Grasielle Castro
Durou pouco o clima de cooperação entre o Planalto e os parlamentares. Ontem, os líderes da base na Câmara voltaram a se reunir com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, para tentar recolocar o carro nos trilhos. Mas nem as três horas de reunião, que contou ainda com os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e do Planejamento, Miriam Belchior, o presidente em exercício, Michel Temer, além de líderes de partidos da oposição, foram capazes de conter os ânimos. A principal reclamação continua a ser o jeito com que a presidente Dilma Rousseff conduz a articulação política. Apesar de Ideli garantir que o único rompimento de diálogo que houve foi devido ao recesso, os deputados prometem continuar irredutíveis.
As negociações com o principal partido aliado, o PMDB, devem continuar travadas, e a ameaça de um bloco paralelo de aliados segue iminente. Ao cobrar a presença do líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), nas reuniões de colegiado, Mercadante ouviu que a decisão é da própria bancada. Cunha afirmou que vai se manter distante. Uma das principais queixas do líder é a relatoria do projeto que cria o Marco Civil da Internet. De acordo com Ideli, o pedido de urgência não será retirado e, se for preciso, o governo colocará a proposta para votação mesmo sem acordo. Também coube ao ministro da Casa Civil criar outro clima de tensão na reunião. Foi o ministro que disse ao líder do Pros, Givaldo Carimbão (AL), que o governo não tem como acomodar todos os aliados em cargos e ministérios.
Em meio ao clima de insatisfação, Temer tentou costurar um acordo de uma pauta viável para votação. Ainda assim, nada foi fechado. Os líderes participarão de outra reunião para decidir o que fazer. Enquanto isso, o governo promete azeitar a relação. De acordo com o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), cerca de 13 ministros das áreas com grande volume de obras de políticas públicas, como Saúde e Educação, comparecerão à liderança para atender a demanda dos parlamentares. Em outra frente, Ideli acrescenta que o Planalto retomará o ritmo que teve no ano passado. Ela ressalta que, após as manifestações de junho, a presidente melhorou a relação com o Congresso e, em um mês, chegou a receber os líderes até três vezes. "O que todos os partidos querem é que a gente estreite melhor a relação até porque o ano legislativo é muito curto", resumiu a ministra.
Fonte: Correio Braziliense
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