O PT é um parceiro difícil e, convenhamos, o PMDB também não é fácil. Nunca se deram bem, entre outros motivos porque nada têm em comum: desde a origem, o jeito de agir, os personagens, as identidades; são entes feitos de massas completamente diferentes.
Ainda assim, a partir do segundo governo de Lula da Silva resolveram se casar oficialmente. Nada a ver com amor. A regra do interesse sempre foi clara: o PT entra com os lotes da administração federal e o PMDB, com a força no Congresso, resultantes de grandes bancadas conseguidas a partir da máquina partidária País afora e dos instrumentos recebidos do poder central para "fazer política".
A insatisfação entre os nubentes também sempre foi nítida. Reclamações de parte a parte, mas o reconhecimento de que precisavam um do outro.
Agora, contudo, depois de quase oito anos de convivência forçada, nada mais une um partido ao outro e quase tudo parece desuni-los. A motivação da aliança vai desaparecendo. O PMDB não recebe do PT os mecanismos considerados eficientes para "fazer política" - ministérios com dinheiro, obras e visibilidade - e por isso mesmo o partido está cada vez menos disposto a ceder palanques aos petistas nos Estados.
Teme perder esse espaço que lhe assegura peso congressual, deixando de eleger grandes bancadas. Nas contas para governos estaduais, os pemedebistas por ora vislumbram chance de vitória em Rondônia, Amazonas, Ceará e Bahia. Pouco para uma legenda cuja força é regional e precisa cuidar dessa seara.
O PMDB quer o Rio de Janeiro e em Minas já faz movimentos em direção ao PSB. Como ninguém atende ao interesse de ninguém nessa aliança, é de se perguntar o que ainda os une além do desejo de Michel Temer de ser vice, de Henrique Alves e Renan Calheiros de presidir mais uma vez a Câmara e o Senado.
O partido como um todo anda indisposto a se manter fiel a projetos individuais de expectativas não realizadas. Percebe o risco à sobrevivência do coletivo e chegou à conclusão de que onde houver os chamados palanques duplos Dilma e Lula darão preferência ao PT, deixando o PMDB no ora veja.
Como, aliás, já fizeram em outros carnavais.
Aposta real. Parecia blefe, mas a insistência do PMDB em manter candidatura própria ao governo do Rio de Janeiro é "à vera". Pelo seguinte: o partido tem certeza de que o vice-governador Luiz Fernando Pezão chega ao segundo turno.
Conta com as máquinas no Estado e da Prefeitura e não seria contaminado pelo desgaste do governador Sérgio Cabral exatamente pelos atributos opostos aos que fizeram Cabral ser mal avaliado: deslumbramento, imprudência e arrogância.
Pezão é bem quisto, pé de boi e refratário a excessos sociais. O PMDB acha que, partindo do patamar de 25% de aprovação de Cabral, o vice multiplica o patrimônio assim que o governador se afastar da cena.
Sobre os adversários a avaliação é a seguinte: PSDB e PSB estão fora do páreo. No campo governista, Anthony Garotinho e Marcello Crivella têm boa largada, mas teto insuficiente para uma boa chegada. Lindbergh Farias, do PT, não deslanchou ainda.
Verdade seja dita, em boa medida por ação de Cabral junto a Lula para que o PT não saia do governo e, assim, impeça o petista de fazer oposição contundente ao PMDB.
Mal menor. O PSDB não vê grandes danos na adesão do PPS ao PSB (agora ameaçado pela resistência de Marina Silva em apoiar Geraldo Alckmin em São Paulo).
Significa apenas 15 segundos de acréscimo na propaganda eleitoral, enquanto boa parte das alianças nos Estados está acertada entre os tucanos e Eduardo Campos. Notadamente para o segundo turno, onde houver.
Fonte: O Estado de S. Paulo
O PMDB é um bom partido, e no governo aqui do Rio foi feito um bom trabalho, acho justo a candidatura do Pezão!
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