“O ressentimento social começou a se tornar evidente já no regime militar e cresceu muito no imediato período pós-ditatorial. O claro uso eleitoral do ressentimento acumulado, na campanha de 2002, deu status político e legitimidade à concepção de que o Brasil é um país de opostos, dos que lesam e dos que são lesados. A retórica de um partido dos pobres contra a opressão e os privilégios de um partido dos ricos, que dominam e exploram há 500 anos, alcançou todos os temas possíveis: raça, cor, classe social, religião. Mesmo criminosos incorporaram essa linguagem e essa mentalidade como referência da legitimidade de seus crimes, vingança dos pobres contra os ricos, dos excluídos contra os incluídos, dos que não podem contra os que podem, dos que não têm liberdade contra os que a têm.”
José de Souza Martins, “Ressentimentos oportunistas”. O Estado de S. Paulo / Aliás, 12 de janeiro de 2014
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