quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Ala do PMDB defende antecipar convenção

Andrea Jubé

BRASÍLIA - Na reunião de hoje da cúpula do PMDB, na residência oficial do vice-presidente Michel Temer, os mais insatisfeitos vão defender a antecipação - de junho para março - da convenção do partido, que vai deliberar sobre a reedição da aliança com o PT. A hipótese de rompimento com o governo Dilma Rousseff, por causa de um sexto ministério, é considerada remota. Eventual desembarque da base aliada só é plausível caso se agravem as desavenças regionais, como no Rio de Janeiro e Ceará.

"O PMDB não vai romper com Dilma por causa de ministério, não queremos o carimbo de fisiologistas", afirma um cacique, que vai à convocação no Palácio do Jaburu. Esta liderança ressalva, contudo, que se Michel Temer - que é presidente licenciado do PMDB - perder o controle sobre os embates regionais, a aliança pode ruir.

Foi na conversa de quase três horas que manteve com Dilma na segunda-feira, que Temer ouviu da presidente que o impasse no Rio é incontornável, porque o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva insiste na candidatura do senador Lindbergh Farias (PT) ao governo. Já o PMDB cobra apoio ao vice-governador Luiz Fernando Pezão, que tem a simpatia de Dilma.

No Ceará, o PMDB quer o apoio dos petistas à candidatura do senador Eunício Oliveira ao governo, mas o aliado deve marchar com o candidato do governador Cid Gomes (Pros). Para os pemedebistas, uma sinalização de que o PT deve optar pelo Pros, é que Dilma tende a manter o Ministério da Integração Nacional com o Pros. O ministro interino, Francisco Teixeira, é afilhado político de Cid.

Na convenção nacional, os diretórios do Rio e do Ceará estão entre os quatro com maior número de delegados, que votarão a favor - ou contra - a reedição da aliança com o PT. Rio detém o maior número de votos, 74, seguido de Minas Gerais, com 60. Em terceiro lugar vem o Paraná, com 52 delegados, e depois o Ceará, com 51.

Temer vai transmitir aos demais caciques o duro recado da presidente: o PMDB não pode ganhar mais um ministério, porque ela precisa de espaço para acomodar novos aliados, como o PTB.

Sem alternativa, já que a caneta é da presidente, os pemedebistas vão avaliar a possibilidade de permuta, ou seja, em troca de pastas menos atrativas que controlam hoje, como Previdência, ou Turismo, o partido seria contemplado com a Secretaria dos Portos. A pasta, que foi da cota do PSB, tem um orçamento expressivo, porque conduz obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e está sob a batuta de um interino - Antônio Henrique da Silveira, um funcionário de carreira, egresso do Ministério da Fazenda.

Um líder pemedebista, que pediu anonimato, mostra por que eventual rompimento não interessa à maioria dos caciques do partido. "Temer tem o burro amarrado na sombra, vai romper pra quê?", e enumera as prerrogativas do vice, que assume o posto mais alto do Executivo na ausência de Dilma.

O fim da aliança não favorece outras lideranças, como os presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL), e da Câmara, Henrique Alves (RN), que contam com o apoio do governo às respectivas reeleições. Renan cobiça, ainda, o suporte do Planalto à candidatura de Renan Filho ao governo de Alagoas.

Participam da reunião da cúpula o presidente interino da sigla, senador Valdir Raupp (RO), Henrique Alves, Renan Calheiros, e os líderes na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e no Senado, Eunício Oliveira.

Fonte: Valor Econômico

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