quinta-feira, 6 de março de 2014

Centrais preparam marcha para fazer pressão no governo

Presidente da Força Sindical afirma que pauta dos trabalhadores 'não andou nada'

SÃO PAULO - Diversos sindicatos programam passeatas em todas as capitais do país entre o fim de março e o começo de abril.

As manifestações pelos Estados antecedem a Marcha dos Trabalhadores, marcada para o dia 9 de abril, em Brasília. Em São Paulo, prometem atos na praça da Sé e na avenida Paulista.

Segundo o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, os eventos foram programados para divulgar a pauta trabalhista "que não andou nada nos últimos quatro anos". Na lista de reivindicações, estão a jornada de 40 horas semanais e o fim do fator previdenciário.

Em fala repleta de críticas ao governo, Torres diz que os sindicatos estão vendo um risco de "o trabalhador perder direitos".

Segundo ele, um dos pontos que mais preocupam as centrais é uma eventual revisão no cálculo do reajuste do salário mínimo.

A regra atual determina que o mínimo seja calculado com base na variação do INPC mais ganho real correspondente ao crescimento da economia registrado em dois anos anteriores. "Setores mais conservadores do governo trabalham para mudar essa fórmula", afirma.

"Seria um erro. Foi o cálculo do mínimo com base no crescimento do PIB que impediu o país de entrar numa crise econômica."

Torres afirma que "não só a Força", mas todas as centrais têm críticas ao governo.

"Infelizmente, a presidente Dilma se afastou completamente dos movimentos sociais. Nós tínhamos a esperança de continuação do Lula, mas ela se afastou totalmente", diz.

Ele diz ainda que diversas centrais sindicais preparam um documento --que enumeraria suas principais reivindicações-- para entregar aos três pré-candidatos à Presidência mais bem colocados nas pesquisas: a presidente Dilma Rousseff (PT), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Eduardo Campos (PSB-PE).

Dirigente mais famoso da central, o deputado Paulinho do Força (SDD-SP) aliou-se a Aécio Neves na corrida presidencial. Torres diz que "diversas correntes" eleitorais têm representação na central sindical e que o apoio de Paulinho a Aécio é pessoal.

Torres afirma ainda que as centrais também se posicionarão contra o projeto de lei que pretende coibir violência nas manifestações.

A pedido do Planalto, a proposta está sendo elaborada pelo Ministério da Justiça e prega o endurecimento de penas a quem pratica vandalismo e agressões nas passeatas.

"É irônico que quem sofreu com a ditadura, sofreu com a perda de liberdade, proponha hoje uma lei que tira direitos. Ela [a presidente] pôs na cabeça que não pode ter manifestação. Mas não é com lei que vai resolver."

Folha Online

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