quarta-feira, 12 de março de 2014

Bancada do PMDB na Câmara aprova moção de apoio a Eduardo Cunha

Deputados aprovaram também parâmetros de comportamento do partido na Câmara, acenando com uma declaração de independência nas votações

Paulo Celso, Isabel Braga e Cristiane Jungblut

BRASÍLIA - Por unanimidade, a bancada do PMDB na Câmara aprovou no início da tarde desta terça-feira uma moção de apoio ao líder do partido, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Em evidente resposta à tentativa do Palácio do Planalto de isolar o deputado, mais de 50 peemedebistas avalizaram o texto que qualifica os ataques a Cunha como se fossem ao partido.

"Os ataques ao nosso líder são ataques ao PMDB. A bancada manifesta sua solidariedade ao deputado Eduardo Cunha e reafirma a confiança nele depositada", diz o texto.

Na nota, os peemedebistas afirmam ainda que a "harmonia e coesão" da bancada" incomodam outras forças políticas que flertam com projeto hegemônico de poder". Segundo eles, essas forças políticas "têm tributado ao nosso líder (...) ataques e agressões que extrapolam o patamar da civilidade em quaisquer das relações, e, particularmente, nas relações políticas onde o respeito e a cordialidade são fundamentais e imprescindíveis à democracia”.

Além da moção de apoio a Eduardo Cunha, os deputados aprovaram também uma nota que estabelece alguns parâmetros de comportamento do partido na Câmara, acenando com uma declaração de independência nas votações. Segundo o deputado Leonardo Picciani (RJ), o debate na reunião fechada foi muito tenso, com muitas críticas ao vice-presidente Michel Temer, por causa de suas declarações de ontem de que a aliança nacional com o PT está "garantidíssima".

A nota tem cinco pontos, entre eles: a interlocução com a bancada do PMDB da Câmara deve ser feita somente por meio do líder Eduardo Cunha; a bancada não indicará novos nomes para substituir ministros do governo Dilma; vai analisar todos os projetos do governo em tramitação, antes de qualquer compromisso com a votação; e pede a convocação da Executiva Nacional do partido para discutir a atual crise. É, na verdade, mais um documento de desagravo ao líder Eduardo Cunha, por ele ter sido "vítima de agressões despropositadas do PT".

- Trata-se de uma declaração de independência - disse Picciani.

Eduardo Cunha já antecipou sobre o relacionamento com a presidente Dilma:

- Se ela quiser ouvir a bancada da Câmara, vai ter que ouvir a bancada.

Ao chegar nesta tarde na Câmara, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) disse que está mantido como primeiro item da pauta nesta terça-feira o requerimento requerimento de criação da comissão externa para investigar denúncias contra a Petrobras na Holanda.

- Essa pauta já é de quinze dias atrás. É o primeiro item da pauta de hoje - afirmou Alves.

Após reunião de Henrique Alves com líderes partidários, a maioria decidiu pôr em votação hoje à noite no plenário o requerimento. A expectativa é que este seja o primeiro item da pauta da sessão extraordinária.

Na reunião, o líder do governo, Arlindo Chinaglia, apelou, argumentando que dirigentes da Petrobras irão ao Congresso amanhã, para prestar todos os esclarecimentos, mas não convenceu a maioria dos líderes.

- Espero que se pense na importância da Petrobras - disse Chinaglia.

Mais cedo, indagado sobre a tentativa do governo ou até do PMDB de isolar o líder do partido Eduardo Cunha, Henrique Alves disse:

- Não é possível isolar o líder de uma bancada de 76 deputados. Pode haver, às vezes, dificuldade.

Mas isso não passa pela cabeça do PMDB.

Alves também comentou a frase da presidente Dilma Rousseff de que a relação com o PMDB "só dá alegrias":

- A relação é sim alegre. É lógico que em um governo desse tamanho e numa relação entre dois partidos tão grandes há problemas. Mas a relação com ela (Dilma) está boa.

Fonte: O Globo

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