segunda-feira, 17 de março de 2014

Ricardo Noblat: A eleição dos vices

“É zero a chance de Marina não ser candidata a vice de Eduardo” Beto Albuquerque, líder do PSB na Câmara dos Deputados

“Então temos um acordo?”, perguntou Eduardo Campos, governador de Pernambuco, à Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente, com quem conversava há mais de cinco horas em um apartamento do Setor Sudoeste, em Brasília.

Era tarde da sexta-feira dia cinco de outubro último. A Justiça Eleitoral negara registro à REDE, partido que Marina tentara criar. A pergunta de Eduardo ficou sem uma resposta direta.

Foi a vez de Marina perguntar: “E se Lula for candidato? Você manterá sua candidatura?” Campos respondeu que manteria.

Estava à vontade para responder assim à Marina por que consultara Lula em São Paulo antes de decidir ser candidato pelo PSB à vaga da presidente Dilma Rousseff: “O senhor será candidato?” Lula respondeu: “Não”. Campos, então, disse: “Eu serei”. Lula tentou demovê-lo. Em vão.

Marina deu por fechado o acordo com Campos. No dia seguinte, o acordo tornou-se público durante uma entrevista coletiva concedida pelos dois.

Marina e sua turma se filiaram ao PSB. Campos comprometeu-se por escrito em defender durante a campanha eleitoral os principais pontos do ideário da REDE. Quanto a Marina sair de vice dele... “Se isso for importante”, condicionou Marina. “É, sim”, retrucou Campos.

O anúncio de que Marina será candidata a vice está por semanas. Enquanto isso, ela e Campos afinam os discursos.

“O governo Dilma é a denúncia mais contundente do fracasso do atual sistema político brasileiro”, analisa Marina. “É um governo não de programas, mas de elementos de força e favor. Não corresponde ao interesse de governo e de país”. Campos traduz: “O Brasil não aguenta mais quatro anos de Dilma”.

Esta poderá vir a ser a eleição dos vices. Aquela onde o peso deles valerá tanto ou mais do que o peso dos candidatos a presidente.

Na revista ÉPOCA desta semana, o repórter Diego Escosteguy revela que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso talvez seja o candidato a vice na chapa de Aécio Neves. FH de vice era um sonho alimentado por Aécio, apenas um sonho. Deixou de ser.

FH autorizou o PSDB a testar seu nome por meio de pesquisas que começaram a ser aplicadas em São Paulo, Ceará e Rio Grande do Sul.

São Paulo é o maior colégio eleitoral do país. Se ali FH ajudar Aécio a derrotar Dilma com larga vantagem, tudo indica que o desfecho da eleição ficará para o segundo turno. E que Aécio terá lugar nele catapultado principalmente pelos votos de São Paulo e de Minas Gerais.

Marina e FH, dois vices inimagináveis até outro dia.

E Lula de vice de Dilma, que tal? Absurdo? Mera especulação? Ou você pensa que o PT seria capaz de ir para a forca sem oferecer resistência?

O movimento pela volta de Lula só faz crescer dentro do PT e dos partidos que apoiam o governo.
Lula candidato a presidente passaria a impressão de que Dilma não fizera um bom governo. Lula candidato a vice, não.

Fonte: O Globo

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