflação, da falta de infraestrutura e do baixíssimo crescimento econômico", informou em nota, o tucano.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Para opositores, exposição baixa limita desempenho

Tanto Aécio Neves quanto Eduardo Campos avaliam que, agora, pesquisas beneficiam quem tem a máquina federal nas mãos

Débora Álvares

BRASÍLIA - Apesar de oscilarem negativamente na pesquisa Ibope divulgada anteontem, os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) confiam que poderão alcançar patamares mais elevados de intenção de voto quando se tornarem mais conhecidos do eleitorado. No entorno de Aécio e Campos, a avaliação comum é que ambos ainda possuem poucos instrumentos de visibilidade e este cenário deve ser mantido até julho de 2014, quando a disputa de fato começará.

Nesse sentido, tucanos avaliam que falta muito tempo até a campanha e no mesmo período em 2009 o então futuro candidato da legenda, José Serra, tinha o dobro das intenções de voto de Dilma Rousseff (PT) - que acabou sendo eleita.

"O dado que me parece relevante é de que 60 a 65% da população brasileira não quer votar na atual presidente da República, mesmo ela tendo uma exposição diária, na mídia, quase com uma lavagem cerebral. Nós temos uma candidata à presidente fulltime, marketing. O que eu percebo é um sentimento que divido com vários companheiros: o candidato que chegar no segundo turno será vitorioso, o ciclo do PT será encerrado", afirmou Aécio ontem em Curitiba, onde participou da abertura do encontro regional do PSDB no Sul.

A legenda tucana mantém a estratégia de tentar renovar a imagem do partido mostrando Aécio como um líder carismático, próximo do povo e com feitos no governo de Minas Gerais.

Tática parecida possui Campos. O governador pernambucano, no entanto, tentará se apresentar como o mais qualificado para disputar um eventual segundo turno com Dilma.

"Numa eleição em dois turnos, e tenho certeza que essa vai para o segundo turno, o desafio é passar do primeiro. Se for avaliar desse ponto de vista, a diferença do Eduardo para os outros dois candidatos (Marina e Aécio) diminuiu", afirmou o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF).

Expectativa. Mesmo com a saída formal do PSB do governo Dilma, anunciada semana passada, os petistas ainda nutrem esperanças na continuidade da aliança histórica entre as legendas. O otimismo se deve aos baixos índices de intenção de voto em Eduardo Campos - em março, conforme o Ibope, o governador tinha 3%, passando para 5% em julho e 4% na mais recente pesquisa.

Embora os porcentuais mostrem que a intenção de voto no governador pernambucano se mantém estagnada, lideranças do partido já dão como certa sua futura candidatura.

PSB e PSDB insistem que Dilma, por ocupar a cadeira presidencial, se beneficia da forte exposição diária na mídia. "Imaginava até que ela estivesse mais forte agora, se levarmos em conta a brutal distorção em termos de exposição pública, de instrumentos de mobilização de apoios dos temas do governo, inclusive na política. Por enquanto, o grau de exposição dos pré-candidatos é mínimo comparando com ela", disse o líder tucano no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), que tem acompanhado Aécio nas viagens do mineiro pelo País.

Viagens, palestras, reuniões e aparições contidas nas inserções de suas legendas na TV, são apostas de PSB e PSDB, únicas formas permitidas até meados do ano que vem para tornar os presidenciáveis mais conhecidos sem fazer campanha antecipada.

Para os petistas ,as respostas dadas por Dilma às manifestações de junho justificam a recuperação dela na pesquisa.

"Ela vem enfrentando barreiras, controvérsias e isso mostra que a presidente coloca a responsabilidade de governar em primeiro lugar. A população compreende isso", afirmou o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI).

Serra. Ontem, na capital paranaense, Aécio voltou a ser perguntado sobre as pretensões de José Serra. O senador mineiro negou que o ex-governador paulista seria uma "carta fora do baralho" na disputa presidencial e fez elogios ao correligionário.

"De forma nenhuma, é um privilégio para o PSDB ter um quadro feito o José Serra, que bom que ele está no PSDB, o que depender de nós continuará no PSDB. A minha confiança é que estaremos juntos lá na frente", afirmou Aécio. "Temos como objetivo encerrar esse ciclo do PT. O PSDB não tem a decisão de uma candidatura. Isso ocorrerá no ano que vem. A nossa unidade que nos levará à vitória. Vamos respeitar sua decisão".

Colaborou Julio Cesar Lima

Fonte: O Estado de S. Paulo

Além do STF - Marco Aurélio Nogueira

Passado o furor que acompanhou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de aceitar os embargos infringentes no julgamento do "mensalão", trata-se agora de olhar para o que sobrou: praticamente tudo.

O valor simbólico do julgamento converteu-o em divisor de águas. Ensejou a expectativa de que se tenha criado jurisprudência específica para o julgamento da corrupção nas altas esferas políticas e governamentais, onde há foro privilegiado, e nessa medida deixou no ar a sensação de que a República poderia ser mais bem defendida pelo Poder Judiciário, ou, mais especificamente, por aquele tribunal superior. A partidarização do assunto, porém, fez o processo dilatar-se no tempo, exacerbar sua dinâmica de rito sumário e caminhar cercado pela suspeita de ter sido uma peça condenatória a serviço da oposição e, ao final, de se ter posto a serviço do Poder Executivo. O que era para ter seguido trâmites processuais mais técnicos, compatíveis com essa instância judicial, ganhou uma turbulência que despiu o tema de boa parte da seriedade de que se revestira: em vez do crime cometido, foram para a berlinda os critérios e procedimentos do tribunal. Hoje não se discute mais o "mensalão", mas seu julgamento.

Apesar disso, certas práticas ancestrais de corrupção - presentes em inúmeros grandes e pequenos ilícitos cotidianos - ganharam transparência e foram desnaturalizadas. O "mensalão" foi grave não pelas quantias que movimentou ou pelos procedimentos que se adotaram, mas pelo envolvimento do primeiríssimo escalão governamental. Não foi "o maior escândalo da História", fórmula sensacionalista que só serve para turvar o entendimento. Mas demarcou um estilo de fazer política que não conta mais com espaços ilimitados de reprodução. A partidarização cumpriu aqui sua maior função: impossibilitou a plena e cabal conclusão do processo, mediante a ressignificação do ocorrido e a introdução, nele, tanto de componentes épicos de "ataque à República" quanto de argumentos banalizadores do tipo "caixa 2". Perderam-se com isso o justo meio termo, a frieza analítica, a contundência pedagógica. Os opostos abraçaram-se e, querendo ou não, converteram o episódio em algo que a todos prejudicará. Ao serem condenados, os réus condenaram também o tribunal que os julgou, o bom senso, a política e a República.

Os embargos infringentes foram superdimensionados, como se representassem a salvação dos condenados ou o completo desvirtuamento do que foi feito durante o processo. É verdade que, ao serem aceitos, projetaram o risco de que o STF negue sua condição de última instância, se sobreponha a si mesmo e passe a funcionar na base de recursos em cascata, como numa Corte estadual ou regional. O Supremo poderá transformar-se em "tribunal penal de terceira instância", observou o ex-ministro Eros Grau. Outro jurista de ponta, o professor Virgílio Afonso da Silva, lembrou que o STF raramente julga casos penais e construiu sua imagem como Casa onde se examinam relevantes e complexas questões morais ignoradas pelo Legislativo. Está havendo um ajuste nessa imagem, mas não é razoável que se dê como favas contadas o abandono da trilha seguida até então pelo Supremo.

O novo julgamento não será ruim para o País. Mostrará, ou não, que os juízes têm coerência e, se for o caso, humildade para reconhecer que erraram. Mais um rei será desnudado. Deixará claro que os réus tiveram direito amplo de defesa. Se vierem a ter suas penas reduzidas com base em novas provas e em bons argumentos de sustentação, a justiça se fará. Se for por algum cambalacho, todo mundo perceberá. E se não forem beneficiados e tudo se confirmar, ninguém poderá dizer que o STF agiu de modo atrabiliário. A maior probabilidade é que se mantenha o que já foi decidido no julgamento original. Ministros do porte dos integrantes da Corte não costumam brincar com suas decisões.

O importante, agora, é saber o que virá pela frente.

Ao evidenciar que um ilícito gravíssimo era cometido na antessala do presidente, o "mensalão" fez com que a corrupção (endêmica na vida nacional) só pudesse ser abordada de forma hiperpolitizada. Ela não pode mais ser analisada por critérios técnicos ou segundo a ética e a norma jurídica. Virou expediente eleitoral, munição para jogar os "bons" contra os "maus". O julgamento e os embargos reforçaram tudo isso.

O Palácio do Planalto emitiu, discretamente, sinas de preocupação com a passagem para 2014 de uma discussão que não é bom elixir eleitoral. A manutenção do tema na agenda não é confortável para a situação, pois as águas turvas do processo respingarão nas operações governamentais e na opinião pública. A sensação de que a Justiça olha com benevolência para os mais fortes, em detrimento dos comuns, poderá crescer, misturando-se com a convicção de que a impunidade dos "de cima" é uma cláusula pétrea, difícil de ser alterada. O novo julgamento manterá o STF politizado, partidarizado e contestado.

O pior é que o prolongamento do caso no tempo dará mais combustível para a surrada polarização PT/PSDB invadir o ano eleitoral de 2014. Ambos os partidos querem isso, pois não conseguem respirar de outro jeito. Precisam ser adversários recíprocos para encontrar alguma função política. Não estão preocupados com a sociedade ou o País, nem atentos à voz das ruas. Giram em padrão analógico, ao passo que a vida já se digitalizou. Como escreveu dias atrás no Estadão o jornalista José Roberto Toledo, "a disputa política continua rodando em falso, cada lado repetindo as mesmas acusações de sempre. A única diferença é a quantidade crescente de bile a espumar nas timelines". Impulsionado pelo moralismo de uns e pelo desejo de vingança de outros, o ódio vai escorrendo das redes para as ruas, contaminando o debate democrático.

Enquanto isso, o País, que permanece vivo, continua sem ver luz no fim do túnel.

Marco Aurélio Nogueira é professor titular de Teoria Política e diretor do Instituto de Políticas Públicas e Relações internacionais da Unesp

Fonte: O Estado de S. Paulo

Dilma digital - Merval Pereira

Que o PT está atento às novas mídias sociais é sabido desde que, nas últimas eleições, ficou claro que o partido tinha uma verdadeira organização digital dedicada a espalhar pela rede críticas e acusações aos adversários políticos. Há também um bem montado esquema de blogs pagos por verba oficial para elogiar o governo petista e tentar desqualificar os críticos, sejam eles políticos, jornalistas independentes ou cidadãos que não se vêem representados pelo governo que está aí.

Basta ver a malhação digital orquestrada recentemente contra as atrizes globais que se vestiram de preto para protestar contra o resultado do julgamento do Supremo Tribunal Federal que, aprovando os embargos infringentes, adiou para as calendas gregas o cumprimento das penas a que os mensaleiros já estão condenados.

O surgimento de José Dirceu por trás do “fenômeno” Midia Ninja, depois das manifestações de junho, e os financiamentos oficiais às atividades do grupo, mostram como o partido está atento às experiências nesse setor.

A atividade de Ricardo Augusto Poppi Martins, o assim chamado coordenador de Novas Mídias e outras Linguagens de Participação, ligado ao gabinete do ministro Gilberto Carvalho, foi revelada depois de sua participação em uma reunião na embaixada de Cuba para organizar uma campanha de difamação da blogueira Yoani Sánchez em sua recente visita ao país.

Ele viajou em seguida para Cuba onde participou de um “seminário” sobre o uso da Internet em ações políticas. Pode-se imaginar o que aprendeu por lá, num país que controla a internet para impedir a população de entrar em contato com o mundo.

Há nesse campo, portanto, ações oficiais e outras, ilegais ou clandestinas, que só demonstram como o PT está à frente dos outros partidos no uso dessas novas ferramentas virtuais. Ontem, a presidente Dilma deu novos passos para aprofundar a atuação do governo nesse campo.

“Depois das manifestações de junho, o governo está obcecado com esse negócio de midias sociais”, me disse um ministro. A presidente Dilma, no terreno pessoal, abriu uma página no Facebook, anunciou que vai usar aplicativos como o Instagram e retornou ao Twitter, que havia abandonado após a vitória na eleição de 2010.

Aproveitou um diálogo com a personagem Dilma Bolada para responder à revista inglesa The Economist, que faz sérias críticas ao governo brasileiro na sua mais recente edição. No mesmo dia, lançou o @portalbrasil, o novo site do governo federal.

O mais revelador é que, no discurso de lançamento, a presidente associou-o a outras medidas já tomadas, como Lei de Acesso à Informação ou o Portal da Transparência para dizer que o seu governo reduzir “o grau de assimetria que existe entre o cidadão e o governo, no que se refere a informações”.

Ela se disse disposta a “construir uma prática sistemática de ouvir as ruas, de ouvir o que querem as universidades, de ouvir o que querem as pessoas, a população da cidade e do campo do Brasil, dos diferentes segmentos sociais, e ouvir as redes sociais, ter com as redes sociais também uma interação”.

Continuando com a política de usar internamente a disputa com os Estados Unidos sobre a espionagem cibernética – este assunto e o “Mais Médicos” foram os temas mais lembrados pelos cidadãos ouvidos pela mais recente pesquisa Ibope que mostrou uma subida da popularidade da presidente – a presidente Dilma voltou a repisar a necessidade de “proteger” a rede social para impedir que ela se transforme “em um campo de batalha cibernético entre países”.

É evidente que o governo, qualquer governo, tem mais e melhores condições que os partidos que estão fora dele para “fazer o diabo” numa eleição, como a própria Dilma admitiu recentemente. A ideia de um governo mais aberto ao cidadão-contribuinte, e a participação pessoal da presidente nas redes sociais, é uma boa maneira não apenas de aproximar-se do eleitor, mas também de desmentir a imagem de uma gerentona inflexível e raivosa. Mesmo que não passe de puro marketing.

Fonte: O Globo

Os dedos e os anéis de dilma - Gustavo Patu

Dilma Rousseff ganhou a reputação de gerente severa, tocadora de obras e estrategista do desenvolvimentismo graças à propaganda explícita e ao persistente trabalho dos assessores anônimos da capital federal, com seus relatos mirabolantes de projetos ambiciosos e broncas nos subordinados.

Nos tempos de Lula, era mais fácil a tarefa dos que queriam acreditar na mitologia brasiliense. A mãe do PAC apresentava periodicamente balanços das obras em andamento e gráficos coloridos com setas que interligavam rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, oleodutos e linhas de transmissão de energia. Ninguém entendia nada, mas o país, afinal, estava ficando mais rico.

Virtualmente encerrado o mandato da presidente (as eleições do próximo ano já interessam mais, no Executivo e no Legislativo, que a administração do presente), sua imagem de mentora do Brasil Maior tem tanta credibilidade quanto seu diploma de doutorado em economia.

As seguidas decepções e o desalento quase definitivo com os resultados do PIB forjaram outra narrativa, a da governante sem traquejo no trato com congressistas e empresários, de medidas erráticas e improvisadas, ministério semiamador e mais ranço ideológico que pragmatismo.

Mas, se esses são os anéis perdidos, Dilma preserva o principal capital político-eleitoral herdado de Lula, com uma boa dose de contribuição pessoal. Expõe uma mensagem crível de preocupação social, em contraste com as fofocas, conchavos e escândalos de que se ocupa a classe dirigente nacional.

Ampliou em proporções inéditas as verbas para o Bolsa Família e, com dividendos menos imediatos, a educação. A pobreza e a desigualdade caíram, ainda que não tanto quanto o governo propaga; o emprego e a renda estão melhores que antes.

A manhã pode começar com a zombaria da "Economist", mas o dia termina com o crescimento no Ibope.

Fonte: Folha de S. Paulo

A retórica da pobreza e a pobreza do investimento - Rolf Kuntz

O governo tirou da pobreza extrema em apenas dois anos 22 milhões de brasileiros, disse a presidente Dilma Rousseff, em Nova York, em discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas. Se isso for verdade, essa terá sido a informação mais importante da fala presidencial - muito mais importante que a maior parte do palavrório pronunciado naquele dia por vários governantes. Falta esclarecer um detalhe: se as transferências governamentais forem interrompidas, quantas daquelas pessoas serão capazes de se manter fora da miséria? Quantas se tornaram, nos últimos dois anos, mais produtivas e menos dependentes de auxílio oficial? Nenhuma pessoa razoável se opõe a programas de socorro aos mais necessitados. Mas por quanto tempo será possível manter programas tão amplos, e com efeitos ainda pouco claros sobre a capacidade produtiva, se a economia continuar avançando tão lentamente quanto nos últimos dois anos e nove meses?

Por enquanto, as previsões mais otimistas apontam para este ano um crescimento econômico de 2,4%. Essa expansão será puxada, segundo as novas projeções da Confederação Nacional da Indústria (CNI), por investimentos 8% maiores que os do ano passado. Essa é a parte mais interessante do cenário. Se as estimativas forem confirmadas, o aumento do produto interno bruto (PIB) terá sido alimentado, em 2013, menos pelo consumo do que pela aplicação de recursos em máquinas, equipamentos, instalações diversas e obras de infraestrutura. A expansão econômica ainda será modesta, mas o potencial de crescimento será reforçado e resultados melhores poderão surgir em breve.

Mais uma vez, no entanto, o quadro fica bem menos bonito quando se examinam os detalhes. A maior parte do crescimento da produção de bens de capital - máquinas e equipamentos - foi concentrada no setor de material de transporte, especialmente de caminhões. Boa parte da expansão dependeu também da indústria de equipamentos agrícolas, pormenor facilmente explicável pelo bom desempenho da agropecuária, o setor mais dinâmico da economia nacional. Além disso, a retomada da produção de bens de capital para fins industriais pode estar perdendo impulso. Em junho, havia sido 21,4% maior que a de um ano antes. Em julho, a diferença diminuiu para 13,3%, detalhe notado no Informe Conjuntural da CNI. Essa diferença para mais pode ainda parecer considerável, mas a base de comparação é muito baixa.

No conjunto, a aplicação de recursos em bens de capital, instalações e obras de infraestrutura continuará muito abaixo da necessária para um crescimento menos medíocre, se as projeções da CNI estiverem corretas. Em 2011, a soma dos investimentos em capital fixo dos setores público e privado equivaleu a 19,3% do PIB. Em 2012, a proporção caiu para 18,1%. Neste ano, chegará a cerca de 19,1%, se o PIB crescer 2,4% e o investimento, 8%. A meta governamental, já modesta, é alcançar 24% do PIB, taxa obtida nos anos 70 e nunca repetida nas décadas seguintes. Esse objetivo parece ainda muito distante.

Não há acordo, entre os economistas, quanto ao potencial de crescimento econômico do País. O cálculo é complicado, mas o conceito é importante, porque indica o ritmo de expansão sustentável sem novos desequilíbrios. As avaliações mais sombrias indicam um limite na vizinhança de 2% ao ano. As estimativas mais otimistas ficam próximas de 4%. Nem na melhor hipótese, no entanto, a economia brasileira poderá crescer tanto quanto as mais dinâmicas da região - na faixa de 4% a 6% ao ano - sem acumular pressões inflacionárias e desarranjos nas contas externas. Poderá haver um arranque temporário, mas faltará fôlego para uma corrida prolongada.

Mesmo com o crescimento pífio dos últimos anos, o Brasil já acumulou problemas consideráveis. A inflação continua elevada para os padrões internacionais e deve continuar em alta nos próximos meses, depois de um breve arrefecimento no meio do ano. O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, reafirmou em Nova York, num encontro com investidores, o compromisso de continuar buscando a meta de 4,5%, mas ninguém pode dizer com alguma segurança quando a convergência ocorrerá. Um dos principais obstáculos, a farra das contas públicas, deve atrapalhar o combate à inflação ainda por um bom tempo. Quem espera austeridade em tempo de eleição?

Do lado externo, o cenário continua ruim. O BC reduziu de US$ 7 bilhões para US$ 2 bilhões o superávit comercial estimado para o ano. A CNI cortou sua projeção mais drasticamente - de US$ 9,2 bilhões no Informe Conjuntural de junho para US$ 1,76 bilhão no documento recém-divulgado. O BC manteve, no entanto, a previsão de um déficit em transações correntes de US$ 75 bilhões, equivalente a 3,35% do PIB. O investimento direto estrangeiro deverá chegar a 2,64% do PIB. Parte do buraco nas contas externas será coberta, portanto, por outras formas, em geral menos saudáveis, de financiamento.

Não há desastre à vista, até porque o País dispõe de mais de US$ 370 bilhões de reservas, mas a situação poderá ficar mais complicada se a confiança no País cair acentuadamente. O risco é tangível. O Cristo Redentor representado como um foguete em decolagem numa capa da revista The Economist de 2009 foi substituído, na última edição, por uma figura no rumo do desastre, depois de um voo descontrolado.

O desafio imediato, na agenda do governo, é atrair capitais privados para os grandes projetos federais de investimento. Para isso a presidente e as principais figuras da equipe econômica foram a Nova York. O resultado será visto nas próximas licitações. Mas a presidente faria bem se pusesse no alto da agenda medidas para uma recuperação mais ampla da credibilidade - a começar por uma política fiscal mais séria e sem contabilidade criativa, já desmascarada em todo o mundo.

Rolf Kuntz é jornalista

Fonte: O Estado de S. Paulo

Os inaceitáveis – Miriam Leitão

A cada Pnad o Brasil tem um sentimento misto: há avanços a comemorar e velhos atrasos de que se envergonhar. Desta vez, foi pior: o Brasil retrocedeu em alguns pontos. Na educação, o quadro é sempre ruim, mas o país estava melhorando um pouco a cada ano. Agora, houve um aumento do analfabetismo. Havia 300 mil analfabetos a mais no Brasil em 2012 em relação a 2011.

E não é estoque, é fluxo. O Brasil tem um estoque, como dizem os economistas, muito alto de analfabetos. São as pessoas mais velhas que, em décadas anteriores, foram vítimas da pouca preocupação que a educação sempre teve no país. Mas, nos últimos 20 anos, o país fez um esforço de ampliar a escolarização, programa que foi seguido ano após anos. Esse esforço tardio, mas meritório, de universalização da educação do primeiro grau foi muito bem sucedido.

O aumento do percentual e do número absoluto de analfabetos mostra descuido recente. Há analfabetismo em jovens, que foram vítimas de desatenção nos últimos anos. E isso é inaceitável. A taxa de analfabetismo vinha caindo lentamente, mas era ainda uma fonte da nossa vergonha. De 2011 para 2012 aumentou de 12,9 milhões para 13,2 milhões o número absoluto de analfabetos. O analfabetismo no Nordeste aumentou de 16,9% para 17,4%. O aumento de 0,5 ponto percentual no Nordeste foi considerado pelo IBGE como “estatisticamente pouco significativo”. Discordo inteiramente. Qualquer piora no analfabetismo é significativa. Até por razões vegetativas o número tende a melhorar. Se há piora é porque estão entrando jovens no grupo dos analfabetos. No país, como um todo, o aumento foi de 8,6% para 8,7%. Mas esse é um índice em que estamos obrigados a melhorar. A demografia ajuda a reduzir o estoque. Não podemos permitir que o fluxo de analfabetos continue sendo alimentado.

Não foi o único resultado ruim dessa Pnad, mas é o mais escandaloso. Houve um ligeiro aumento da desigualdade. Ela vinha caindo um pouco a cada ano: um fenômeno recente e alvissareiro. Mesmo assim, o Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do mundo. Desta vez, a desigualdade parou de cair e começou a subir ligeiramente. Há na área social alguns bons dados para compensar, como a queda do desemprego, aumento da renda, aumento do acesso a bens de consumo duráveis. Há fatos a comemorar. E há as vergonhas de sempre: 42,9% dos domicílios sem esgoto no Brasil. O saneamento continua sendo uma das marcas do nosso atraso.

O trabalho infantil caiu, mas ainda assim o Brasil tem 3,5 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos trabalhando. De 5 a 9 anos há 81 mil crianças trabalhando; de 10 a 13 anos são 473 mil. O número reduziu mas é sempre um espanto que permaneça sendo assim.

Aumentou a desigualdade de salários entre homens e mulheres, outro item em que temos que reduzir o hiato um pouco a cada ano. Só a melhora constante é aceitável. O rendimento médio da mulher saiu de 73,7% do salário do homem para 72,9% em um ano. O normal seria que a redução continuasse até pelo fato de as mulheres terem maior escolaridade e serem maioria no ensino universitário.

A Pnad é apenas um retrato que o país tem a cada ano do seu quadro social e já nos acostumamos com a lista de mazelas e de avanços, mas o que aconteceu nessa Pnad foi grave. O país estagnou em áreas em que estava avançando e piorou onde tudo já está atrasado demais. Os indicadores educacionais têm que melhorar porque são todos muito ruins. É natural que o Brasil melhore nos indicadores sociais; o antinatural, o inaceitável é qualquer retrocesso.

Fonte: O Globo

Painel - Vera Magalhães

Embargos infringentes
O PDT ingressará na semana que vem com recurso no STF (Supremo Tribunal Federal) para que deputados que ingressarem no Solidariedade não possam levar tempo de TV do partido. Entre os argumentos está a suspeita de fraude na coleta de assinaturas de apoio à nova legenda. Avisado por Carlos Lupi, o Planalto acompanha a manobra, que pode afetar não apenas a sigla oposicionista de Paulinho da Força, mas também o Pros, provável destino de governistas como Cid Gomes (CE).

Périplo O prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, esteve com Lupi ontem, no Rio. O presidente do PDT convidou o grupo de Cid a se filiar à legenda. Hoje, o governador do Ceará conversa com o Pros e, na terça-feira, define para que sigla ele e os aliados vão.

Occupy Marina Silva convocou cerca de cem membros da executiva da Rede para vigília em Brasília a partir de terça-feira. A ideia é que o grupo lote a plateia do TSE quando o pedido de registro do partido for votado.

#FF A reestreia de Dilma Rousseff no Twitter ontem, cercada de uma megaoperação de marketing, fez com que o perfil da presidente ganhasse 15 mil novos seguidores em apenas seis horas.

Lastro Em entrevista ao "É Notícia", da RedeTV!, que vai ao ar amanhã, Aécio Neves citou a proximidade com Armínio Fraga. Ao falar sobre risco de crise econômica em 2015, disse que, para o ex-presidente do Banco Central, a vitória do PSDB melhoraria a imagem externa do Brasil.

Dividida 1 Os painéis do lançamento da candidatura de Emídio de Souza à presidência do PT paulista, com fotos de lideranças do partido, excluíram o atual presidente da sigla, Edinho Silva.

Dividida 2 A omissão foi lida por militantes como sinal de que não haverá espaço para os dois no comando da campanha de Alexandre Padilha ao governo do Estado.

Novos... A Prefeitura de São Paulo abriu procedimento para encerrar o contrato de concessão do serviço de inspeção veicular no município, operado pela Controlar e investigado pelo Ministério Público, e pretende lançar uma nova licitação em outubro.

... ares O contrato deve ser assinado em março, segundo a Secretaria do Verde. Devem ser inspecionados 1,2 milhão de carros por ano. O serviço será pago pelo município, a um custo máximo de R$ 45 por veículo.

Choque 1 O Ministério de Minas e Energia comunicou ao governo paulista que o leilão da usina hidrelétrica Três Irmãos, hoje operada pelo Estado, acontecerá até o fim de janeiro de 2014.

Choque 2 A disputa estava prevista para setembro e chegou a ser adiada para março. A antecipação foi informada ontem ao secretário de Energia paulista, José Aníbal, pelo ministro Edison Lobão.

RSVP O PRB convidou o governador Geraldo Alckmin (PSDB) para o encontro regional do partido, que acontece hoje em São Paulo. Já os petistas, que adotaram cautela na busca pelo apoio do partido para a disputa de 2014, não devem aparecer.

Repeteco A um ano da eleição, o governo Alckmin vai adotar um novo slogan em suas campanhas publicitárias: "É com trabalho sério que São Paulo avança". Uma variação da frase foi usada para divulgar ações na saúde.

Na cola O vice-procurador-geral eleitoral, Eugênio Aragão, recomendou que o TSE acolha o pedido feito pelo PT para punir Aécio e o PSDB pela propaganda partidária tucana do primeiro semestre, acusada de promover a figura do mineiro.

Tiroteio

"O Brasil já está bolado com Dilma e ela apela para o marketing explícito. Pelo menos em algo ela acerta: seu governo é uma piada."

DE RONALDO CAIADO (GO), líder do DEM na Câmara, sobre a interação da presidente com seu perfil fake no Twitter, a 'Dilma Bolada', ontem.

Contraponto

Nação sulista

Durante sabatina do novo embaixador brasileiro no Paraguai, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) destacou a cooperação que seu Estado, Paraná e Rio Grande do Sul mantêm com o país vizinho.

--Esses três países podem contribuir muito nessa tarefa de propiciar ao Paraguai uma ascensão ao desenvolvimento --disse, se referindo aos Estados do Sul do país.

A gaúcha Ana Amélia (PP), que presidia a sessão, aproveitou o ato falho e reforçou:

--O senhor fala que são três os países amigos dada a relevância que os Estados do Sul têm nessa relação, né?

Fonte: Folha de S. Paulo

Panorama Político -Ilimar Franco

Descaso ambiental
A ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) e o presidente do Ibama, Volney Zanardi, estão perdendo a paciência com a Eletronuclear. Há dois anos Angra II foi notificada sobre a mortandade de tartarugas, que são dragadas e trituradas nas águas usadas para resfriar as turbinas. A Usina não adotou nenhuma medida de proteção e pode ter seu funcionamento suspenso.

Fim da bandalheira
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), colocará em votação, logo depois do dia 5 de outubro, o projeto que restringe a criação de partidos. Ele já foi aprovado na Câmara e seu texto impede a transferência do tempo de TV e do fundo partidário, de um partido constituído para outro novo. Isso é o que está ocorrendo agora. Quem entra nas novas legendas leva junto grana e 2’34 segundos de TV. Quando a proposta estava para ser votada no Senado, o STF concedeu liminar a pedido do PSB e suspendeu a votação. Depois disso, mesmo liberado pelo STF, Renan segurou a votação para não ser acusado de agir contra a criação da Rede, partido de Marina Silva.

“A pesquisa é irrelevante. A população não está nem aí. A presidente Dilma já tinha falado em rede nacional e só depois foi exibido o programa do PSDB”

Marcus Pestana
Presidente do PSDB de Minas e deputado sobre pesquisa Ibope

Linha de corte
O PMDB do Senado debate apresentar emenda constitucional criando a cláusula de barreira. Se for de 5%, como era na lei de 1995, a Câmara só teria oito partidos. Entre os excluídos: o PSOL de Chico Alencar (RJ) e o PV de Alfredo Sirkis (RJ).

Getúlio
O ex-presidente Lula gostou tanto do primeiro volume da biografia de Getúlio Vargas, que convidou o escritor Lira Neto para visitá-lo no Instituto Lula. Eles tiveram uma longa conversa sobre a personalidade de Getúlio e da política ao longo da história. Durante o encontro, Lira Neto entregou o segundo volume, que estava para ser lançado.

Contrabando
Integrantes da bancada do PMDB, atendendo aos conselhos regionais de medicina, querem embutir no projeto do programa Mais Médicos a criação de plano de carreira para a categoria.

Procura-se um partido
No fim de semana o governador Cid Gomes, e seu irmão, o ex-ministro Ciro Gomes, decidem o futuro partidário de seu grupo político. Mas ontem, no Rio, o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, esteve com o presidente do PDT, Carlos Lupi. O socialista ouviu do pedetista que eles seriam bem vindos e que as portas de seu partido estavam escancaradas para recebê-los.

A preferência
Os articuladores políticos do Planalto estão torcendo para que Cid e Ciro Gomes (ex-PSB) façam a opção de ingressar no PDT. Para limpar o terreno, assessores do governo tiveram uma boa conversa com o presidente do PDT, Carlos Lupi.

O marqueteiro
O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) está eufórico com seu feito de marketing na visita ao Doi-Codi. Contou que só deu “um empurrãozinho” no senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).

Osmar Dias e Benito Gama são vice-presidentes do Banco do Brasil e não da Caixa Econômica Federal, como publicado ontem nesta coluna.

Fonte: O Globo

Política – Cláudio Humberto

Aécio acerta pra Serra disputar Senado pelo PSDB
Aspirante a disputar a Presidência da República, o senador e presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), saiu otimista de conversa com seu desafeto José Serra, que ameaçava se filiar ao PPS ou PSD para concorrer ao Planalto. Durante encontro em São Paulo, Aécio acertou a permanência do ex-governador no PSDB, pelo qual ele disputará vaga no Senado na chapa de reeleição do governador Geraldo Alckmin.

Previsível
Aécio previa há meses que Serra dizia-se presidenciável para garantir a candidatura ao Senado com apoio do governador Geraldo Alckmin.

Hora é agora
A expectativa no PSDB é que José Serra anuncie a decisão de ficar no partido ainda nesta segunda (30), a tempo de negociar novas filiações.

Contratempos
Serra recuou de deixar o PSDB após encontrar dificuldades no PSD, que está alinhado com Dilma, e no PPS, que tem pouco tempo de TV.

Eminência parda
A criação do PSD de Gilberto Kassab é atribuída a Serra, que também atraiu o PPS de Roberto Freire para sua área de influência.

Fonte: Jornal do Commercio (PE

Tourrettes-sur-Loup - Ivan Alves Filho

Estou em uma aldeia de montanha fincada no topo de um vale florido desde tempos imemoriais. Salpicada de dezenas de casinhas de pedra com telhados que quas se tocam, a aldeiazinha parece feita sob medida para os silenciosos serões de inverno ao sopé dos Alpes. É o lugar ideal para quem aprecia os passeios a pé e gosta de ver o tempo fluir devagar.

Tourretes-sur-Loup nem existe direito nos mapas. Pelo menos naqueles mapas maiores, pouco detalhados, mais comuns talvez. Também pudera: vilarejo medieval encravado nos Alpes marítimos franceses, com menos de mil habitantes em seu centro histórico, Tourretes-sur-Loup é um típico lugarejo da velha Provence, a região do bem-viver da França. O que significa dizer, entre outras coisas, que a comida ali é boa e farta, a paisagem estupenda e os vinhos magníficos. Será que alguém precisa de mais nessa vida? Provavelmente não.

Na origem, Tourrettes-sur-Loup era uma fortificação, datada do século XI. Isto é, do ano mil, quando muitos acreditavam - em uma Europa então tomada por uma onda mística - que o mundo iria se acabar. Mas não foi bem assim. Já no século seguinte, os habitantes do vilarejo inauguravam uma igreja, prova de que o pior já havia passado. Os céus poderiam testemunhar. E no século XV a História registrava o fim da construção do Castelo de Villeneuve, de pé até hoje (é belíssimo e vale uma visita. É relativamente perto do centro histórico).

Todo de pedra, o vilarejo era, na verdade, um antigo leprosário. Suas ruas e ruelas, seus becos e travessas são pavimentados de pedra e de pedra também são edificadas quase todas as suas casas. Tem algo de presépio Tourretes-sur-Loup. A cidadezinha é cercada de pequenas plantações, feitas em terraços, ao velho estilo do Mediterrâneo. O clima, de tão quente, é quase tropical, com invernos pouco rigorosos.

Há muitas laranjeiras, limoeiros, oliveiras e existem até bananeiras na cidadezinha (com uma diferença em relação às mesmas plantações nas regiões tropicais: não frutificam). Nos dias de sol é possível avistar, dos pontos mais altos de Tourrettes-sur-Loup, a encantadora cidade de Nice, distante apenas 14 km de lá. Outra marca do lugar? As violetas. Tourrettes-sur-Loup é conhecida em toda a França como a Cité des Viollettes. As voltas que a História dá: com o advento das Cruzadas, as violetas são introduzidas na França, espalhando-se depois o seu cultivo por toda a Europa Ocidental. De certa maneira, uma vitória do Oriente. Foi quando alguma coisa começou a cheirar bem nisso tudo.

Os habitantes do lugarejo falam a língua francesa com um sotaque quase tão cantado quanto o dos italianos vizinhos. Um charme a mais. Aos sábados pela manhã, na feira-livre, os camponeses expõem os mais deliciosos produtos, das hortaliças às frutas de estação, dos azeites artesanais aos pães fabricados com receitas que saem do fundo da história. De dar água na boca. E os aprazíveis cafés do lugarejo vivem apinhados, praticamente o ano todo. Jovens e velhos jogam bocha na sua única praça, onde os casais de namorados (jovens e velhos também, pois o sol nasceu para todos e todas)costumam marcar os seus encontros, dar seus passeios.

Além do mais, a pequena Tourretes-sur-Loup possui uma área rural salpicada de oliveiras, árvore originária da distante Ásia Menor, onde já seria cultivada há mais de seis mil anos. Reza a mitologia que a Deusa Ísis, do Egito, a recomendava o azeite aos seus compatriotas. Quem somos nós para contrariar as deusas?

Boa parte desse arbusto (na França, a oliveira é mais um arbusto do que qualquer outra coisa) fornece a “olive de Nice”, azeitona de Nice, pequenina, muito preta, de sabor sem igual. Suculenta, presta-se como poucas azeitonas ao preparo do azeite. Em Tourretes-sur-Loup acompanhei, pela primeira vez, a elaboração do azeite de oliva. E tive vontade de chupar muita “olive de Nice” no pé, à maneira de jabuticabas.

Houve época em que eu viajava a Tourretes-sur-Loup duas vezes por ano, sobretudo quando o frio nos maltratava muito em Paris. Se me recordo bem, o sitiante instalado junto à casa onde eu costumava passar as minhas férias deixava as azeitonas descansarem cerca de seis meses em uns recipientes previamente salgados ou salinados. É a condição básica para a extração do azeite de oliva caseiro, certamente o primeiro óleo comestível do homem. Após dormitar todo esse tempo, extraía-se o seu sumo a partir de um sistema artesanal de prensas que lembrava as engenhocas de madeira utilizadas nas zonas rurais brasileiras para a extração do caldo de cana-de-açúcar. Surgia, então, diante de nossos olhos, no fundo dos encharcados vasilhames, um azeite extremamente puro, cuja coloração lembrava estranhamente a nossa garapa (se bem que esta fosse um pouco mais clara). Não era azeite, propriamente; era um néctar, tamanha a suavidade. De tomar de colher e tudo ali na hora. Feito criança que nunca comeu melado e que quando come se lambuza.

O azeite - do árabe az-zait - teria surgido na Turquia, há cerca de seis mil anos. Era utilizado, inicialmente, na iluminação. Não se sabe com precisão quando e onde passou a ser utilizado como alimento. Em Da República, Cícero lembrou que o zeloso Império Romano, proibiu "às nações transalpinas (cultivarem) oliveiras". Mas, de todo modo, Homero, Ésquilo, Virgílio e Ovídio cantaram o azeite na Antiguidade. Melhor: os Doze Juízes do Tribunal do Olimpo decidiram que a oliveira era a obra mais fantástica jamais criada na face da Terra, acatando uma sugestão de Atena, a Deusa da Razão. Quem somós nós para contrariá-la, assim o como aos juízes, não é mesmo?

Podemos ler em diversas passagens da Bíblia Sagrada que, após cear pela última vez com os seus discípulos, Jesus Cristo deslocou-se com eles para o Monte das Oliveiras. Ali, anunciou que Pedro o negaria três vezes. Denunciado logo depois por Judas, Jesus seria preso e crucificado. Mesmo assim, a oliveira simboliza invariavelmente a vida nas Escrituras Sagradas. Seria uma heresia contrariá-las. Façamos, portanto, das olivas e do seu óleo o pão nosso de cada dia.

Tourretes-sur-Loup é um cenário de filme. Difícil encontrar, em toda a França, um lugar mais pitoresco do que aquele.

Ivan Alves Filho, historiador e jornalista