RIO DE JANEIRO – Em resposta à candidatura do senador Lindbergh Farias (PT) ao governo do Rio de Janeiro, o PMDB do estado deverá aprovar em convenção a rejeição à reeleição da presidente Dilma Rousseff e o apoio ao tucano Aécio Neves. O presidente regional do partido, Jorge Picciani, disse ontem que a proposta é apoiada pela maioria dos integrantes da legenda com voto na convenção. Segundo Picciani, a candidatura de Lindbergh inviabiliza o apoio do PMDB-RJ a Dilma, porque o partido não aceita palanque duplo para a presidente. Lindbergh foi lançado candidato no sábado, com festa na quadra da escola de samba Salgueiro.
O candidato do PMDB à sucessão do governador Sérgio Cabral é o vice, Luiz Fernando Pezão, que assumirá o governo em 3 de abril. Apesar da movimentação do comando estadual do partido para deixar Dilma e apoiar Aécio, Cabral e Pezão tornaram público o apoio à reeleição da presidente. O presidente do PMDB-RJ disse que a convenção fluminense está marcada para junho, mas poderá ser antecipada, para formalizar logo o apoio a Aécio. "Eu sempre disse que sou contra a tese do palanque duplo. Nós sempre defendemos a reeleição da presidente Dilma, mas, se não houver reciprocidade no Rio, com apoio do PT a Pezão, vou encaminhar contra o apoio a Dilma. Minha posição é afunilar o mais rapidamente para a candidatura de Aécio", afirmou Picciani.
Picciani afirmou que a rejeição ao palanque duplo também vale para Aécio e, se o PMDB fechar com o PSDB, espera que o candidato tucano à Presidência da República faça campanha apenas ao lado de Pezão. "O governador Aécio tem todo o direito de buscar candidatos e um palanque no Rio. Se o PMDB do Rio, de forma majoritária, optar pelo apoio a ele, acredito que ele conduzirá o PSDB para nossa aliança", declarou.
Coordenador da campanha de Pezão, Picciani disse que tem evitado tratar da retirada do apoio a Dilma com Cabral e Pezão, já que eles apoiam a presidente. "Vou aguardar o tempo deles", afirmou. Com 15% dos votos, o PMDB-RJ deverá votar em peso contra o apoio a Dilma também na convenção nacional, apesar de o vice-presidente Michel Temer ser do partido. Picciani reconhece, porém, que "não quer dizer que será decisivo" e a tendência do PMDB nacional é manter a aliança com Dilma.
Cabral deverá ser candidato ao Senado, mas a formação final da chapa de Pezão dependerá dos acordos com outros partidos, segundo Picciani. Outra opção é ser candidato a deputado. "A candidatura inamovível é a de Pezão. Cabral vai fazer o que for melhor para a candidatura de Pezão, para o partido, para o estado. O governador é líder do partido, colocou seu nome à disposição. Ninguém tem mais preocupação com o destino do Rio de Janeiro do que Cabral", disse.
"Boquinha". Picciani reclamou dos ataques de Lindbergh ao governo Cabral e ironizou a saída do PT do governo do estado, depois de sete anos de aliança. O PT tinha duas secretarias, de Meio Ambiente e de Assistência Social e Direitos Humanos, entregues no mês passado. "Foi difícil para eles sair da boquinha, foi uma decisão sofrida", provocou. "Eles vêm batendo muito em nós e nós não fazemos isso com o governo Dilma", disse o dirigente peemedebista.
Ataques à economia
A cerimônia de lançamento da candidatura ao governo de Pernambuco do secretário da Fazenda, Paulo Câmara (PSB), serviu também para uma série de alfinetadas à presidente Dilma Rousseff, provável adversária do governador Eduardo Campos (PSB-PE) na eleição presidencial de outubro. Ontem, no Recife, em um auditório lotado de prefeitos, vereadores, líderes partidários e pessoas passando mal de tanto calor, Campos afirmou que o Brasil cresceu somente até 2010, último ano do governo do ex-presidente Lula. "Hoje, o Brasil vive, há três anos, com um baixo crescimento econômico, metade do que cresce a América Latina e metade do que cresce o mundo, diferente do período anterior", disse o governador.
Fonte: Estado de Minas
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