“As manifestações têm-se sucedido. Vão de rolezinhos a espasmos cívicos e protestos contra a Copa. Em todas, as agendas são idênticas: transparência, respeito a direitos, reconhecimento, espaços de lazer, mobilidade urbana, outra política. Em todas, o despreparo policial desaba sem muito critério sobre as multidões e se faz acompanhar de uma violência "simbólica" que o reverbera e amplifica, adicionando a ele o despreparo dos manifestantes. Destaca-se a tragédia da hora, esquecem-se as mortes enfileiradas ao longo dos anos, o cotidiano pesado, a falta de perspectiva dos jovens, o ambiente sociocultural que não agrega. Joga-se luz sobre os violentos sem que se expliquem as raízes da violência e o porquê de ela estar-se convertendo em opção de vida.”
Marco Aurélio Nogueira é professor titular de Teoria Política e diretor do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais da UNESP. “Vácuo e descontrole”. O Estado de S. Paulo, 22 de fevereiro de 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário