quinta-feira, 27 de março de 2014

Na Venezuela, deputada opositora denuncia ‘cúpula podre’ e diz que defenderá mandato

María Corina Machado foi destituída do cargo pela Assembleia Nacional na segunda-feira

CARACAS — De volta a Caracas, María Corina Machado, deputada destituída do cargo pela Assembleia Nacional, afirmou em discurso na Praça Brión, no leste da capital, ser vítima de perseguição por parte do governo. Na segunda-feira, María Corina foi afastada após participar como representante suplente do Panamá em uma reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA).

— Eu sou deputada porque é o que o povo da Venezuela quer e assim seguirei até que o povo não queira mais — afirmou a parlamentar, que prometeu defender seu posto na Assembleia. — O único que pode me destituir é o povo, não a cúpula podre dirigida por Diosdado Cabello.

Nesta quarta-feira, María Corina voltou ao país acompanhada de três parlamentares peruanos e criticou Cabello, que afirmou na terça-feira que ela poderia ser presa a qualquer momento.

“A ira provocada pelo regime, que está perdido, leva a cometer graves erros. Cada novo erro confirma ao mundo que há ditadura na Venezuela”, escreveu no Twitter a deputada.

Segundo o presidente do Legislativo e número dois do chavismo, Diosdado Cabello, ela perdeu sua imunidade parlamentar e pode ser detida pela Justiça. Mas um de seus advogados afirmou desconhecer qualquer ordem de prisão.

— Não temos informação de nenhuma ordem de detenção contra a deputada — informou José Amalio Graterol.

A Praça Brión foi palco há mais de um mês da entrega à Justiça de Leopoldo López, um dos símbolos da oposição radical, acusado pelo chavismo de fomentar a violência nos protestos vividos pelo país desde 4 de fevereiro, com um saldo de ao menos 36 mortos e mais de 400 detidos. López, um jovem economista que estudou em Harvard, agora passa seus dias em uma pequena cela da prisão militar de Ramo Verde, nos arredores de Caracas.

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