quarta-feira, 12 de março de 2014

Câmara derrota governo e aprova comissão para investigar Petrobras

Fábio Brandt e Raphael Di Cunto

BRASÍLIA - Em meio à insatisfação dos aliados com o governo federal, a Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira, 11, a criação de uma comissão externa para investigar o suposto pagamento de propina a funcionários da Petrobras. O governo se posicionou contra a apuração e tentou obstruir a votação para derrubar o quórum, mas deputados do PT, PDT, PP e Pros que não seguiram a orientação do líder ajudaram a derrotar o Palácio do Planalto.

O requerimento foi aprovado por 267 votos a 28. A comissão vai investigar a denúncia de que a multinacional holandesa SBM Offshore, que constrói plataformas de produção de petróleo em cascos de navio (FPSO), pagou propina para funcionários de empresas de vários países, entre elas a Petrobras, para obter contratos. O suposto suborno é alvo de investigação na Holanda, nos Estados Unidos e na Inglaterra.

Além da oposição (PSDB, DEM, SDD e PPS), que assinou o requerimento, apoiaram a criação da comissão PMDB, PR, PTB e PSC. Horas antes da votação, o PMDB reafirmou sua posição de independência e a disposição de não mais indicar ministros para o atual governo, que tentou isolar o líder da bancada, Eduardo Cunha (RJ), nas negociações.

Negociação
O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT), reuniu-se com líderes do PP, PCdoB, Pros, PSD e PDT, que formavam um “blocão” com PMDB, PR e PTB, para tentar adiar a votação do requerimento. Segundo apurou o Valor PRO — serviço de informação em tempo real do Valor —, um dos motivos para o Pros ter desistido de ajudar a oposição foi a sinalização de que o ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, ligado ao governador do Ceará, Cid Gomes (Pros), permanecerá no cargo em 2014.

“Não batemos o martelo nisso [manutenção do ministro], mas avançamos muito”, disse um deputado do Pros que participou da reunião.

Os partidos que antes compunham o blocão tentaram ajudar o PT a obstruir a votação e derrubar a sessão por falta de deputados presentes, mas traições nas bancadas fizeram com a estratégia não desse certo.

O governo também ofereceu a visita dos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, à Câmara para tentar dar informações sobre o caso. A tentativa de adiar a votação para um dia em que a Câmara estaria mais esvaziada, porém, não deu certo.

Fonte: Valor

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