quinta-feira, 13 de março de 2014

Protestos antigoverno deixam mortos e feridos na Venezuela

Guarda Nacional Bolivariana tenta dispersar manifestantes em várias cidades do país

Em Caracas, polícia lança gás lacrimogêneo contra estudantes

Organizações estudantis convocaram mobilização no dia em que se completa um mês de manifestações contra Maduro

CARACAS — No dia em que se completa um mês de manifestações contra o governo do presidente Nicolás Maduro, protestos em várias cidades da Venezuela registram ao menos três mortos e nove feridos nesta quarta-feira. Em Caracas, cerca de 3 mil estudantes tomaram as imediações do centro da cidade decididos a chegar até a Defensoria Pública, mas foram impedidos de continuar a marcha pela Guarda Nacional Bolivariana (GNB), que lançou gás lacrimogêneo contra os manifestantes.

No Twitter, opositores indicaram que o protesto é acompanhado por forte policiamento. As manifestações acontecem também em cidades como San Cristóbal e Mérida.

— Estamos há um mês nas ruas e continuamos exigindo a liberdade absoluta dos companheiros detidos; que se dê uma resposta aos caos de tortura; e exigimos castigo aos responsáveis pelos assassinatos cometidos este mês — disse Hilda Ruiz, dirigente estudantil da Universidade Central.

O estudante Jesús Enrique Acosta, de 20 anos, e o capitão da GNB Ernesto Bravo Bracho morreram a tiros durante confrontos na cidade de Valencia. Guillermo Sánchez, de 42 anos, foi baleado enquanto pintava sua casa. O governador Francisco Ameliach usou as redes sociais para anunciar a morte do capitão, chamando os manifestantes de “grupo de terroristas”.

Mais cedo, organizações estudantis convocaram uma grande mobilização apesar da proibição de Maduro que afirmou que “opositores não entrariam no centro de Caracas”. A mobilização foi marcada para o mesmo lugar onde, no sábado e segunda-feira, as forças de ordem impediram a realização de manifestações.

Há um mês, no dia 12 de fevereiro, após um apelo das organizações estudantis, Caracas foi tomada por um dos maiores protestos opositores da história, acompanhado por manifestações em San Cristóbal (oeste) e em outras cidades do país.

O chanceler venezuelano, Elías Jaua, reafirmou na terça-feira que o governo enfrentou uma tentativa violenta de golpe, que já foi neutralizada.

— Vim representando Maduro, que, como todos sabemos, está enfrentando uma tentativa violenta de golpe que já neutralizamos — declarou aos jornalistas ao chegar no Chile, para a posse de Michelle Bachelet.

O chefe de Estado venezuelano suspendeu de última hora sua viagem para participar na cerimônia de posse.

Quase 100 jornalistas atacados no último mês
Quase uma centena de jornalistas, incluindo 28 correspondentes estrangeiros, sofreram com detenções arbitrárias, roubos e agressões físicas durante o mês de protestos, de acordo com o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP).

“Até 11 de março, 97 trabalhadores da imprensa foram vítimas de ataques por membros da segurança do Estado, civis armados e manifestantes”, disse Marco Ruiz, secretário-geral do SNTP.

Como vários jornalistas foram agredidos mais de uma vez, a lista de ataques do SNTP ultrapassa 120, segundo um comunicado. Caracas e outras cidades venezuelanas, como Mérida, Valencia, Barquisimeto e Maracay, registram há um mês protestos da oposição, muitos deles com incidentes violentos, que deixaram 23 mortos e mais de 300 feridos.

“A maioria das agressões contra os trabalhadores da mídia durante este mês foram realizadas por funcionários do Estado, num total de 61 casos”, acrescentou o relatório.

Fonte: O Globo

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